Há Festa no Céu!
O que estamos passando para as crianças? As noções bíblicas do Céu ou magia?
Ao participar de uma reunião trimestral da Escola Sabatina (escola bíblica voluntária mantida nas igrejas adventistas em todo o mundo aos sábados), uma professora me procurou e perguntou se eu já havia ouvido falar de um filme produzido para crianças chamado Festa no Céu. Como professora da rede pública, ela contou que as classes eram incentivadas a assistir ao desenho no cinema, porque era uma forma prática de tornar conhecida aos alunos a cultura mexicana.
Quando voltei para casa, pesquisei um pouco a respeito e a primeira coisa que me chamou a atenção foi o título original em inglês: The Book of Life, ou seja O Livro da Vida. Título no mínimo curioso. Você conhece outro livro da vida a não ser o mencionado na Bíblia? Em um levantamento rápido, encontrei várias passagens que se referem a ele, sendo que a maioria está no livro de Apocalipse. Alguns dos personagens que o mencionaram foram Moisés (Êxodo 32:32), Daniel (7:10; 12:1), Jesus (Lucas 10:20); Paulo (Filipenses 4:3) e João (Apocalipse 3:5; 13:8; 17:8; 20:12, 15; 21:27).
Como soaram doces as palavras que ouvi em minha infância de que meu nome estava no livro da vida porque tinha aceitado a Jesus como Salvador e havia me decidido a viver por Ele! Era assim que as crianças eram ensinadas.
Mas agora um filme toma emprestado da Bíblia esse nome para apresentar uma história diferente para as crianças desta geração. Para que você não fique curioso e ansioso para assistir “apenas” com a finalidade de fazer uma avaliação, vou ajudá-lo a poupar esse trabalho. Assim, você poderá utilizar o dom precioso do tempo fazendo coisas com sua família que contribuirão para que os nomes de vocês permaneçam nesse livro.
O desenho começa com garotos mal-educados que, como castigo, vão visitar um museu. A esperta guia lança a isca ao dizer: “Vocês não são como as outras crianças. Precisam ver algo especial.” Então surge uma porta mágica na parede, em forma de caveira, que as conduz a um compartimento secreto, onde está o “Livro da Vida”. Fazendo alusão ao dia 2 de novembro como o Dia dos Mortos, ela abre as páginas do livro encantador e apresenta os personagens. Antes, porém, ela diz que o mundo todo é feito de histórias. E todas as histórias estavam ali naquele livro. “Tudo o que está escrito aqui é verdade...”, completa a guia.
Disputa pela humanidade
A história se passa na cidade de San Angel e apresenta o México como o centro do Universo. Em um cenário paralelo, dois soberanos governam reinos diferentes: La Muerte governa a terra dos lembrados. Ela é feita de bala de açúcar. Ama a humanidade e acredita que o coração das pessoas é puro e verdadeiro. Seu reino fica abaixo da Terra. Seu vestido à moda mexicana e o grande sombrero são rodeados de caveiras e velas.
Xibalba, por sua vez, governa o mundo dos esquecidos. Pensa que a humanidade é impura como ele. É feito de piche e de todas as nojeiras do mundo. Foi banido por séculos por causa de suas trapaças. Ele acha injusto governar uma terra fria e sem graça, enquanto La Muerte governa um mundo festivo e alegre. (Seria assim o mundo dos mortos?) Ele suplica para trocar de mundo. Ela resiste, mas depois acaba concordando em fazer uma aposta. Quem perder governará o reino do outro. Você já imaginou isso? O “bem” e o “mal” dando as mãos, e fechando um acordo?
Os três personagens principais são Manolo, Joaquim e Maria. La Muerte aposta que Manolo (nome mexicano para Manuel = Emanuel), um rapaz de coração puro, conquistará Maria. Xibalba investe em Joaquim, um moço ambicioso, e lhe dá poderes sobrenaturais por meio de um amuleto, a medalha da vida eterna.
A associação é simples para os adultos. A história apresenta o bem e o mal disputando a humanidade. Enquanto a criança torce para que o mocinho vença no final e assim fique com sua amada, muitos conceitos são transmitidos sem que ela se dê conta. Um deles é de que os mortos vêm ficar perto de seus queridos quando são lembrados. Por isso, as velas devem ser acesas em memória deles. Se esse ritual não é seguido, os queridos se vão para sempre. A mensagem do lema dos três personagens principais também é bastante significativa: “Retroceder nunca! Render-se jamais!”
Outro personagem importante na história é o Homem de Cera, com sua barba de nuvem. Bastante simpático e engraçado, é o responsável em manter o equilíbrio de tudo e ajudar Manolo a reverter a situação que Xibalba criou ao trapacear novamente.
Há um pouco de tudo na história, incluindo uma cena em que o cajado de Xibalba se transforma numa serpente e sai para picar o mocinho no calcanhar (ver Gênesis 3:15). Por fim, os mortos voltam para ajudar na batalha e todos terminam felizes, incluindo La Muerte e Xibalba, que fazem as pazes e reatam o casamento. Essa é a grande revelação do desenho! Por fim, a guia era a própria La Muerte e o velhinho que aparece numa das cenas no museu era Xibalba. Pergunto: será que a intenção era apenas mostrar a cultura mexicana?
A boa notícia é que há mesmo festa no Céu! Mas ela acontece por uma razão diferente da que é apresentada nesse filme para crianças. Veja as palavras de Jesus em Lucas 15:7: “Acreditem, há mais alegria no Céu pela vida resgatada de um pecador que por noventa e nove pessoas que acham que não precisam de salvação” (tradução A Mensagem).
Nosso nome só será riscado do livro da vida se duvidarmos das verdades expressas na Bíblia e virarmos as costas para Jesus. Que nossas escolhas hoje sejam o indicativo de que queremos nosso nome lá, no precioso Livro do Cordeiro!