Quem manda nas crianças?
Que tipo de influência e domínio está sendo exercido sobre as crianças? Essa pergunta faz parte do artigo da nova colunista Neila Oliveira.
No começo de outubro estive em uma de nossas igrejas que fica numa grande capital. Eu havia sido convidada para pregar no sábado de manhã, e à tarde tinha o compromisso de falar sobre o assunto de um artigo que escrevi para a Revista Adventista de maio (2014), cujo título foi “Preparando uma Geração”.
Depois de explanar a mensagem em que faço uma ligação entre o que as crianças, adolescentes e jovens estão lendo e assistindo atualmente e a estratégia do inimigo em preparar uma geração que estará disposta a ficar do lado errado por conta do engano a que estão sendo submetidos, o pastor da igreja ofereceu aos ouvintes a oportunidade de fazer perguntas.
Desde o começo do ano, tenho falado a professores, pais, desbravadores e adolescentes em diversas igrejas e encontros. Também estive duas vezes no programa Consultório de Família para abordar esse assunto. Tenho ouvido muitos testemunhos e declarações do efeito dessa mensagem sobre as pessoas. Mas, naquele sábado à tarde, fiquei profundamente sensibilizada com as palavras de uma mãe que estava no auditório. Ela se identificou como uma visitante que foi assistir à palestra a convite de uma amiga adventista. Apesar de não professar nenhuma religião, ela disse que se considerava cristã. De início, ela agradeceu pela explanação e declarou que muita coisa começou a fazer sentido para ela. Em seguida, pediu permissão para dar seu testemunho.
Ela é mãe de um garotinho. Certo dia, ela foi apanhada totalmente de surpresa com uma frase do filho: “Mamãe, Satanás manda em mim!”
Pensando não ter entendido direito, ela pediu para o menino repetir. Então, ele disse pela segunda vez: “Mamãe, Satanás manda em mim!”
Assustada, a mãe parou o que estava fazendo, colocou o filho no colo e lhe perguntou: “Filho, onde você viu isso? Quem falou isso para você?”
“Está naquele livro que estou lendo e que a senhora comprou...”, foi a resposta.
Ainda atordoada, a mãe disse para o menino que Satanás não mandava nele. Quem morava ali com eles era Jesus. Então, ela orou com o filho, pedindo que Jesus fosse o convidado naquela casa, e não Satanás.
No fim de minha palestra, eu havia feito um apelo veemente para que os pais acompanhassem o que seus filhos estavam lendo, assistindo e acessando. Tinha dito que tudo o que Satanás precisa é de uma brechinha para se instalar e espalhar suas mentiras e trazer confusão à mente das pessoas, especialmente das crianças e adolescentes, que são seu alvo no momento, pois ele conhece os planos de Deus para essa faixa etária e sabe o que vai acontecer no fim dos tempos por meio deles. (Ver Joel 2:28; Atos 2:17.)
O testemunho daquela mãe provou o que de fato tem acontecido em muitos lares. Sem nos darmos conta, muitas vezes estamos permitindo que o inimigo ganhe espaço na vida das crianças e se torne o senhor delas.
Naquela semana, ao pesquisar sobre as bonecas Ever After High, do mesmo fabricante e da mesma linha de Monster High, me deparei com a seguinte chamada: “Você já sabe se é uma Royal ou uma Rebel?”
Além das bonecas, o desenho já é transmitido por alguns canais de TV e também pela Internet. A mensagem central é que as crianças não precisam seguir as regras. Elas podem e devem buscar seu próprio final feliz, nem que para isso tenham que romper com as tradições de seus pais. O refrão da música de abertura da série diz: “É a sua vez! Avançar ou retroceder, porque você é real. Você está rebelde. Você é mais que um conjunto”.
Nem dá para dizer que essa é uma mensagem subliminar, não é? Ainda no Céu, Lúcifer não quis “retroceder” e decidiu se rebelar abertamente contra Deus. A mensagem que tem ficado cada vez mais clara para as crianças e também para os adultos é que toda história tem dois lados. E você pode se surpreender quando ouvir o outro lado da história. Na verdade, o que o grande rebelde tem reivindicado desde a origem do pecado é seu “direito” de contar a sua versão da história.
Pais, não se iludam. Foi-se o tempo em que livros, brinquedos, desenhos e filmes serviam apenas para distrair as crianças. Hoje, eles trazem conceitos e mensagens muito diretas relacionadas, inclusive, às escolhas para a vida futura.
O site promocional conclui sua propaganda fazendo um apelo às mães: “Não se esqueça de que sua filha pode sim escrever o seu próprio final feliz e, por isso, você deve dar todo o apoio do mundo para a sua pequena sem interferir abruptamente em suas decisões”.
Será que é isso o que Deus espera dos pais? Quando Jesus voltar nas nuvens do céu, Ele vai olhar para você e não vai pedir conta dos seus bens materiais e nem vai desejar saber das suas realizações profissionais. Com amor, Ele irá lhe perguntar onde estão os tesouros mais preciosos que foram colocados sob a sua responsabilidade: os filhos.
Que, pela graça de Deus, você possa responder: “Aqui estão, Senhor! Com a sabedoria que vem de Ti, eles foram conduzidos e mantidos nos Teus caminhos... Leva-nos contigo, Senhor!”
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