Desbravadores realizam trabalho com adolescentes em conflito com a lei
Há três anos os voluntários realizam atividades no local, levando esperança e oportunidade de mudança para 30 adolescentes
Para entrar, é necessário apresentar um documento com foto para identificação. Ele é deixado na portaria e o visitante entra no local. Depois disso, a pessoa é direcionada ao espaço onde as reuniões acontecem.
Essa é a rotina dos líderes de Desbravadores que realizam atividades a cada 15 dias no Centro de Internação para Adolescentes em Cumprimento de Medidas Socioeducativas, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Os voluntários criaram os clubes Guerreiros do Rei e Guerreiros da Natureza para realizar trabalho de recuperação junto aos menores infratores.
A ideia de fazer a ação de resgate com os adolescentes surgiu quando uma adventista foi visitar o filho de uma amiga no centro socioeducativo. Ao ver os meninos ali, se ofereceu para estudar a Bíblia com eles. Porém, a administração explicou que já existiam muitas pessoas fazendo esse tipo de trabalho lá. Foi então que a adventista apresentou os Desbravadores.
A antiga responsável pela entrada de projetos no Socioeducativo pesquisou na internet para saber quem eram os Desbravadores. Ela ficou tão encantada que pediu para iniciarem o projeto rapidamente. Houve a preparação de uma equipe e os voluntários passaram a realizar as atividades no local uma vez por mês. No entanto, com o tempo, a administração permitiu que os encontros fossem feitos a cada 15 dias.
Além das reuniões dos clubes, os jovens do Socioeducativo puderam sair do local no mês de novembro para um passeio ao ar livre em Ibitipoca, Minas Gerais, conhecida pela beleza natural de suas cavernas e cachoeiras.
Na viagem, os agentes, a equipe técnica e a diretora do Socioeducativo, Shirley Daiane Rodrigues, ouviram mensagens bíblicas sobre a oportunidade que Deus dá para recomeçar a vida. “Deus pode reescrever as páginas de sua vida”, mostrou o pastor Raphael Duarte, que levou os participantes a momentos de meditação dentro de uma caverna.
Para a diretora do Socioeducativo, as atividades realizadas durante esses anos foram fundamentais para a mudança deles. “É muito importante dar essa chance, mostrar para eles que existem outras opções. O trabalho que os Desbravadores fazem no final de semana continua durante toda a semana, pois eles passaram a ter disciplina. Os Desbravadores trouxeram a visão de uma nova perspectiva de vida. É bom para eles e para a instituição”, compartilhou Shirley.
De acordo com a diretora, no local existem dois grupos de adolescentes, todos do sexo masculino. Segundo ela, alguns meninos fazem parte do acautelamento provisório, de 45 dias, e aguardam a sentença da justiça. Já na internação, que varia de 6 meses a 3 anos, ficam os que são sentenciados. Sentenciados ou não, todos podem participar das atividades nos dois clubes montados dentro do Socioeducativo.
Segundo Samanta Santos, organizadora do projeto, o objetivo é levar atividades diferenciadas aos jovens e uma oportunidade de mudança de vida. “No início fiquei receosa de fazer esse trabalho, pois resgatar meninos de uma conduta ruim e levá-los a pensar de forma diferente é desafiador. Mas para alcançar o propósito que temos, falamos de Deus de uma maneira diferente, através do Clube de Desbravadores. Um rapaz, no momento da meditação que fizemos dentro da caverna em Ibitipoca, agradeceu por todo o trabalho e disse que aquelas palavras deram a ele vontade de mudar. Todo esse retorno tem sido gratificante”, comemora. [Equipe ASN, Vanessa Lemes]