Ela me mostrou Jesus
- Por que a senhora me ama, mesmo eu tão distante, fazendo tudo errado? Não te entendo, mãe!

- Por que a senhora me ama, mesmo eu tão distante, fazendo tudo errado? Não te entendo, mãe!
- Ah, Bruno... quem me ensinou sobre o amor faria isso no meu lugar. Então, quem sou eu para fazer diferente?
Mara Santos, aos 21 anos, dividia seu coração entre o medo e o deslumbre da maternidade. Havia em seu corpo uma vida e suas possibilidades. E os próximos anos a prometiam serviço e amor nunca antes vividos tão intensamente.
“Meu menino, você é o filho do Senhor emprestado para mim”, Bruno acordava e dormia com essa certeza. Semente plantada em sua primeira memória.
Com o tempo, o medo que permeava o coração materno, passou, e Mara aprendeu a ser uma boa mãe enquanto aquele bebezinho aprendia a ser um bom menino. Como mãe, ela o ensinava a fazer o bem, regar as sementes de amor até que se tornassem árvores frutíferas. Como criança, Bruno olhava o mundo com o inocente olhar de um pequenino.
Árvores cresceram, ramos se secaram, folhas caíram, e o tempo deu forma ao pequeno Bruno, que agora, já se tornava homem. Com a maturidade, a distância se fez presente. E aquele bebê que um dia fez parte de sua mãe, se despedia desta com um beijo no rosto, acompanhado de um dolorido e incerto: “Até logo!”
Entre tantas distâncias, Bruno acabou tomando para si a pior. Não esqueceu de suas origens terrenas. Sua mãe era para ele como uma verdadeira amiga. Conversavam, mesmo que separados por um oceano, como se estivessem frente a frente, olhos nos olhos, sentindo nas mãos o carinho e o aperto antes feito.
A distância que realmente lhe esvaziava o coração era espiritual. Havia algo, ou quem sabe, alguém esquecido em páginas velhas de um livro há tempos não aberto.
Não era segredo, existem mudanças incapazes de passar despercebidas. Mara, além de mãe e amiga, era também cuidadora de um filho emprestado pelo Senhor. Seu dever não deixaria que tal separação, especificamente aquela, passasse em branco.
- Filho, você tem falado com Ele?
A fala leve carregava o peso da impotência. O que faria ela, de tão longe? Mesmo se perto, já não teria feito tudo o que estava ao seu alcance? O que poderia fazer, além de seguir seu próprio conselho?
A sutil preocupação, antes quase como indiferente para Bruno, não demorou muito para tomar seu coração em lembranças. O passado lhe libertava da ilusória liberdade em que vivia. Os sábados tranquilos, os olhares cheios de esperança, a família reunida. Ah... aquelas músicas. “A vida foi boa”.
Mara se prostava em oração, e do outro lado do mundo, Bruno se prostava em saudade. Aquela saudade que não se sabe de onde vem, aquele vazio que nada parece preencher. A dor era, em certa instância, uma resposta para ambos.
O tempo continuou passando, árvores cresceram, ramos secaram, folhas caíram, e o “até logo” chegou ao fim. Para Bruno não era apenas o abraço de sua mãe que o recebia, mas a lembrança de um amor que, através dela, o tomava nos braços em silêncio escandaloso.
- Mãe, preciso que a senhora fique calma, mas tenho algo para lhe contar.
- Diga, meu menino!
- Sabe aquele amor tão singular que a senhora sente por mim? Finalmente posso dizer, conheço Aquele que lhe ensinou. Obrigado por me mostrar!
