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Inclusão

“Eu não conhecia ‘nem um pouco’ de Deus, mas o Clube de Aventureiros me mostrou”

Maria Clara tem TDAH e sofre com a falta de inclusão em espaços públicos


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Maria Clara tem TDAH e a falta de inclusão criava barreiras que a impediam de socializar - Foto: Reprodução

Maria Clara é uma das aproximadamente duas milhões de pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) no Brasil. Os dados são da Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), e só não são maiores do que as dificuldades enfrentadas por essas pessoas para acessar lugares e situações simples, como escolas e igrejas.

Apesar do crescente número de casos, o sistema educacional brasileiro ainda não está preparado para lidar com as necessidades específicas dessas crianças. E no caso da Maria Clara não foi diferente. Aluna de uma escola pública em Itararé, no interior de São Paulo, ela começou a apresentar características do transtorno em sala de aula, mas não recebeu um acompanhamento profissional.

“Como eu só tenho-a ela de filha, foi difícil perceber alguma diferença. Mas quando os professores começaram a reclamar que ela não conseguia acompanhar o conteúdo das aulas, ou se concentrar nas atividades, eu fui procurar saber o motivo e eles me disseram pra buscar ajuda. Foi quando ela recebeu o diagnóstico de TDAH” - Tubiara Barbosa, mãe da Maria Clara.

Mesmo com o diagnóstico, nada mudou na escola. Nenhuma adaptação foi feita e Maria ainda não conseguia absorver o conteúdo das aulas. Casos como os da Maria acontecem todos os dias em diversas escolas brasileiras. E com a falta de apoio adequado e a ausência de métodos de ensino diferenciados  a experiência escolar se torna frustrante e desmotivadora, elevando a evasão escolar.

“Foi aí que eu fiquei sabendo que na Igreja Adventista do Sétimo Dia, teria aulas de reforço escolar e que qualquer criança poderia participar. Mesmo as com TDAH. Eu comecei a levar a Maria e foi uma benção”, lembra Tubiara.

A partir daí, Maria Clara e Tubiara conheceram os clubes de aventureiros e desbravadores. E o que parecia ser mais um local inacessível para Maria Clara, se mostrou um ambiente seguro e acolhedor. Isso porque uma iniciativa inédita no Brasil, promove sessões de mentoria aos líderes de clubes de toda a Associação Paulista Sudoeste da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A ação é patrocinada pelo Departamento de Desbravadores e Aventureiros, em parceria com o Ministério Adventista das Possibilidades.

“Por meio dessa ação, através do Ministério da Possibilidades, nós conseguimos colocar uma profissional em contato com cada clube da região, para sessões de aconselhamento, orientação e para o desenvolvimento de um plano de ação individualizado, de forma que cada clube se torne um ambiente mais seguro, confortável e acolhedor para todas as crianças” - Pr. Wagner Piazze, líder do MAP no sudoeste paulista.

A ação ainda está em fase inicial; foi lançada há poucos meses. Mas já tem mostrado bons resultados. Líderes de clubes de toda a região sudoeste já buscaram ajuda para adaptar as atividades dos clubes e receber crianças com diversas particularidades. A Maria Clara, tema desta matéria, é um desses bons resultados.

“Eu gosto muito dos aventureiros. Lá a gente brinca e aprende de Deus. Eu não conhecia nem um pouco de Deus, mas o Clube de Aventureiros me mostrou. E eu tenho vários amigos lá. É bem legal!” - Maria Clara, 11 anos.

Por enquanto, Milka Moura é a única psicóloga que atende pelo projeto. Sozinha, ela já faz mentorias para mais de 100 clubes de desbravadores e aventureiros de toda a região sudoeste paulista. Milka destaca que a ação visa derrubar barreiras e tornar os clubes lugares acolhedores.

“Jesus disse: ‘deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais’. Mas a gente entende que as dificuldades que existem, muitas vezes, se tornam um impedimento para que os pais tragam os filhos para o clube. E o projeto de mentoria com os clubes existe justamente para isso. Para que quando houver uma dúvida sobre como receber uma criança, a liderança saiba que tem alguém a quem recorrer para dar orientação, apoio e ferramentas que tornem o clube um local inclusivo” - Milka Moura, psicóloga participante do projeto.

Assista ao relato completo no YouTube