Gaúchos celebram 120 anos da Associação Sul Rio-grandense e exaltam legado dos pioneiros
O tema Vi a História e Sonho com o Futuro foi escolhido para materializar o anseio de não ter que esperar mais 120 anos para a volta de Jesus

No sábado (8) e domingo (9), a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) comemorou os 120 anos da fundação da Associação Sul Rio-grandense (ASR), órgão que administra as atividades eclesiásticas da denominação no sul do Rio Grande do Sul. O programa exaltou a trajetória dos pioneiros e reafirmou a identidade adventista na presença de membros e de lideranças locais.
Na manhã do sábado (8), quase mil pessoas participaram da programação em São Lourenço do Sul (RS), local da primeira igreja adventista organizada no estado. O templo foi construído no vilarejo de Campo dos Quevedos, onde, no passado, havia uma colônia de imigrantes alemães que conheceram a mensagem adventista por meio de voluntários oriundos do território da extinta Pomerânia, que vendiam literatura religiosa na região.
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O pastor Elias Brasil, diretor do Biblical Research Institute (BRI), o Instituto de Pesquisas Bíblicas da Igreja Adventista, localizado nos Estados Unidos, parabenizou a iniciativa do evento e reforçou a importância de preservar a história. "Creio que eventos como esses são profundamente importantes para a Igreja, porque eles nos vinculam ao passado e mostram nossas raízes. São testemunhos da forma como Deus tem dirigido Seu povo ao longo das décadas e, ao mesmo tempo, nos enchem de ânimo e força para olharmos para o futuro", enfatizou.
Ele também destacou os desafios enfrentados pelos pioneiros para pregarem o evangelho na região. "Eles enfrentaram dificuldades que não enfrentamos hoje, mas, ao mesmo tempo, hoje enfrentamos problemas que eles não enfrentaram. Os desafios que eles enfrentaram eram na área de material, logística, na área de transporte, e eles tiveram que fazer tremendos sacrifícios, às custas, muitas vezes, da saúde física, para entrarem nos diversos lugares e espalharem o evangelho", reforçou Brasil.

Já o pastor Alberto Timm, diretor associado do BRI e natural de São Lourenço do Sul, contou que ganhou sua primeira Bíblia de seu pai nesse local, antes mesmo de saber ler. "Aqui eu aprendi os fundamentos da fé e fui batizado. Então, falar deste local toca muito no meu coração", declarou.
O pastor Timm ressaltou da importância de Campo dos Quevedos para a expansão da mensagem adventista no Rio Grande do Sul. "Nos primórdios da IASD no estado, havia um núcleo antigo em Não-Me-Toque (RS), depois outro em Ijuí (RS), mas aqui era uma das principais concentrações onde pessoas vinham para as tais reuniões gerais. Daqui surgiram ondas de adventismo que prosperam em vários lugares", destacou Timm.
O encontro também foi marcado por decisões pelo batismo. A aposentada Neiva de Souza e seu esposo, o senhor Heitor Silva de Souza, conheceram a mensagem do evangelho há 20 anos, mas só decidiram entregar sua vida por completo a Jesus dias antes da programação. Emocionada, dona Neiva falou sobre sua experiência. "Agora me sinto completa, só falta a volta de Jesus. Tenho certeza que renasci e vou até o fim, firme e forte nos braços de Deus", sublinhou.
Legado

No domingo (9), a programação ocorreu em Porto Alegre (RS) e contou com a presença de duas mil pessoas, que juntas agradeceram a Deus pelas bênçãos derramadas na história da IASD no Rio Grande do Sul. O pastor Erton Köhler, secretário-executivo da Igreja Adventista a nível mundial, exaltou a trajetória da ASR e relembrou sua experiência ao trabalhar no território. "A ASR faz parte da minha história. Eu nasci no Rio Grande do Sul quando só havia essa Associação, e meu pai era diretor de Evangelismo aqui. Minha história é a história da ASR", relembrou.
Köhler destacou ainda o legado da sede administrativa para a história do adventismo no Brasil e no mundo. "Essa é uma terra de pioneiros, não só porque a mensagem teve um "boom" aqui no Rio Grande do Sul e daqui se espalhou para o país, mas especialmente porque muitos obreiros daqui foram do norte ao sul do Brasil levando a mensagem. Então, o espírito de pioneirismo, de ousadia, de entrar em novos territórios, tudo isso veio daqui. Por muito tempo, as regiões mais desafiadoras do Brasil tinham obreiros que saíram desta terra", pontuou.
O presidente da Igreja para o Sul do Brasil, pastor Marlinton Lopes, revelou que existem estudos que atestam que quando uma instituição religiosa completa 100 anos, a tendência é ela deixar de existir. Por esse motivo, o líder disse estar feliz por saber que a ASR segue firme. "Quando a gente vem aqui e vê a Associação mais antiga do Brasil completando 120 anos, numa cerimônia tão grande, uma Igreja com 50 mil membros, a gente vê que a IASD, por conta da atuação do Espírito Santo, quebra essa tendência. A Igreja está mais viva do que nunca", frisou Lopes.

Na ocasião, os participantes tiveram a oportunidade de assistirem um musical preparado pelo Coral de Adolescentes do Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), que contou por meio de canções e encenações a história do surgimento do movimento adventista no sul do Rio Grande do Sul. A Analista de Marketing Sofia Baptista afirmou que a apresentação foi linda, cheia de emoção e significado. "Deu pra perceber a dedicação e envolvimento de todos, desde as músicas até as encenações. O musical foi fiel e digno à representação da história da nossa Associação", reiterou.
A noite foi marcada pelas canções entoadas pelo quarteto Arautos do Rei, que falam do poder e amor de Deus. O presidente da IASD no território Sul do Rio Grande do Sul, pastor Tiago Fraga, disse que o evento foi preparado com muito carinho. "A celebração de 120 anos da Associação Sul Rio-grandense movimentou todo o escritório. Mas quando a gente chega aqui e encontra todas essas pessoas louvando ao Senhor, a gente vê que valeu a pena", destacou Fraga.
Ele aproveitou ainda para falar dos planos para o futuro da ASR. "Nosso objetivo é ver a Associação Sul Rio-grandense seguindo em frente e cumprindo a missão até que Jesus volte", sublinhou. O líder homenageou alguns membros que representam os diversos grupos da IASD. Uma placa de agradecimento foi entregue para pessoas que se destacaram na história da ASR por sua garra e disposição de honrar o legado dos pioneiros da ASR.

História da ASR
O ano era 1904 e nascia no Rio Grande do Sul a primeira sede administrativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) em solo brasileiro. A instituição foi fundada com o propósito de coordenar as atividades de um colégio missionário na cidade de Taquari (RS), e as programações de séries evangelísticas que estavam ganhando força na região. O primeiro endereço da Associação foi a sede da fazenda onde o colégio foi construído.
Segundo o livro 100 anos de Fé, Pioneirismo e Ação, o primeiro nome da Associação Sul Rio-grandense foi Sociedade Escolar dos Adventistas do Rio Grande do Sul. À época, a IASD ainda em seus primórdios em território nacional, carecia de escritórios locais para acompanhar o crescimento e incentivar o desenvolvimento da pregação do evangelho no Brasil. “Na Sessão Ordinária da Conferência Brasileira do dia 15 de abril de 1906, ficou decidido que a Conferência seria dividida para dar origem a novos campos", narra o livro.
Na ocasião, os gaúchos foram convocados para a organização da Conferência do Estado do Rio Grande do Sul, que passaria a administrar 5 igrejas e vários grupos, bem como o Colégio de Taquari. No entanto, com o passar do tempo, o município de Taquari se tornaria pequeno frente aos avanços da IASD que surgiam em todo o território do Rio Grande do Sul. A sede da Associação foi transferida então para Porto Alegre e em 1913 o nome da Sociedade foi mudado para Associação dos Adventistas do Sétimo Dia no Brasil.
A instituição ainda passaria por duas mudanças de nome até chegar ao que é conhecido hoje. Somente em 14 de fevereiro de 1946, na 18ª Assembleia Bienal Ordinária da Igreja é que, finalmente, oficializaram o nome que permanece até hoje: Associação Sul Rio-grandense da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A ASR hoje
Superados os desafios do início, a IASD no sul do Rio Grande do Sul avançou pelo poder de Deus. O pequeno grupo deu origem a outras 228 congregações, mais de 15 mil membros e quase 8 mil alunos. Além disso, a ASR cresceu e deu origem a outras duas Associações. O secretário-executivo da ASR, pastor Rodrigo Paixão, ressaltou que é possível ver a ação de Deus na trajetória da instituição. "Muitos pioneiros dispuseram da sua saúde e dos seus sonhos para viverem a missão. Se gastaram arduamente no campo missionários para estabelecerem a obra em nosso estado", afirmou o líder.
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