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Médicos e dentistas levam famílias para serem voluntárias na selva amazônica

Enquanto os pais atendiam no consultório, os filhos serviram a comunidade ribeirinha


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Os atendimentos realizados em comunidade indígena foram realizados gratuitamente (Foto: Edson Jara)

Profissionais de saúde da Associação dos Médicos Adventistas (AMA), do templo adventista do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), campus Hortolândia e do Instituto de Missões Noroeste começaram o ano exercendo o voluntariado. Cerca de 40 pessoas, acompanhadas de seus familiares, doaram parte das férias e arcaram com os próprios custos para ajudar comunidades carentes no Amazonas.  

A maioria dos voluntários partiu de São Paulo rumo à região de Murutinga e do Novo Céu, em Autazes, cidade situada a 270 km de Manaus, capital amazonense. A primeira parte da viagem foi de avião e depois o percurso continuou por mais 22 horas dentro do barco. A missão realizada em janeiro teve a duração de 10 dias, alcançando 410 atendimentos médicos, 124 atendimentos odontológicos e 279 procedimentos, totalizando 813 atendimentos em crianças, adultos e idosos indígenas. 

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O clínico geral Edson Jara foi o líder da Missão Amazônia. O médico esteve acompanhado de sua irmã, sobrinha e cunhado, além de uma equipe de sete médicos, três dentistas, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e profissionais de outras áreas, entre empresários, professores, estudantes e crianças. Uma repartição do barco virou consultório de dentista para que a comunidade recebesse gratuitamente os cuidados de saúde. “Trabalhamos de manhã e à tarde fazendo atendimentos médicos e odontológicos, visitando as famílias ribeirinhas, reformando e pintando casas e ajudando a entreter as crianças", detalha. 

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Barco foi hospedagem e consultório médico durante a missão (Foto: Edson Jara)

Os resultados aconteceram antes mesmo de a missão começar. Jara conta que o barco alugado para ser usado como transporte, hospedagem e consultório ficou encalhado durante quatro meses, antes dos voluntários chegarem ao local. “A chuva veio exatamente uma semana antes de nossa chegada, e o barco desencalhou, e pudemos usá-lo normalmente”, enfatiza. 

A obra médico-missionária acontece há pelo menos 100 anos na Amazônia e consiste em prestar assistência médica e educar sobre saúde para levar a mensagem do evangelho. O presidente da AMA, doutor Fabiano Luz, decidiu cursar medicina há 30 anos, quando conheceu o trabalho feito por médicos-missionários na região ribeirinha.  

O intensivista e cardiologista já participou de muitas missões pelo mundo. Desta vez ele teve a oportunidade de levar seus três filhos, os gêmeos de 9 anos e o mais velho, de 11 anos de idade. “Eu rememorei o que eu decidi há 30 anos vivendo isso com os meus filhos. Durante o dia eu ficava atendendo no consultório e eles puderam ajudar na visitação das pessoas, nas brincadeiras com as crianças, no serviço comunitário, pintando casas, auxiliando no louvor da igreja”, pontua Luz.  

A periodontista Evely Sartorti da Silva Morgan foi à sua primeira missão acompanhada do esposo. Ela conta que a maioria dos pacientes estava com a saúde bucal muito comprometida. “Fiz extração, restauração, raspagem e limpeza”, conta. Na ocasião, os pacientes ganharam kits de escova de dentes, pasta e fio dental para conscientizá-los sobre a importância de manter a higiene em dia.  

A doutora Evely se emocionou ao lembrar de um dos pacientes, uma criança de sete anos, que estava com muitos dentes permanentes e de leite com cáries e com um sangramento gengival abundante. “Fiz a anamnese da criança com a ajuda da mãe e senti o Espírito Santo falar comigo para insistir em saber mais detalhes sobre condição de saúde do paciente”, relata ela. Por ser uma situação delicada, pediu a orientação de Deus para que conseguisse realizar o tratamento de forma segura. “Consegui restaurar todos os dentes que precisavam, explicar que o caso se tratava de uma gengivite crônica e o conduzi para o doutor Fabiano fazer uma avalição sistêmica da criança para depois conseguirmos encaminhá-lo para um acompanhamento de saúde em um hospital”.  

Programa evangelístico  

À noite era a hora do programa evangelístico realizado na igreja adventista de Murutinga, momento em que os voluntários tiveram a oportunidade de falar de Deus, cantar, orar e contar histórias bíblicas para um público de mais de 200 pessoas da comunidade ribeirinha. 

O momento mais esperado pela criançada foi o das histórias bíblicas contadas com a ajuda de fantoches. A estrutura móvel para acomodar os fantoches é feita em alumínio, leve e portátil, tornando-se ideal para levar às missões. “A Turma da Neca é formada por fantoches para contar histórias bíblicas e educativas para as crianças”, explica a administradora de empresas Karen Jara, que reside na Califórnia, nos Estados Unidos. “Os fantoches eram a atração do momento, algo que as crianças nunca tinham visto.”  

Grupo reunido durante o pôr do sol para celebrar trabalho realizado na comunidade (Foto: Edson Jara)

O louvor infantil emocionou muito o doutor Edson Jara. “As crianças cantavam forte e com entusiasmo no meio da selva amazônica. Elas estavam descalças, em um lugar vulnerável, em meio ao barro e água suja, e de repente começaram a cantar a música Jerusalém, que possui um trecho que fala: ‘Irei caminhar nas ruas de ouro’. Foi emocionante”, conta.  

O pastor Daniel Gregório foi um dos líderes da equipe de visitação, que estava sempre acompanhada de um médico para facilitar a abordagem e o diálogo entre os voluntários e a população. Cerca de 120 pessoas foram visitadas diariamente, totalizando 840 visitas em apenas uma semana. “No último dia da missão, oito pessoas foram batizadas no Rio Murutinga, entre crianças e adultos”, informa.

Reunião com adventistas pertencentes à tribo Tapirayawara (Foto: Edson Jara)

Os voluntários conheceram uma aldeia onde 70% dos nativos são adventistas. Na ocasião, profissionais de saúde e comunidade cantaram, brincaram, jogaram vôlei e futebol, caminharam ao redor da natureza, assistiram ao pôr do sol juntos e conheceram mais sobre a cultura indígena. “Chegou ao final da missão e o coração está grato por tudo que Deus nos permitiu fazer. É impressionante a receptividade das pessoas, a alegria do povo”, conclui Jara.

Para o doutor Fabiano Luz, “foi muito forte estar com todas as nossas famílias. É isso que quero mostrar para os meus filhos, não só o discurso. Com certeza, foi a maior aula prática sobre missão que meus filhos receberam.”


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