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Envolvendo os filhos nas estratégias de evangelismo

Descubra como os pais podem despertar intenções e ações missionárias no coração dos pequenos


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Filhos se espelham em seus pais para desenvolver seu senso missionário (Foto: Shutterstock)

O evangelismo é o coração da vida cristã, e os pais desempenham um papel fundamental na condução dos filhos e no seu envolvimento missionário. Incluir as crianças nas estratégias de evangelismo não apenas fortalece a fé delas, mas também as prepara para se tornarem testemunhas vivas do amor de Cristo nessa terra.

A escritora Ellen White destaca: "Cumpre aos pais imprimir na mente dos filhos a direção devida... Eles devem ser guiados nas veredas do serviço cristão... num viver prestativo e altruísta... as crianças devem ser ensinadas a fazer algum serviço de amor e misericórdia... mesmo em tenra idade, devem ser úteis na obra de Deus... Ele deseja que sejam seus pequenos missionários... Por preceito e por exemplo devem os pais ensinar seus filhos a trabalharem pelos inconversos" (O Lar Adventista, p. 484-487).

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Ou seja, os pais têm uma influência importante quanto ao envolvimento missionário dos filhos. Mas como podem potencializá-lo? Conheça princípios fundamentais sobre como ensinar as crianças a compartilhar o amor de Jesus com outras pessoas:

1. Comece em casa

Envolver os filhos nas estratégias de evangelismo da Igreja é uma jornada de discipulado que deve começar em casa. Os pais têm a oportunidade de guiar os filhos no crescimento espiritual, ajudando-os a desenvolver a fé e um relacionamento vivo com o Criador.

O culto familiar é uma grande ferramenta para fomentar o aprendizado das Escrituras, gerar reflexões sobre o que foi aprendido e viver o discipulado na prática. Os pais devem aproveitar esse momento para incentivar os filhos a ter seu momento de oração e intercessão, levando a Deus suas angústias do cotidiano, súplicas por pessoas que ainda não tiveram um encontro com o Salvador e agradecimentos pelas vitórias conquistadas.

2. Ensine pelo exemplo

As crianças aprendem observando o comportamento dos pais, suas atitudes e como vivem a fé no cotidiano. O exemplo da vida cristã autêntica, tanto dentro quanto fora de casa, é essencial para inspirar os filhos a seguir a Cristo.

Seguramente você já ouviu a celebre frase de um autor desconhecido, que diz: “A palavra convence, mas o exemplo arrasta”. Filhos envolvidos na missão são discipulados por pais que vivem a missão. Em uma jornada de amor, paciência e intencionalidade, os pais como líderes espirituais dos filhos assumem o papel de guiá-los, não somente para fortalecer a sua fé, mas também para preparar campeões espirituais comprometidos em servir e compartilhar o evangelho com outras pessoas.

Um campeão espiritual não é apenas um seguidor de Jesus, mas alguém comprometido com Ele. Abraça a Jesus como Salvador e Senhor, guia sua vida pelas verdades da Bíblia, vive de forma obediente a seus princípios, compromete-se num relacionamento com Deus e com outros e dedica-se a impactar a vida de mais pessoas, diz George Barna, em Pais Revolucionários.

3. Desperte o espírito missionário nas crianças

Para que as crianças se envolvam no evangelismo, é importante despertar nelas a consciência missionária. Elas precisam entender que o evangelho não é apenas para ser vivido, mas também compartilhado de maneira intencional com outras pessoas. Precisamos ajudar as crianças a desenvolverem uma mentalidade global do evangelho, a pensarem além do círculo local.

Para isso, apresente histórias de missionários, tanto atuais como do passado, para que elas vejam como Deus trabalha por meio de pessoas comuns em diferentes partes do mundo. É importante que elas saibam que a missão pode acontecer com as mãos dos que doam, os joelhos dos oram e os pés dos que vão.

Nas classes de Escola Sabatina utilizamos como ferramenta a Carta Missionária. É uma excelente aliada para ajudar os pais a ampliarem a visão missionária dos filhos, através de histórias de pessoas que tiveram a vida impactada por missionários que dedicaram dons, tempo e tesouros para pregar o evangelho em lugares remotos.

5. Incentive e acompanhe a participação nos projetos da igreja

A participação ativa nas atividades da igreja é fundamental para o desenvolvimento espiritual das crianças. Ao verem os pais servindo e se dedicando ao trabalho na igreja, os filhos aprendem a importância de se envolverem de uma maneira prática.

Para que isso seja possível, os pais podem promover a participação em tarefas simples e adequadas à idade, como por exemplo ajudar na organização de cadeiras, participar na recepção e nos grupos de louvores, visitar enfermos, distribuir alimentos ou ajudar em eventos evangelísticos.

A igreja tem um arsenal de possibilidades em que as crianças podem servir de maneira prática, de acordo com seus dons e habilidades. Atualmente existe um projeto totalmente direcionado ao público infantil: o Evangelismo Kids. O programa tem como objetivo despertar a igreja para o potencial desta nova geração na missão e engajar os pais no discipulado dos filhos. Além disso, busca desenvolver os dons das crianças e fazê-las experimentarem a alegria do servir.

O Evangelismo Kids tem acontecido nos oitos países que compõem a Igreja Adventista na América do Sul. O foco é ensinar às crianças, e suas famílias, estratégias de pregação, criando uma cultura intergeracional em que todos atuam juntos, e preparar uma geração mais missionária e fortalecida em Jesus.

Intencionalidade missionária

Certa vez escutei a seguinte citação do pastor Adolfo Suárez, reitor do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia (Salt), que diz muito a respeito da nossa responsabilidade enquanto pais no preparo e envolvimento dos nossos filhos na missão: “As crianças e os adolescentes são o único “material” que Deus nos deu, com o qual podemos fazer homens e mulheres. São elas que ocuparão nossa cadeira no Senado e o nosso lugar no banco da Corte Suprema. Eles assumirão o governo das cidades, dos Estados e do País. Dirigirão os nossos presídios, igrejas, escolas, universidades, corporações e empresas. Tudo o que fizermos será louvado ou condenado por eles; nossa reputação e nosso futuro estão em suas mãos. Toda a nossa obra será deles e o destino da nação e da humanidade dependerá de nossas crianças e adolescentes.

Por isso, da próxima vez que você cumprimentar uma criança, seja em casa, na igreja, ou numa classe bíblica, lembre que essas mãos inexperientes e trêmulas contêm o futuro. Essas mãos um dia poderão segurar uma Bíblia no púlpito de uma Igreja, ou poderão segurar um revólver. Essas mãos tocarão o piano da Igreja, ou farão rodar as máquinas e jogos que roubam o sustento de mulheres e crianças. Essas mãos tratarão com ternura as feridas de um enfermo, ou tremerão como resultado da degeneração pelo uso de álcool e drogas. Tudo vai depender do modo como educarmos nossas crianças, juvenis e adolescentes.”[1]

Thaís Oliveira é diretora do Ministério da Criança e do Adolescente da sede da Igreja Adventista para o Paraguai.


Referência:

[1] Texto adaptado por Adolfo Suárez, de F.E. Burkhalter. Como Ganhar os Adolescentes. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1967, p. 11 a 13