Seis em cada dez vítimas de estupro no Brasil são crianças de até 13 anos de idade. Os dados são do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que também registrou 84 mil casos de estupro aqui no país só no ano passado. E a Igreja Adventista na América do Sul saiu às ruas no último sábado, 24, para promover ações contra essa realidade.

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Há mais de 20 anos o projeto Quebrando o Silêncio, uma iniciativa anual da Igreja Adventista, auxilia no combate e prevenção da violência. Neste ano, as ações de conscientização foram contra o abuso de crianças, com o tema Infância Ameaçada. Entre elas, uma passeata na Avenida Paulista, com a participação de quase 20 mil pessoas.

No coração da capital paulista

De acordo com a coordenadora do projeto no estado de São Paulo, professora Telma Brenha, que também organizou a passeata, estar no coração da capital paulista foi algo singular. “Estamos aqui falando para muitas pessoas, com a entrega de revistas e folders, levando conhecimento para que elas entendam que o silêncio precisa ser quebrado, esse silêncio que faz com que as crianças tenham uma vida muito triste, diferente daquilo que elas merecem”, afirma.

A manifestação, com trajeto de quase um quilômetro, envolveu adventistas de todo o estado de São Paulo. Maria Gabriela Souza também esteve lá. Hoje, aos 34 anos, ela consegue falar sobre o abuso que sofreu aos 11, quando aceitou a carona de um conhecido da família ao voltar da escola. Ela sofreu assédio e tentativa de estupro, mas por um descuido do abusador, conseguiu abrir a porta do carro, fugir e pedir ajuda a um adulto. “Eu venho conhecendo outras famílias, outras pessoas que passam situações parecidas com a que eu passei. Estar aqui hoje, para mim, é uma vitória. Um projeto como o Quebrando o Silêncio nos dá essa abertura para vencermos traumas e acolher quem precisa”, compartilha.

Para a diretora do Ministério da Criança e Ministério do Adolescente da Igreja Adventista para o estado de São Paulo, professora Vania Moreira, é dever dos adultos proteger crianças e adolescentes. “Eles são vulneráveis e precisam de nós. Quando se sentirem desconfortáveis, é necessário que nós, como líderes, os ensinemos a dizer não! Que você, adulto, seja essa segurança para sua criança. Diga não à violência”, destaca.

Terceira edição da passeata

Essa foi a terceira edição da passeata do Quebrando o Silêncio na Avenida Paulista, que contou com dez mil pessoas em 2022 e 15 mil em 2023. A manifestação deste ano chamou a atenção da mídia e foi noticiada pela TV Globo no mesmo dia, no jornal SP2, Globo News e com a publicação de uma reportagem no portal G1.

Quem passou pelo local recebeu materiais da campanha e ficou surpreso com a movimentação. “Eu vim à Paulista à procura de políticos para entrevistar. Mas ouvi o som do trio elétrico, me interessei e fui ver o que era. Quebrando o Silêncio. A Telma me explicou sobre o projeto e eu só quero parabenizar a Igreja Adventista por esse trabalho”, conta o jornalista Ricardo Cebola.

Esta foi a segunda vez que Luíza, de 12 anos, participou da passeata. Agora ela ergue a voz ainda mais alto para buscar paz especialmente por ela e seus amigos, que são o público da campanha de 2024. “Eu tenho uma amiga que sofreu abuso infantil e acho importante estar aqui para que até ela mesmo saiba que a gente é contra, e que a gente pode ajudar. A Igreja Adventista está aqui para que as pessoas lembrem e saibam que o abuso é crime e deve ser denunciado”, realça.

Previsto no calendário oficial de SP 

Em outubro de 2019, o Dia da Campanha Quebrando o Silêncio entrou para o calendário do estado de São Paulo, com a Lei 17.186/2019.  

Outras ações

Ações, programas, palestras, outras passeatas, distribuição de materiais e até feiras de saúde aconteceram em todo o estado. Clique aqui e veja.

Para mais informações, acesse o site oficial da campanha: quebrandoosilencio.org.

Confira as fotos oficiais da terceira edição da Passeata Quebrando o Silêncio na Avenida Paulista no Flickr: