Funcionários do IATec trocam escritório por pátio de obras
Colaboradores do instituto tecnológico reconstruíram parte da igreja atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul
O Instituto Adventista de Tecnologia (IATec) desafiou seus funcionários a participar da primeira Missão Trip IATec. Cerca de 40 colaboradores aceitaram a incumbência de reconstruir parte do templo adventista de Farrapos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A estrutura ficou com sérios problemas ao permanecer submerso por 30 dias, como consequência da enchente que devastou o estado, em maio.
Após dois meses, o local foi reconstruído e ganhou cara nova graças ao trabalho dos colaboradores. Um ônibus lotado de voluntários saiu no dia 20 de julho do centro tecnológico em Hortolândia, interior de São Paulo, e só retornou em 28 de julho. O percurso da viagem foi de cerca de 2.500 km, entre ida e volta.
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O gerente de Educação do IATec, Josué Leão, idealizou a missão e acompanhou de perto o trabalho da equipe. Ele conta que a instituição teve o apoio da sede da Igreja Adventista para a região central do Rio Grande do Sul. “Eles montaram o projeto e nos orientaram sobre quais materiais e cores de tintas deveríamos comprar para manter a identidade visual da igreja”, conta.
Para participar, cada funcionário colaborou com cerca de 15% referente ao valor total da viagem missionária. O restante foi oferecido pelo IATec. “Custeamos os materiais de construção, contratação de um mestre de obras, além de transporte, alimentação, medicamentos e equipamentos de proteção individual (EPI’s) dos funcionários”, especificou Leão. A administração do IATec abonou todos os dias de trabalho dos colaboradores voluntários.
Claudinei Corrêa foi o pedreiro responsável por acompanhar a obra. Sua função foi orientar os voluntários na reforma da igreja. “Ao ver a quantidade de trabalho que precisava ser refeita, achei que seria impossível concluir em apenas alguns dias. Mas a força de vontade de todos e a fé depositada fez com que tudo desse certo. Não tive dúvidas de que uma força maior nos acompanhou”, enfatiza o profissional.
Jornada de 12 horas
As salas de aula do Colégio Adventista Marechal Rondon (Camar), na capital gaúcha, serviram como moradia para o grupo. O despertar era bem cedinho para fazer o culto, tomar o desjejum e partir para a jornada de trabalho na igreja de Farrapos. Às 8h, já estavam lá, de onde saíam somente à noite, por volta das 20h.
A equipe do IATec precisou rebocar e impermeabilizar boa parte das paredes, tirou o piso, fez o contrapiso e colocou cerâmica em três salas, trocou os rodapés de madeira por cerâmica, pintou todas as salas internas e as grades das janelas e da fachada. O desenvolvedor de sistemas sênior do IATec, Fernando Santos, conta que sua tarefa inicial era trocar os rodapés das paredes, mas como têm noções de construção civil, ajudou em outras funções. “Contribuí também no reboco e acabamento das paredes, remoção dos pisos de madeira, instalação de piso cerâmico e pintura de verniz nas portas e portões”, lista.
Ele está acostumado a trabalhar em um escritório e confessa que mudar de ambiente foi desafiador, mas compensou ao constatar a gratidão dos membros. “Ver a Martina, membro da igreja, com os olhos marejados, observando o nosso trabalho, foi gratificante. Emocionei-me com ela ao ver seu gesto de gratidão, sem precisar falar nada”, afirma Santos.
Era pouco tempo para o que precisava ser feito. Por isso, para acelerar a secagem das paredes, que precisavam de pelo menos três dias, foram utilizados 120 litros de álcool para fazer fogo e dar continuidade ao trabalho de forma mais ágil. Um dos voluntários conta que ficou impressionado ao constatar a rapidez que uma parede secou. “Foi um milagre”, acredita o desenvolvedor de sistemas Elvis Reis.
Não foram só os membros da igreja que ficaram impactados com a dedicação dos voluntários, mas a vizinhança do bairro também. Josué Leão conta que uma moradora que reside em frente ao templo ficou comovida com o trabalho da equipe e resolveu adoçar um pouco a tarde do grupo ao presenteá-los com duas caixas de bombons. Para o diretor financeiro do IATec, Eliézer Santos, “o trabalho impactou a igreja que recebeu ajuda, mas talvez nós, do IATec, fomos os mais beneficiados pelo senso de unidade, comprometimento e altruísmo que nossos colaboradores retornaram para o trabalho”.
No sábado, 28, a igreja estava pronta e à altura para receber os membros e amigos. O culto de adoração ficou sob responsabilidade do IATec. Claudinei Corrêa é categórico ao afirmar que trabalhar com os voluntários foi a melhor experiência vivida por ele. “É inacreditável concluirmos a reforma e celebrarmos essa vitória juntos no sábado. Chorei muito no culto ao ver o Fernando e sua filha cantando juntos. Lembrei da minha filha, que tem quase a mesma idade”, relata.
Antonio Hilário da Silva, mais conhecido como Toninho, é membro do templo beneficiado há 15 anos e teve a casa atingida pelas enchentes. Ele revela o que mais o impressionou na reforma. “A igreja está muito bonita. Gostei muito do novo rodapé. Antes era de madeira e agora é de cerâmica. O forro agora é impermeável e as grades da frente estão como novas e bem pintadas”, especifica.
A proposta do IATec é fazer outras missões, pelo menos uma vez ao ano. “É fundamental que os colaboradores vivenciem isso na prática. Dessa forma, entendemos que eles assimilam que o trabalho, ainda que técnico e de bastidores, tem uma razão missionária e evangelística como essência”, conclui Eliézer Santos.