Especial semana das mães - Vida de lutas e vitórias
Sorocaba, SP... [ASN] A cena se repete todas as manhãs no Colégio Adventista de Sorocaba. Ali, no portão de entrada, às 6h15, Divanira Viera, chamada carinhosamente de Diva, recepciona os alunos com sorriso, beijos e abraços. Por trás de muita simpat...
Sorocaba, SP... [ASN] A cena se repete todas as manhãs no Colégio Adventista de Sorocaba. Ali, no portão de entrada, às 6h15, Divanira Viera, chamada carinhosamente de Diva, recepciona os alunos com sorriso, beijos e abraços. Por trás de muita simpatia e carinho, tem uma história de vida assinalada por traumas de infância e sofrimento.
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Nascida em 1963 na região rural em Paranapanema, interior de São Paulo, aos cinco anos de idade Diva teve a sua infância registrada pelo trabalho pesado na fazenda. Ela acordava de madrugada para cortar e colher lenha, buscar água com lata na cabeça, tratar dos animais, cortar e moer cana para fazer açúcar, torrar café, socar arroz no pilão e outras tarefas.
A luta para sair do sofrimento
Por mais que ela revele que não teve infância por causa do trabalho árduo, as agressões do pai, ao chegar em casa embriagado, era o que mais a aterrorizava. Desde que nascera, ela tinha que conviver com a violência . O drama começava com muitas pancadarias. A sua mãe era a primeira que apanhava. Às vezes os filhos fugiam de casa por até três dias ao serem ameaçados de morte.
Devido à vergonha que tinha dos vizinhos, pelo barulho e a chegada da polícia, Diva não conseguia andar de cabeça erguida na rua. Antes que cometesse uma loucura em favor da sua mãe, saiu de casa aos 17 anos com uma mala, colchão e um cobertor. Nessa época a sua família morava em Itapeva, interior paulista.
Na sua chegada à Sorocaba, em 1981, mesmo com ajuda do seu irmão foi muito difícil a adaptação na cidade grande. Ela começou a trabalhar no Shopping Sorocaba. Andava 10 quilômetros para chegar no trabalho, pois só sobrava dinheiro para comprar a passagem de volta para casa à noite - depois das aulas do colegial que terminavam às 22h. Com tanto ódio que tinha no seu coração, Diva atribuía o seu sofrimento e dificuldades da vida por causa do seu pai.
Nesta nova fase da sua vida conheceu o seu marido Mario Antônio Vieira e, no ano de 1982, se casaram após apenas 11 meses de namoro. Depois de cinco anos nasceu Alexandre Henrique Viera, e mais tarde, Vinícius Henrique Vieira. No seu papel de mãe, deixou o trabalho para dedicar-se à educação dos filhos. Aprendeu a costurar em casa e vendia nos camelôs e de porta em porta nos bairros lingeries e roupas para crianças para complementar o orçamento da família.
O encontro com Deus
Diva teve o primeiro contato com a Igreja Adventista ao conhecer o Colégio Adventista de Sorocaba. Ela relata que a sua cunhada insistiu muito para juntas conhecerem a escola. Ao chegar lá, ela recebeu uma proposta do diretor para trabalhar no período da tarde para organizar as salas de aula e, em troca, receber uma bolsa de 75% de desconto para o seu filho estudar.
Assim começou a sua nova etapa profissional. Muito dedicada ao trabalho, ela não se contentava apenas arrumar as carteiras, apagar a lousa ou tirar o pó. Quando a sala estava suja, ela fazia o trabalho de limpeza que não era a sua função, muitas vezes chegando tarde em casa por ter trabalhado de 10 a 12 horas. Depois de um ano foi contrata por período integral e começou a estudar a Bíblia com uma amiga da escola.
O contato com a Palavra de Deus trouxe novo sentido e segurança em sua vida. "Eu não conhecia a Deus, mas Ele me conhecia desde sempre. Eu fiquei maravilhada com a mensagem da Palavra de Deus", ressaltou. No ano de 2000, Diva, junto com o seu filho Alexandre, foram batizados em uma Semana de Oração no Colégio. Um ano mais tarde o seu filho mais novo também se batizou.
Vida de Vitórias
Diva ficou 10 anos sem falar com o seu pai. O trauma e o ódio do passado ainda atormentava a sua vida. Deus ainda precisa realizar uma milagre e libertá-la disso. Foi numa noite de angústia, limpando salas de aula, que ela ouviu uma voz dizendo para ir à biblioteca e ler uma passagem na Bíblia. No começou ela hesitou mas, ao chegar na biblioteca, ela se deparou com uma passagem no livro de Isaías que dizia: "Deus cuida da vida daqueles que são fiéis e lança na escuridão os infiéis, o homem jamais vencerá pela força".
Ela relata que ao ler a passagem parecia que uma cortina, que estava fechada, se abriu e como se o ódio fosse uma bexiga bem cheia e com alfinete, a estourasse. Deus falou com Diva naquela noite e a libertou daquela cruz de sofrimento do passado. Ela conseguiu perdoar o seu pai e a partir daquele dia a sua vida foi totalmente restaurada.
Hoje ao olhar para trás ela afirma que Deus não dá um fardo maior que a gente não consiga carregar. A sua vitória, ela credita em Deus que a transformou e lhe deu o privilégio de ser mãe de dois filhos. Diva reconhece que ser mãe é ser um representante de Deus aqui na terra. A sua gratidão é ver seus filhos ativos na igreja.
Frutos do esforço
O esforço para colocar os filhos em um colégio adventista foi recompensado. Alexandre se formou no curso de Publicidade e Propaganda e atualmente trabalha no departamento de Comunicação da sede da Igreja Adventista do Estado de São Paulo (União Central Brasileira) em Arthur Nogueira. Já Vinícius faz faculdade de informática e é musico na Igreja. Ambos concordam que a figura da mãe na vida deles é o maior exemplo de dedicação e amor para realizar os seus sonhos.
Diva revela que deseja ir para o Céu com os seus filhos e seu marido, que ainda não é adventista. Daqui há quatro anos ela pode se aposentar mas não quer sair da escola. Os alunos fazem parte da sua vida e ela é muito feliz.[Equipe ASN, Eber Pola]