Eu não sabia o que ela fazia sorrateiramente na madrugada. Ela acendia o fogo do fogão a lenha e preparava um chá, depois sentava-se à mesa com sua Bíblia, sua meditação matinal e sua lição, para encontrar-se com a pessoa mais importante de sua vida. Ela não sabia que com esse hábito estava exercendo uma poderosa influência sobre mim, pois sua busca por Deus na madrugada se refletia durante o dia, quando, diante das dificuldades que surgiam, revelava sua dependência de Deus.

Dias atrás, eu estava escutando o podcast de uma mulher que se dedica a incentivar outras mulheres a serem felizes, a separarem um tempo para o autocuidado, a meditação e o encontro consigo mesmas, fazendo as seguintes perguntas: Como estou me sentindo hoje? O que posso fazer para facilitar meu dia? O que posso mudar para ter um dia feliz?

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Seu foco era despertar o interesse para se colocar em primeiro lugar na lista de prioridades, já que, fazendo parte de uma realidade cheia de compromissos e obrigações, muitas vezes esquecemos de cuidar de nós mesmas.

Isso me fez refletir no interesse que existe ultimamente no mundo em retomar aqueles valores e princípios que nos mantinham equilibrados física, mental e espiritualmente.

Hoje, as visitas ao consultório psicológico têm como principal preocupação a busca de paz, equilíbrio emocional, descanso mental, reencontro com o propósito de vida e uma tomada de decisões assertivas.

O excesso de informações nos deixa tão confusos que não sabemos em quem acreditar. A verdade se tornou tão relativa que não temos rumo nem direção quando se trata de construir nosso caráter. O que dizer então quando se trata dos modelos que estamos apresentando às novas gerações? Podemos dizer que temos convicções quando se trata de educar nossos filhos? Essas convicções se refletem em nossos princípios e valores? Eles têm alguém para imitar quando estão no processo de estabelecer os alicerces de suas vidas?

O poderoso exemplo das mães

É aqui que entra em jogo nosso papel fundamental como mães, porque, no contexto familiar, a mãe desempenha um papel fundamental não apenas no cuidado e na educação básica dos filhos, mas também na formação de seu caráter mediante a aplicação prática dos princípios e valores espirituais.

Referindo-nos à experiência de relacionamento com Deus, o desenvolvimento espiritual das mães tem um impacto profundo e duradouro na educação e no bem-estar emocional e espiritual dos filhos.

Ellen G. White reforça esse conceito: “Há oportunidades de inestimável valor, interesses infinitamente preciosos, confiados a toda a mãe. A humilde rotina dos deveres que as mulheres têm considerado como uma fastidiosa tarefa, deve ser encarada como obra grandiosa e nobre. É privilégio da mãe abençoar o mundo pela sua influência, e fazendo isto trará alegria ao seu próprio coração. Ela pode fazer retas veredas para os pés de seus filhos, através de claridade e sombra, em direção às alturas gloriosas do Céu. Mas, unicamente quando ela procura em sua vida seguir os ensinos de Cristo, é que a mãe pode esperar formar o caráter de seus filhos segundo o modelo divino” (O Lar Adventista, p. 234).

Muitas de nós não têm noção da grande responsabilidade que recai sobre nossos ombros e que não podemos delegar à escola, à igreja ou à comunidade. É única e exclusivamente nossa responsabilidade e precisamos aproveitar toda a ajuda do Céu à nossa disposição para cumprir esse propósito. Por isso, gostaria de trazer à nossa consciência os seguintes pontos:

1. Somos modelo de conduta espiritual.

As crianças aprendem observando e copiando o comportamento daqueles que as rodeiam. Como mães, ao passarmos tanto tempo com nossos filhos, tornamo-nos um de seus primeiros e mais influentes modelos a seguir. Nunca aconteceu com você que, ao observar sua filha de 4 anos brincando com sua boneca, percebeu que ela a deixou sentada em um canto de castigo por se comportar mal, usando o mesmo método de disciplina que você usa com ela? Não é diferente quando se trata de hábitos espirituais. Uma mãe que demonstra uma fé ativa e comprometida, passando tempo com Deus através da oração regular, da leitura da Bíblia e da participação nos cultos da igreja, naturalmente inculca esses hábitos em seus filhos. Os filhos, vendo a devoção de sua mãe, aprendem a valorizar e respeitar essas práticas desde sua mais tenra idade. Além disso, a maneira como lidamos com os desafios diários também serve de ensino para nossos filhos. Se enfrentarmos as dificuldades com paciência e depositamos nossa confiança em Deus, proporcionaremos um exemplo poderoso de fé em ação. Isso lhes ensina a confiar em Deus e a recorrer à oração quando enfrentam seus próprios desafios.

2. Somos modelo de valores cristãos.

O desenvolvimento espiritual de uma mãe afeta profundamente os valores que ela pratica e ensina aos seus filhos. Valores como honestidade, amor ao próximo, compaixão, paciência e perdão são essenciais na vida cristã e são ensinados com maior eficácia através do exemplo diário. Quando uma mãe incorpora esses valores em seu comportamento cotidiano, as crianças têm a oportunidade de aprender esses princípios não apenas na teoria, mas também na prática. Por exemplo, uma mãe que demonstra compaixão pelas outras pessoas, participando em atividades de serviço comunitário ou ajudando a um vizinho necessitado, mostra a seus filhos a importância de cuidar dos outros.

3. Somos apoio emocional e espiritual.

O desenvolvimento espiritual e individual de uma mãe a prepara com as habilidades necessárias para proporcionar apoio emocional e espiritual a seus filhos. Uma mãe espiritualmente madura está mais preparada para guiar seus filhos através de suas próprias lutas espirituais e emocionais. Ela pode oferecer conselhos baseados em princípios bíblicos e ajudar seus filhos a entender e aplicar esses princípios em suas próprias vidas.

A oração desempenha um papel crucial nesse aspecto. As mães podem ensinar seus filhos a buscarem a direção e o consolo de Deus na oração, criando assim um refúgio espiritual para eles em momentos de necessidade.

4. Somos responsáveis pela educação formal e informal.

A influência de uma mãe na educação de seus filhos não se limita ao âmbito espiritual. Ela valoriza com frequência a educação em seu sentido mais amplo. Isso pode ser traduzido em uma atitude mais ativa e comprometida com a educação escolar dos filhos, incluindo a escolha de escolas que reflitam seus valores, a participação nas atividades escolares e a motivação de um ambiente de aprendizagem em casa. Essas mães podem ser mais propensas a incluir ensinamentos bíblicos e lições de vida na educação informal em casa, aproveitando as oportunidades diárias para ensinar através das lentes de sua fé.

5. Precisamos construir uma comunidade de apoio.

Uma mãe com um desenvolvimento espiritual sólido busca com frequência construir e manter uma rede de apoio dentro de sua comunidade religiosa. Isso proporciona aos filhos um ambiente enriquecedor onde podem construir amizades, desenvolver dons e talentos e ter acesso a outros adultos que podem servir como mentores espirituais e modelos a seguir.

O desenvolvimento espiritual de uma mãe não afeta apenas seu próprio bem-estar, mas também tem um impacto profundo na educação e no desenvolvimento de seus filhos. Ao viver nossas crenças de maneira ativa e consciente, podemos proporcionar um modelo sólido de fé e prática cristã, inculcar valores morais e éticos, apoiar emocional e espiritualmente nossos filhos e fomentar um ambiente educativo que priorize o crescimento em todos os aspectos da vida.

Por isso, quero deixar alguns conselhos práticos para cuidar de sua vida espiritual:

1. Estabeleça uma rotina de oração e estudo da Bíblia: dedique tempo a cada manhã para se conectar com Deus. Use um caderno para anotar suas perguntas, reflexões e insights. Isso lhe dará uma perspectiva de seu crescimento e maturidade espiritual.
2. Participe da comunidade de sua igreja: una-se às atividades de adoração e comunhão em sua igreja local. Assista aos cultos regulares, coloque seus dons e talentos à disposição para fortalecer sua fé e comunhão.
3. Busque recursos inspiradores: busque novas perspectivas e ensinos lendo livros cristãos, escutando sermões ou podcasts que a inspirem e fortaleçam sua fé.
4. Pratique a gratidão e a reflexão: cultive uma atitude de gratidão, reconhecendo as bênçãos de Deus em cada momento. Tome um tempo para refletir sobre sua fé e seu relacionamento com Deus, avaliando como você pode crescer e melhorar em seu caminho espiritual.
5. Busque o equilíbrio e a paz interior: encontre formas de reduzir o estresse e a ansiedade, como praticar exercícios de respiração, uma caminhada ao ar livre ou simplesmente passar tempo na natureza. Use os oito remédios naturais.
6. Sirva aos outros: busque oportunidades para servir aos outros em sua comunidade. O serviço altruísta não apenas reflete os valores cristãos, mas também lhe dá uma sensação de propósito e conexão com Deus.
7. Cultive relacionamentos significativos: o companheirismo e o apoio mútuo podem proporcionar a você um senso de pertencimento e amizade.
8. Seja flexível e perseverante: reconheça que sua vida espiritual é uma viagem em constante crescimento. Seja flexível em seu foco e permita-se crescer através das experiências e dos desafios que você enfrenta. Mantenha uma atitude perseverante, confiando que Deus está com você em todo o caminho.

“Existe um Deus em cima no Céu, e a luz e glória do Seu trono repousam sobre a fiel mãe enquanto ela se esforça por educar os filhos para resistirem à influência do mal. Nenhuma outra obra pode se comparar à sua em importância. Ela não tem, como o artista, de pintar na tela uma bela forma, nem, como o escultor, de cinzelá-la no mármore. Não tem, como o escritor, de expressar um nobre pensamento em eloquentes palavras, nem, como o músico, de exprimir em melodia um belo sentimento. Cumpre-lhe, com o auxílio divino, gravar na alma humana a imagem de Deus” (O Lar Adventista, p. 237).

Não posso encerrar sem lembrar você das palavras de Jesus em João 15:5: “Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada”. Você quer, como fruto, filhos para o reino de Deus? Então, não deixe de permanecer Nele. Minha mãe entendeu isso e sempre priorizou suas madrugadas com Deus.

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