Coral com detentas em Roraima promove ressocialização e evangelismo
Ao todo 20 mulheres que cumprem pena na unidade prisional formam o coral Rosa de Saron.
Histórias de vida que se repetem e se confundem. Muitas chegaram ao sistema prisional por querer ajudar o companheiro, outras assumem o erro e se mostram arrependidas. Mas todas tem o mesmo sentimento de que o tempo do lado de dentro das grades parece passar mais lento.
E a música se tornou um bálsamo para vinte delas, que se permitiram aprender algo novo. Como Margarida (nome fictício) que está no local há dois anos: “Eu já fui da igreja quando era pequena, cantava, me afastei de Deus, da minha família e vim parar aqui, mas foi aqui que Deus me restaurou, hoje eu sei que tenho um propósito e que vai se cumprir, porque Deus me prometeu”, conta.
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Início do projeto
O trabalho começou para trazer esperança e momentos mais leves para essas mulheres. Agora ganhou corpo e o coral já tem quatro músicas ensaiadas e fila de espera para participar. “Não tenho como dizer não para nenhuma mulher que queira cantar. Meu trabalho aqui é apenas ensinar e ensaiar. Todas elas têm um dom e estamos só ajudando a descobrir qual é”, explica o regente Ananias Lima.
Os ensaios ocorrem uma vez por semana, seguidos pelos estudos bíblicos e momentos de descontração para cada uma delas. Por algumas horas, esquecem que estão sem liberdade física. “As detentas que participam das atividades da igreja, do coral, dos estudos da Bíblia, são mais alegres e tranquilas, sem dúvida isso vai fazer a diferença a vida delas lá fora”, conta a policial penal Raquel Leite.
Missão
O trabalho missionário na cadeia pública feminina de Roraima é comandado por Dulcineia Cordeiro, que aos poucos ganhou confiança e respeito das detentas e da direção da unidade. Já foram mais de 80 batismos realizados no local. "Todos os sábados eu estou aqui. Agora tenho uma equipe que me ajuda, mas muitas vezes eu vinha sozinha. Elas precisam de atenção, de cuidado e faço o que eu posso. No caso de muitas delas, a família lá fora vive em situação bem difícil e eu tento ajudar, peço ajuda de amigos, da igreja e vou ajudando como posso”, destaca a missionária.
De todas as detentas que já receberam estudo bíblico, Maria (nome fictício) se destaca. Ela não apenas recebeu os estudos e foi batizada, mas hoje ajuda no trabalho missionário dentro da cadeia, dá estudos diariamente com as demais mulheres e revisa no sábado com a equipe da igreja. “Ela se tornou uma bênção aqui dentro, hoje ela fala de Jesus a semana toda, alimenta as companheiras de cela e até para as policiais”, conta a Dulcineia.