Igreja Adventista promove produção de salmos autorais inspirados no livro da Bíblia
Ideia surgiu após a igreja passar um trimestre dedicada ao estudo do livro de Salmos
Você já pensou em conversar com Deus por meio da escrita de um salmo? A Igreja Adventista de Colégio, localizada na região centro-sul do Rio de Janeiro, desafiou seus membros a comporem seus próprios salmos de modo que expressasse de maneira criativa seus sentimentos ao Criador.
A iniciativa veio após a igreja passar um trimestre estudando o livro de Salmos na Escola Sabatina — um departamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) estabelecido com o propósito de ser o principal veículo de instrução religiosa da Igreja. O encontro acontece aos sábados e, geralmente, segue um programa padrão. Mas neste sábado, 6, a IASD Colégio passou uma hora e meia recitando os salmos autorais e cantando músicas.
A apresentação dos poemas foi leve e inspiradora. Um momento ímpar que até foi comparado a um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). "Passamos três meses estudando sobre os Salmos, então colocamos na prática o que aprendemos, adorar a Deus por meio da escrita e com sinceridade. Aqui está o nosso TCC e a nota dele só saberemos no céu", expressa Luís Cláudio de Souza, idealizador do projeto.
Processo de criação
Os salmos escritos pelos membros da igreja abordam uma ampla gama de temas, desde gratidão e louvor a dúvida e angústia. Alguns são poéticos e contemplativos, enquanto outros são mais diretos e emocionais. No entanto, todas as escritas possuem algo em comum: a busca por conexão espiritual.
Luís Cláudio conta que seu processo de criação para escrever foi natural, sem planejamento. "Eu estudava uma das lições e aí surgiu uma frase na minha cabeça, algo como 'estar distraído com as coisas do mundo'. Então, a partir dessa frase, escrevi sobre a história da minha conversão e a importância da minha família. Os versinhos vieram despretensiosamente", relata.
Luís acredita não ter habilidade para produzir textos e ficou surpreso com o resultado final. "Eu não tenho o costume de escrever nada e tenho certeza que Deus quem colocou as frases na minha cabeça. No fim, eu gostei muito", afirma. Ele também enxerga que sua criação do salmo foi uma superação. "A gente fica um pouquinho envergonhado de falar dos nossos pensamentos, mas eu acreditei que se eu vencesse a minha resistência inicial, poderia incentivar a igreja também a fazer isso", expõe.
A determinação de Luís chegou longe. Além dos salmos desenvolvidos pelos membros, até uma música inédita foi apresentada por um deles. Outra composição que chamou atenção foi a do senhor Sebastião Marreiros, que apesar de estar no leito de um hospital, não deixou de participar do projeto.
Salmo de Gratidão ao Senhor
Sebastião da Cruz Marreiros dos Santos tem 63 anos de idade. Embora tenha nascido no dia 26 de abril, passou a comemorar sua vida duas vezes ao ano, também celebra no dia 4 de abril. A data marca sua cirurgia de transplante de fígado feita em 2023 e, desde então, o hospital se tornou sua segunda casa.
A situação atual não o impediu de reconhecer a graça divina. "Esse salmo de gratidão foi um presente de Deus pra mim, porque toda vez que eu parava para escrever, me concentrava em Deus e me entregava nas mãos dEle. A sensação que eu tinha é que estava flutuando nas nuvens, nem parecia estar dentro desse quarto de hospital", conta emotivo.
A seu pedido, a poesia foi impressa e colocada em uma moldura. O objetivo é estar às vistas de todos, para que quem passar pelo seu quarto possa contemplar o seu testemunho. "Metade do hospital já leu e acharam lindo, glória a Deus por isso", diz Sebastião sobre o resultado de sua participação no projeto.
Nascido no município Santa Luz, interior do Piauí, foi alfabetizado aos 9 anos e criou paixão pela escrita ao ler gibis. Na fase adulta, escreveu poemas para sua esposa e, recentemente, músicas para suas netas. A escrita do salmo o inspirou a passar mais tempo na criação de textos sobre o evangelho. Seu próximo projeto é escrever um livro sobre os grandes missionários que já existiram, pretende chamar a obra de "Garimpeiros de Deus".