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Coluna | Carolyn Azo

A voz que me chamava

Há alguns anos, eu regressava das minhas aulas do décimo ciclo de Ciências da Comunicação. Estava muito cansada. Eram os últimos exames do primeiro trimestre que eu tinha que prestar, e devia estudar muito mais para poder me formar como membro do ter...


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Há alguns anos, eu regressava das minhas aulas do décimo ciclo de Ciências da Comunicação. Estava muito cansada. Eram os últimos exames do primeiro trimestre que eu tinha que prestar, e devia estudar muito mais para poder me formar como membro do terço superior universitário. Aquela noite recordo que cheguei à casa, coloquei minha bolsa com meus livros em cima de minha mesa de estudos, fui jantar e estava muito cansada. De repente, eu me lembrei de que precisava terminar um trabalho para o dia seguinte à primeira hora. Eu me levantei num pulo e tive que ficar até um pouco mais de meia noite terminando esse trabalho. Quando eu o terminei, fui dormir com o desejo de não me levantar mais. No entanto, uns meses antes eu vinha pedindo a Deus para escutar Sua voz. Mas em realidade, não tinha ideia da magnitude do que estava pedindo.

Naquela madrugada, eu fui dormir como se não houvesse dormido dois dias. Agora creio que deveria haver organizado melhor meu tempo, para que isso não acontecesse, e ir descansar mais cedo, com o objetivo de me levantar para fazer meu culto pessoal, como era e ainda é meu hábito.

Silêncio… Tudo estava escuro, até que...“Cárolyn, Cárolyn, levante-se”. A propósito, meu sono é sensível, mas não pensei que fosse tão sensível. Quando escutei aquela voz, eu não devia tê-lo escutado, porque estava muito cansada. Como era possível que alguém me chamasse a essa hora da madrugada? (4h00). Então, eu voltei a me tapar com o cobertor, pois fazia muito frio. Minutos depois...“Cárolyn, Cárolyn, levante-se.” Papai, é você?, perguntei, pensando que era meu pai biológico. E ninguém me respondeu na escuridão da noite. Parecia um sonho real. Segundos depois, um silêncio profundo invadiu meu quarto... “Cárolyn, Cárolyn, levante-se.” Em seguida, tive temor e disse: “¿Quem é e por que me chama?” Reagi e respondi: “És Tu, Senhor?” E um desejo de orar muito forte se apoderou de mim e uma voz ressoava em minha mente: “Sim, Eu Sou”. Então respondi àquela voz: “Papito (eu gosto de chamar Deus assim), estou muito cansada. Estou com frio. O que Te parece se em duas horas eu me levantar e falar contigo?”

Que lástima! O sono me fez perder essa tremenda oportunidade. Quando vi a hora, em meu celular, eram 4h30 da manhã, e voltei a me cobrir com o cobertor.

Grande tristeza inundou meu coração, duas horas depois, quando o alarme do celular soou e eu soube que havia perdido a oportunidade de minha vida. Não podia superar haver feito Deus esperar. Por uns bons meses, eu me culpava e pedia misericórdia e a oportunidade de poder escutar que Ele me chamasse novamente.

Seis anos mais tarde

Minha vida transcorria longe de casa, aparentemente “sozinha”, em um apartamento, mas muito mais madura espiritualmente. Desde então, eu aprendi que desobedeci àquela voz para organizar melhor meu tempo. Havia começado a dar muito mais valor aos meus encontros diários com Deus cada manhã e isso me fazia feliz. Eu sentia que não merecia que o Senhor Se fixasse em mim.
Um sábado de manhã, saindo de casa, uma vizinha se ofereceu para me levar à igreja e alegremente aceitei o convite, sem saber que aquele dia mudaria, mais ainda, o rumo de minha vida. Recordo que o pastor que pregou no culto divino pregou para mim. Nunca antes havia entendido o que era abandonar-se nos braços de Jesus. Ele contou uma alegoria:

Imaginem que você está dirigindo seu carro, e seu carro é sua vida, e ao lado vai Jesus. Quando você vê que podem atropelar você, você diz: “Senhor, toma minha vida”, mas você não Lhe dá as chaves de seu carro (de sua vida). Então, como você pretende que Jesus o(a) salve ou tome sua vida, quando você não está disposto a deixar-se guiar por Ele? Isso já aconteceu com alguém?” Respondi para mim: “sim”. O pastor continuou dizendo: “Então é momento de você se abandonar em Jesus. Talvez você tenha medo de perder o que mais gosta ou ama de sua vida, pensa que vai dar errado, que você terá que sofrer; mas confie, sempre o que Deus quer para você será o melhor de tudo. Perca-se nos braços de Jesus, deixe-lhe suas cargas, deixe que ele guie o leme de sua vida. Ofereça-se como oferta diante do altar dEle”. Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto e desde aquele sábado decidi abandonar-me nos braços do maravilhoso Redentor. Assim, ao voltar para casa, dobrei meus joelhos e chorei como uma menina desconsolada diante da presença de Deus e me abandonei nele.

Três dias depois

Colocando minha vida sobre o altar, eu fui descansar com felicidade e paz no coração.
Será que a história acaba aqui? Esperem um próximo capítulo (sorriso). Está bem. Terminarei mina história neste texto, ouvindo um trovão muito forte e com desejo de ir para a cama.

Uma noite menos para que Cristo regresse. Na escuridão, abandonada, outra vez, no colo do Todo Poderoso, eu Lhe pedi que me dissesse o que devia escrever para os meus queridos leitores, até que aconteceu.

“Cárolyn…”, a última sílaba se prolongou um pouco mais e o chamado foi tão claro, que recordei minha experiência passada e respondi: “Aqui estou, Paizinho. Faça o que quiser de mim. Eu Te amo”. Eu me levantei de um salto da cama e com frio e tudo, vi a hora e eram exatamente 4h30 da manhã, a mesma hora que o Senhor costumava me acordar há algum tempo, mas esta vez com voz forte e aguda. Que maravilhoso! Novamente, o Senhor havia respondido minha oração, voltei a escutar Sua voz e orei com um poder sem igual, poder que desceu do Espírito Santo.

Isso trouxe consequências que prometo que vou dizer em minha próxima coluna. Querem uma prévia? Está bem. Deixo-lhes um possível título: “Luzes no céu”.
Até a próxima e que Deus os abençoe.

Carolyn Azo

Carolyn Azo

Desafios Espirituais

Reflita sobre as vicissitudes da vida em sua caminhada diária com Deus e saiba que ainda existe esperança.

Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Peruana Unión, trabalhou no canal internacional 3ABN, nos Estados Unidos, e em várias instituições adventistas. Atualmente é assessora de comunicação da sede sul-americana da Igreja. @karolineramosa