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Jubilação: tempo para novas perspectivas

Impressões importantes sobre pastores e suas família quando encerram a fase ativa e formal do ministério. Novos passos precisam ser dados.


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A vida após a jubilação ainda tem muitas oportunidades (Foto: Shutterstock)

“E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa” (Lucas 1: 23).

Com o aumento da expectativa de vida, pastores e obreiros que se aposentam não “penduram as chuteiras”, mas apenas encerram um ciclo. Após servirem no ministério pastoral por 35 ou 40 anos, alguns até mais, surgem oportunidades para continuarem trabalhando. Abrem-se novas perspectivas, principalmente para pastores ordenados que mantêm a credencial ministerial especial.

Neste sentido, os imperativos da missão evangélica (Mateus 28: 19-20) como batizar, fazer discípulos, oficiar casamentos, mentorear pastores aspirantes se tornam ainda mais requisitados, pois a Igreja Adventista reconhece o valor da experiência dos jubilados.

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O pastor Joel Sarli, ex-secretário ministerial associado da sede mundial adventista, jubilado desde 2005, ainda se mantém ativo junto aos seus ex-alunos de Teologia. Para a turma 1977-1981, escreveu: “Na floresta, carvalhos mais velhos tombam para dar lugar aos mais jovens”.

Para além da carga poética, a parábola traz lições. Por mais imponente que seja o carvalho, um dia ele tomba. Nesta fase da vida, os pessimistas poderão experimentar a prostração, porém os otimistas vêem espaço para ressignificar o ministério.

Velhos carvalhos continuam relevantes se entrelaçando aos novos galhos, porque existe um objetivo: dar-lhes amparo e suporte. Na floresta, os troncos curvados servem de arrimo para as espécies que crescem e se desenvolvem. Jubilação que importa é aquela que olha o mundo pelas lentes do altruísmo.

No Novo Testamento, há registro de que sacerdotes, ao se jubilarem, retornavam para a família (ver Comentário Bíblico Adventista, volume 5, página 743). O profeta Zacarias fez isto ao final de seu turno: “E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa” (Lucas 1:23).

Expectativa de vida

Com os índices de expectativa de vida mais altos do que em décadas passadas, o “ir para casa” não significa paralisia. Ao contrário, abrem-se imensas possibilidades. Valendo-se dos benefícios da saúde preventiva, pastores jubilados se mantêm saudáveis e colaborativos.

Onde eles fixam residência, a comunidade é abençoada pela experiência acumulada na prática ministerial. Assim, pastores e obreiros jubilados se tornam referência e fonte de inspiração. Além, é verdade, de disporem de tempo para realizar sonhos pessoais, como desfrutar de viagens turísticas ou iniciar projetos acadêmicos.

A voz profética, por meio de Ellen White, aconselha que obreiros que serviram a missão têm contribuições a oferecer à Igreja devido a experiência acumulada. Ela afirma que  “à medida que aqueles que gastaram sua vida no serviço do Senhor se aproximarem do fim de sua história terrestre, serão impressionados pelo Espírito Santo a contar as experiências que tiveram, relacionadas com Sua obra”, (Testemunhos para Igreja, volume 7, página 288.2).

Núcleos de apoio

Por isso, as secretarias ministeriais das regiões administrativas adventistas (Uniões e Associações), organizam Associações de Jubilados para funcionarem como núcleos de influência e suporte à Missão da Igreja. Com isso, igrejas recebem apoio para seus programas locais. Recentemente, na cidade de Bauru, no oeste paulista, a igreja de Piratininga (SP) foi construída em um ano e dois meses pela disposição de um pastor jubilado.

José Elias Zanotelli, após servir a Igreja Adventista por 38 anos como pastor distrital, diretor de instituição universitária, diretor de departamentos, secretário-executivo e presidente de associações nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, aceitou o desafio de liderar a construção do pequeno grupo.

Ele arregimentou os membros, estudaram os princípios da mordomia cristã e, sob a bênção de Deus, as obras avançaram. No dia da inauguração, em 23 de julho de 2023, o pastor Zanotelli afirmou: “Sou grato a Deus. A jubilação é a fase em que se agradece a Deus a oportunidade do chamado”.

A noção de que o “chamado é para toda a vida” torna a prática ministerial em compromisso pessoal, mesmo depois de jubilado. Além de ser permanente motivação para líderes nas igrejas locais, também inspira pastores mais novos. Mais uma vez, é interessante observar o que Ellen White fala. Ela afirma que o Senhor deseja que os obreiros mais novos ganhem sabedoria, força e maturidade pela associação com os obreiros mais velhos que se entregaram à causa ... Demonstrem grande respeito por esses homens de cabelos brancos, que tiveram parte importante no desenvolvimento da obra”, Testemunhos para Igreja, volume 7, página 289.2.

Com o passar dos anos, inevitavelmente o peso da idade deixa marcas naqueles que serviram fielmente ao Senhor. Por isso, reconheça a dedicação destes homens e mulheres. Ofereça carinho, suporte aos familiares e visite-os quando estiverem limitados pela enfermidade. Nossa esperança é de novos céus e nova Terra, pois, a nossa pátria não é aqui. Desta forma, sob a proteção do Espírito Santo, caminhamos com os olhos fixos nas coisas invisíveis (2 Pedro 3: 13; Filipenses 3: 20-21). Maranata!


Jael Eneas é secretário de Comunicação da Associação de Obreiros Jubilados da sede adventista para o Estado de São Paulo (União Central Brasileira).