Igreja do UNASP Hortolândia monta ‘hospital’ no Líbano
Os voluntários realizaram 1.700 consultas médicas e odontológicas, além de doar óculos de grau e medicamentos para os libaneses.
Um grupo de 25 voluntários da Igreja do UNASP, campus Hortolândia, embarcou em agosto para o Líbano, situado na fronteira com a Síria, no Oriente Médio. Na bagagem foram incluídos equipamentos para montar um consultório oftalmológico portátil completo, armações de óculos de grau, aparelhos odontológicos e medicamentos para montar um “hospital” no país islâmico com o objetivo de cuidar da saúde de milhares de sírios e libaneses. Os médicos e dentistas voluntários realizaram 1.700 consultas com o auxílio de outros profissionais.
O projeto Winners atua no Líbano há muitos anos oferecendo atividades educacionais e esportivas para crianças carentes. É um ministério apoiado pela FE (Federação de Empreendedores Adventistas). O projeto recebeu os voluntários para uma estadia segura, quando ninguém imaginava que uma guerra (Hamas x Israel) estava por vir.
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Os missionários da Igreja do UNASP, campus Hortolândia ficaram por 17 dias no Líbano, durante o mês de agosto, e retornaram ao Brasil em segurança antes mesmo do início do conflito. Porém, Mariah Custódio não retornou ao Brasil para ficar no país árabe como voluntária por dois anos. Mesmo com os atuais conflitos, ela e seus colegas de missão vindos de outros lugares do mundo, decidiram continuar no local. Nesse momento delicado, eles recebem ainda mais atenção da Igreja Adventista para continuarem em segurança no país.
Atendimento de saúde
O grupo missionário do UNASP, campus Hortolândia, atendeu na Mesquita e na Prefeitura de Majdal-Anjar, localizada a 62 km da capital libanesa, Beirute. O vice-prefeito Saed Yassine foi conhecer o local de assistência e aproveitou para passar em atendimento médico. A autoridade publicou em suas redes sociais um agradecimento pelos projetos sociais desenvolvidos em prol da população.
Aos 73 anos de idade, o oftalmologista doutor Edgard Oliveira Junior é missionário há muitos anos e topou embarcar em mais uma missão. A área oftalmológica atendeu 659 pacientes. Dessas, 535 pessoas ganharam óculos de grau, feitos sob medida. O clínico geral, doutor Edson Jara, e o pediatra, doutor Albert Schveitzer, atenderam 750 libaneses e sírios. De acordo com o doutor Edson, “a maioria dos pacientes se queixava de estresse, ansiedade e dores musculares, aparentemente por demasiado esforço físico”.
Os dentistas enfrentaram muitos desafios para tratar a saúde bucal, isso porque a população não tem o hábito de escovar os dentes. A odontologia atendeu 400 pessoas, realizou restaurações, cirurgias, dentre outros procedimentos, devolvendo a saúde e a autoestima de crianças até idosos. No Líbano, o pastor Ronaldo Arco, da Igreja do UNASP, campus Hortolândia, auxiliou médicos e dentistas, assim como outros membros da equipe atuaram em áreas diferentes das que estão acostumados. Alguns foram cozinheiros, tradutores e recepcionistas e atendentes da ótica e da farmácia, ambas unidades montadas para prestar assistência aos pacientes.
Diferenças
O calor, o fuso horário, o idioma, a extensa jornada de trabalho, a cultura, a religião e principalmente os constantes blackouts tornaram a missão ainda mais desafiadora. No entanto, a determinação em ajudar o povo foi muito maior que os desafios.
Thiago Icassatti, analista funcional, atuou na missão como auxiliar de dentista e tradutor. Ele evidencia uma rixa declarada dos libaneses contra os sírios, fato que dificultava o atendimento nas consultas. “As mulheres são ignoradas pelos homens e os pais têm o costume de agredir fisicamente seus filhos. Outro fato é que eles não cumprimentam com aperto de mão as pessoas do sexo oposto”, relata o tradutor.
O país vive atualmente uma profunda crise econômica. Para se ter uma ideia, um profissional que ganha bem recebe o salário mensal de US$ 80. A religião predominante no Líbano é o islamismo, os fiéis são muçulmanos e creem em Alá. “Os missionários foram orientados a não falar de religião, nem de Jesus, a não ser se fosse perguntado algo”, completa Thiago.
Milagres
Os desafios começaram antes mesmo da viagem, a começar pelo valor alto a ser custeado por cada voluntário. A nutricionista Keilise Ebinger foi surpreendida pela resposta imediata à sua oração. “Eu estava na reunião da Missão Líbano e decidi orar para conseguir recurso financeiro para ir à missão. Em seguida, um casal se aproximou e disse que não poderia ir ao Líbano, mas que sentiu vontade de pagar todos os custos da minha viagem”, conta muito agradecida.
De acordo com o relato do doutor Edgard, “a poucos dias de embarcarmos, descobrimos que os equipamentos oftalmológicos para realizarmos os exames de visão não estavam mais disponíveis no Líbano. Então, o oftalmologista se uniu a um grupo de oração para interceder pela difícil situação. “Em apenas um dia conseguimos adquirir os materiais a preço de custo. Foi um verdadeiro milagre”, opina ele.
O doutor Edson mostra como a oração pode resolver imediatamente um problema. “Estava na mesquita atendendo e de repente terminou a luz. O local estava lotado de pacientes e com os ventiladores e ares-condicionados desligados, obviamente o calor aumentou deixando as pessoas desconfortáveis. Então, resolvi chamar dois colegas da missão para orarmos pedindo que a energia voltasse, e a resposta foi imediata. Assim que falamos amém, a luz voltou”, narrou o clínico geral.
Outra experiência marcante aconteceu no alojamento dos homens. O local foi alvo de um ataque a pedradas e a tiros por um vizinho irritado com o barulho do gerador. No dia seguinte, os voluntários encontraram as cápsulas de balas e as pedras espalhadas no chão, e agradeceram a Deus por ninguém ter sido atingido.
Amizades e gratidão
Os voluntários também tiveram momentos de descontração com o povo libanês. “Fui convidado para passear e experimentar as comidas típicas, como o manaysh, similar a pizza. Tive a oportunidade de cantar louvores na residência de outra família libanesa”, conta Thiago. O doutor Edson contemplou as paisagens do país árabe citadas na Bíblia. “Conhecemos lugares exuberantes como o Vale dos Cedros, além das cidades de Sídon, Tiro e Zahlé”, especificou o médico.
Os integrantes da Missão Líbano retornaram ao Brasil com a certeza de que a missão foi cumprida. Prova disso é esse recado: “A população de Majdal-Anjar falou que nunca foram tratados tão bem por um grupo de voluntários, que se sentiram amados e perguntaram quando o grupo vai retornar ao país”, comunicou uma libanesa para os voluntários. A Missão Líbano do UNASP, campus Hortolândia, ainda não tem previsão de voltar ao local, principalmente pelo atual cenário de conflito próximo ao Líbano, mas enquanto isso, a tecnologia ajuda os voluntários a manterem contato com alguns pacientes que se tornaram amigos.
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