O tear de Deus
Conheça a história de Alcides Coimbra, que perdeu quatro familiares em 15 meses
Americana, SP... [ASN] Em uma tecelaria localizada em uma região industrial de Americana, no interior paulista, as máquinas dão uma pausa. Após horas de intenso barulho, o silêncio alivia o tímpano dos trabalhadores do local. Em um dos salões com o maquinário é possível ouvir uma voz solitária.
Voz solitária. O adjetivo não é somente por causa daquela ser a única voz no ambiente. A solidão também marcou uma fase recente da vida do advogado Alcides Coimbra, líder de Liberdade Religiosa da Igreja Adventista no Estado de São Paulo. As palavras formadas pela voz dele e que ecoam pelo galpão fazem com que o lugar sirva de metáfora à essa fase de provação.
O “doutor Coimbra”, como é chamado pelos colegas de escritório, é uma pessoa ponderada, de fala pensada e roupas alinhadas. Se encaixa perfeitamente no estereótipo de advogado. Entretanto, a experiência que ele teve entre 2011 e 2012 em relação à resposta de orações foge do que é considerado um estereótipo sobre o assunto.
Emaranhado de fios
Horas antes da entrevista começar, a fábrica produzia tecidos em pleno vapor. Logo na entrada, ao lado esquerdo do portão, há um suporte para vários rolos de fios. Separados, eles se unem em uma das pontas, dando origem a um rolo maior. De longe, é até difícil de imaginar que um emaranhado de fios pode formar um rolo. Todavia, mesmo quando juntos, os fios não formam um tecido. Cada um ainda depende da resistência de sua própria fibra para não quebrar.
A vida, por vezes, parece frágil como um fio. Em março de 2011, o pai de Coimbra, João Coimbra, passou por um procedimento cirúrgico após uma queda na rua. Durante o período de pós-operatório, uma infecção hospitalar resultou no óbito do pai de Coimbra.
Como se não bastasse
O período de luto intensificou-se quando, em maio, Raquel Gassul, então esposa de Coimbra, faleceu em decorrência de um câncer que fora diagnosticado quatro meses antes. “Como se não bastasse”, a voz solitária continua contando como, uma a uma, as pessoas mais próximas faleceram.
Em outubro do mesmo ano, durante um procedimento cirúrgico, a filha de Coimbra, Susye Priscilla, não resistiu a um choque anafilático e foi mais uma perda. Novamente o como se não bastasse poderia ser falado. Essa frase, no entanto, sugere uma inquietação ou até mesmo uma titubeada na confiança de Coimbra em Deus. “Teve gente que chegou a cobrar de mim uma reação negativa a tudo isso”, relata.
Ao passar pelas tragédias, uma seguida da outra, a angústia pela falta da intervenção divina nos acontecimentos ia aumentando. Nesse processo de maturação da fé, Coimbra entendeu que, por mais que o agora seja confuso, o futuro é certo. No processo de tear, os fios podem parecer embaraçados, mas é no entrelaçar dos fios que o tecido se forma. Com essa consciência, o advogado permanecia fiel a Deus.
Dando prosseguimento à fase de perda de pessoas queridas, em junho de 2012 Coimbra tornou-se órfão de mãe. Em pouco mais de um ano, o líder de Liberdade Religiosa para a Igreja Adventista no Estado de São Paulo perdera os pais, a esposa e a filha. “A vida que vale a pena é aquela que está reservada pra nós e que Jesus disse que iria preparar”, opina Coimbra.
O artesão
No processo de tecelagem, o olhar apressado notará apenas um emaranhado de fios. Porém, na visão do artesão, o cruzamento incessante de fios formará um tecido uniforme. No caso, o artesão é Deus, que tem controle sobre o pano - a história da humanidade em pecado - cujo ponto final já foi descrito na Bíblia. Portanto, é válido crer no amparo divino inclusive nos momentos de provação. [Equipe ASN, Lucas Rocha]
http://www.youtube.com/watch?v=42dXx4FG5H4