Estudantes descobrem prazer em ajudar aos carentes
Onze famílias carentes foram beneficiadas pelo projeto "Fazer o Bem Faz Bem".
O quarto bimestre no Colégio Adventista de Itaboraí foi dedicado ao desenvolvimento da solidariedade. O Projeto intitulado “Fazer o Bem Faz Bem”, sob o comando da coordenadora pedagógica Walquiria Tamandaré, movimentou toda a escola. “O objetivo maior foi sensibilizar os nossos alunos, fazendo-os pensar nas necessidades do próximo, pois muitos achavam que esse próximo estava um pouco distante da realidade deles.”
Ao todo, aproximadamente 650 alunos, 40 professores e 18 colaboradores participaram do projeto. Os alunos da Educação Infantil adotaram um orfanato; do Fundamental I, um instituto que auxilia gestantes adolescentes e os demais, do Fundamental II e do Ensino Médio adotaram, cada turma, uma família carente de um dos bairros mais pobres da cidade. No total, 11 famílias carentes foram beneficiadas.
O primeiro passo foi levar os alunos para conhecerem mais de perto as necessidades de cada família. A maior parte se
chocou ao se deparar com uma realidade tão cruel. Em sala de aula os professores levaram os alunos à reflexão sobre os problemas mais graves detectados e identificaram medidas que poderiam ser tomadas para resolver ou amenizar a situação. Foram arrecadados muitos alimentos, roupas, brinquedos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, material escolar, enxoval, etc.
A cidade
Com 180 anos de emancipação político-administrativa Itaboraí vivencia hoje uma grande mudança após a chegada do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ). Após 30 anos de descaso político com a população, o município se prepara para dar um salto econômico e social. Para os próximos dez anos, a expectativa é que a população
saia de 220 mil para 1 milhão de habitantes.
O maior problema que a cidade enfrenta é a falta de estrutura residencial e urbana para receber tantos moradores. Segundo dados da prefeitura aproximadamente 20% da população vivem abaixo da linha da pobreza.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a cidade ocupa o topo da lista dos municípios do Estado do Rio de Janeiro que ainda convivem com valas negras e esgoto a céu aberto. “No início desse ano, quando nós assumimos o governo, 95% dos bairros não possuía saneamento básico. Nós estamos trabalhando para que até o fim do nosso mandato pelo menos 85% seja resolvido”, disse o atual prefeito Helil Cardozo.
A entrega
No domingo, 24 de novembro, a escola se abriu para receber as famílias e entregar todas as doações. Diversos profissionais voluntários e os próprios alunos ofereceram refeições e serviços gratuitos, como aplicação de flúor, corte de cabelo, manicure, massagem, exames de saúde, etc. Estava à disposição também assistências social e jurídica, além de um cadastro de empregos.
A assistente social da prefeitura, Cleunice Gomes, acompanhou todos os passos do projeto e acredita que essa iniciativa incentivará as famílias a buscarem outra perspectiva de vida. “Não adianta hoje eles levarem o alimento e amanhã não terem nada. Eles precisam ter o desejo de buscar uma mudança e isso graças a Deus nós estamos conseguindo fazer. Mas é um processo a longo prazo”. E por isso, a coordenadora Walquiria enfatizou que projeto não termina aqui. As famílias continuarão sendo acompanhadas e assistidas com tratamentos médicos e capacitação para o mercado de trabalho. “A gente podendo fazer parte da vida deles, incentivando a buscarem um emprego, a melhorar as suas condições de vida é muito importante. É uma honra fazer parte disso”, complementa a assistente social Cleunice.
E depois de tudo isso o que os alunos aprenderam? A estudante Júlia Ferraz, do 2º ano do Ensino Médio, concluiu que “precisamos voltar os nossos olhos para as coisas que realmente são importantes. Porque às vezes ficamos preocupados com tantas futilidades enquanto muitos precisam de coisas que a gente tem fácil, por isso não damos valor.” E ela pretende ir além: “eu quero levar a minha família para conhecer essa casa e continuar ajudando”. [Equipe ASN, Tatiana Buitrago. Fotos: Geovana Dias]