O que os cangurus nos mostram
As informações geradas pelos dados de grandes e importantes pesquisas são, na maioria dos casos, interessantíssimas. Uma das principais pesquisas realizadas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a PNAD (Pesquisa Nacional por Am...
As informações geradas pelos dados de grandes e importantes pesquisas são, na maioria dos casos, interessantíssimas. Uma das principais pesquisas realizadas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), mostrou que, no nosso país, a proporção de jovens adultos (25 a 34 anos) que moram com os pais está aumentando.
A popular “geração canguru” teve suas fileiras aumentadas de 20% para 24% (quase 1 a cada 5) do público descrito acima, nos últimos 10 anos. Isso significa que cada vez mais jovens adultos brasileiros estão preferindo continuar morando com os pais, mesmo com maior escolaridade, empregos melhores e salários maiores, dados confirmados pela pesquisa. Pesquisas em diversos países do mundo constatam este movimento como uma grande tendência.
Os dados contrariam muito do que a minha geração ouviu como o proceder do amadurecimento: comece logo a trabalhar,faça uma faculdade e caia fora de casa! Viva a vida, caia no mundo, tenha suas próprias experiências, faça tudo de forma intensa e livre de preconceitos.
Parece que a nova geração, a mesma que é hiperconectada e interativa (e para muitos “especialistas”, alheia a aspectos como hierarquia e segurança) está notando que nem tudo é aventura. As análises indicam que, por mais diferente que seja o motivo, a vontade de ficar perto do pai e da mãe é feita de forma voluntária. Tenho visto um burburinho rolando nos bastidores e grupos de profissionais de marketing, que começaram a discutir de forma mais veemente o comportamento psicográfico destes novos “cangurus”, que agora são, definitivamente, um nicho estabelecido, porém ainda não totalmente entendido.
Acho interessante este movimento. Parece clamar, em clima de nostalgia, que somos seres motivados a estar juntos daqueles que amamos e que nos dispensaram tanto amor, por mais diferente que isso pareça. Já pensou na sua vontade de ficar perto dos seus queridos?
Esta “síndrome” de canguru não é, caros amigos, uma ida ao futuro. Para mim, é uma volta ao passado, às origens. A civilização moderna criou pessoas solitárias e que desvalorizam as coisas simples da vida. Esta volta é uma percepção, ainda que não programada, de valor da família e de costumes pregados pela Bíblia e pelos cristãos ao longo da história.
O que nos faz ir um pouco mais longe no nosso pensamento. O quanto de “cangurus” temos com nosso Pai do Céu? Com nosso Lar? Com nossos costumes de quando pequenos, nos departamentos infantis e de jovens nas nossas igrejas de origem? Vejo muita gente nostálgica quanto a este tema, o que indica um bom sinal. Mas a volta às origens, ao primeiro amor, deve ser tendência no nosso meio, assim como o é na sociedade.
Lembro-me com carinho da letra do belíssimo hino “Saudade” (HASD 340), escrita pela gigante Fanny Jane Crosby: “Qual filho, do seu lar, saudoso, eu quero ir (...)”. É a representação musical do DNA adventista. DNA que mostra que somos “cangurus” da mais pura espécie!
PARA LER, VER E OUVIR MAIS
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Síntese da pesquisa realizada em 2012 pelo IBGE. http://www.ibge.gov.br
More Young Adults Are Living With Their Parents: Who Are They? – Paul Glick e Sung-Ling Lin. Pesquisa seminal, de 1986, que já mostrava a tendência da “Geração Canguru”. http://www.jstor.org
Hino “Saudade” – Para você cantar! http://www.youtube.com/watch?v=Y-8A-Q6dGqA