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A escola que ensina a pensar a busca pela não-violência

Pensamentos importantes sobre como a escola e os pais podem ajudar os alunos a pensarem em uma cultura de paz


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Pais e escola podem e devem trabalhar unidos em prol das crianças, adolescentes e jovens. (Foto: Shutterstock)

O que torna a escola um campo de tensões deve ser evitado, já o que torna a escola um lugar pensante, de fortalecimento do pensamento crítico e reflexivo, deve ser potencializado. Talvez essa seja uma das vias mais seguras para o despertamento de uma cultura de paz nas escolas. Diferente da proposta de limitar que as informações cheguem aos estudantes, inclusive apontada por alguns como a melhor via para se minimizar a violência no ambiente escolar, o ensinar a pensar pode ser o meio mais seguro e longevo para erradicar o problema da violência que temos vivido ultimamente.

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Ainda que todas as ações priorizadas pelas escolas nos últimos meses para conter a violência sejam importantes, não é de se negar que elas tem um prazo de validade, a depender de como são feitas. Haverá um momento em que a vigilância precisará caminhar conjuntamente com um projeto de paz a longo prazo. Não é possível construir uma cultura de paz apenas pela vigilância nas mochilas e ampliação de segurança privada, ainda que ocupem o seu lugar de importância. Então, o que poderia ser feito? Pensando a longo a prazo e que o nosso propósito como pais e escola é ensinar os nossos alunos a pensar e assim decidirem conscientemente, é possível sugerir:

Ideias para pais e a escola

Para os paisPara a escola
Desenvolver diálogos duradouros, responsivos e saudáveis dentro de casa. Muitas vezes, a violência física é uma resposta da violência verbal, que começa com a forma que conversamos com outros.Desenvolver trabalhos em equipe em que o fim não está apenas na conclusão da atividade, mas no processo. Estimular que os estudantes avaliem uns aos outros em relação à tarefa desenvolvida e assim aprendam a conviver com diferentes opiniões.
Destinar um momento do dia ou da semana para ouvir os filhos a partir de perguntas que despertem temas que precisam ser tratados: “Filho, qual foi o pior sentimento que você teve no seu dia?”; “Como você lidou com isso?” Fique atento às respostas e busque orientar. Os sentimentos não devem ser minimizados ou anulados. O que precisamos ensinar é sobre como se comportar em relação a eles.Incluir dentro da escola oportunidades para o desenvolvimento do autoconhecimento. Mais que conhecer os nossos alunos, é necessário, diante destes tempos, que os alunos se autoconheçam. Para isso, é necessário incluir atividades, realizar momentos de reflexão, projetos, todos eles voltados para o despertamento do autoconhecimento. A partir do autoconhecimento vem o automonitoramento. Quando nos conhecemos melhor, temos maiores condições de monitorar as nossas ações e agir sobre elas.
Dedicar um tempo para a leitura em família. Essa ação, além de colaborar com a união da família, é uma ótima atividade para ampliação de vocabulário, resolução de problemas, despertamento de empatia a partir das histórias e as emoções que promovem. É por meio da leitura que a família pode chegar a temas sensíveis e que podem ser resolvidos oportunizando um grande aprendizado.Promover projetos de leitura interdisciplinares que oportunizem os alunos a discutirem os textos, as ideias e se posicionarem acerca deles. A leitura de boas histórias marca na vida dos estudantes oportunidades de ensaios de comportamento e resolução de conflitos. Os bons livros são repositórios de boas ideias.

Apenas a capacidade de pensar criticamente colaborará para formar estudantes com um firme propósito de agir bondosamente na comunidade onde vive. Nenhuma oferta que nuble o seu bom caráter será aceita por aquele que sabe se posicionar em favor do bem. Não pode ser negligenciado que os lares e a escola são os lugares para as práticas de bondade.

Desenvolvimento do pensamento

A escola adventista é o lugar onde se considera fortemente o desenvolvimento do pensamento como meio do desenvolvimento do caráter e distanciamento da violência. Isso acontece porque a palavra-chave dessa escola é relacionamento. Esse relacionamento é com Deus, com o próximo e com a natureza com um singular propósito: permitir a atuação e comunhão com o Espírito Santo. O fruto do espírito, mencionado na Bíblia, em Gálatas 5, é um tema curricular. Isso significa que, na escola adventista, a paz não é uma moldura para outros temas, mas é, em si, o próprio tema. Ela é ensinada e vivida, ao passo que quando desconsiderada, deve ser rapidamente recolocada em seu lugar.

Atalhos ou remediações não conseguem sustentar a paz por muito tempo. A escola que ensina a pensar e permite o agir do Espírito Santo prolonga a sua influência e não há força superior à do agir do Espírito Santo nas escolas. Por isso, enquanto se buscar a paz como fruto do Espírito, nenhuma família, estudante ou escola estarão desatendidos, ainda que momentos desafiadores venham a acontecer e sejam difíceis de suportar. Que enquanto trabalhamos pela paz com todas as ferramentas, igualmente consideremos o poder da oração e do agir de Deus.

Entrevista feito por mim para a Rádio Novo Tempo em que abordo o tema:

Josney Prado é coordenador pedagógico da Rede Educacional Adventista para o estado de São Paulo e doutorando em educação pela PUC-Campinas.


Referências:

1.BRASIL. Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Referenciais Curriculares da Rede Adventista de Educação para o Ensino Fundamental, 2020.

2.BRASIL. Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A BNCC na perspectiva da Educação Adventista, 2019.

3.BRASIL. Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Pedagogia Adventista. 2 ed – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2009.

4.WHITE, E. Educação. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008.

5.WHITE, E. Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes. Tatuí, SP: Casa Publicadora, 2008.