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Violinista adventista toca para doentes em hospitais de Curitiba

Violinista adventista toca para doentes em hospitais de Curitiba

O maestro e violinista Paulo Torres usa a música como um meio de compartilhar a mensagem bíblica aliviar o sofrimento.


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Paulo Torres, violinista e maestro, visita hospitais todas as sextas à tarde para compartilhar esperança por meio da música

Curitiba, PR... [ASN] O desejo de fazer da música algo mais que uma profissão, mas, sobretudo, um ministério, é visível na vida do músico Paulo Torres, spalla da Orquestra Sinfônica do Paraná e regente da Orquestra de Câmara da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ao longo de seus 40 anos de profissão e mais de cinco mil concertos realizados ao redor do mundo, ele já teve muitas oportunidades de testemunhar de sua fé perante grandes orquestras e músicos de renome internacional.

Mas, há 20 anos Torres iniciou um projeto que alcançaria outro público, fora dos grandes teatros, em cujas vidas a música produziria efeitos ainda mais surpreendentes. Desde então, todas as sextas-feiras à tarde, ele deixa de lado os grandes palcos e concertos a fim de levar música num ambiente em que ela não costuma estar: os hospitais. Por cerca de duas horas, o violinista circula por corredores e quartos, mudando a atmosfera do ambiente. A sensação, outrora de um clima carregado, passa a ser de paz. Na medida em que interpreta canções que variam de repertórios clássicos a sacros, as portas começam a se abrir, atraindo a atenção de pacientes, familiares e funcionários. Alguns chegam até a deixar os seus leitos para contemplar a apresentação mais de perto. Quando há oportunidade, ele também atende pedidos especiais dos pacientes, tocando as canções solicitadas por eles.

Os espectadores retribuem a ação com um sorriso e aplausos. Mas há casos também de pessoas que chegaram a materializar a gratidão por meio de presentes como o quadro que Paulo Torres guarda com carinho em casa. A obra, de autoria de uma senhora que já faleceu, doada posteriormente pela família, traz uma dedicatória no verso: “Agradeço a homenagem prestada com sua música. Att. Charlotte”.

O benefício é comprovado. Diante da música tocada pelo maestro não é só o humor que se altera, mas também o próprio estado de saúde. E, no Hospital Pilar, um dos mais visitados na cidade, isso já foi comprovado clinicamente, conforme atesta a chefe da UTI, Fabiana Weffort Caprilhone. “Com a monitorização vemos a queda da pressão e da frequência cardíaca. Pacientes que não interagiam com a gente voltam a interagir, a querer comer. Até mesmo pacientes em coma. E essa avaliação é feita com base nos monitores, onde é possível perceber melhora destes dados vitais em pacientes”, explica a médica.

Há 20 anos

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Torres realiza projeto há 20 e também distribui literatura para os pacientes e seus familiares durante as visitas

O projeto que já beneficiou tanta gente começou quando resolveu fazer uma visita à uma tia que estava hospitalizada em Curitiba. Ao começar a tocar, teve uma surpresa. “Pessoas de quartos vizinhos começaram a vir onde estávamos, a fim de apreciar a música”, lembra. Naquela mesma ocasião, ao ser convidado para apresentações em outros quartos, uma experiência marcante levaria o maestro a transformar a iniciativa num projeto voluntário de longa duração. “Entrei em um quarto onde havia uma jovem deitada, dormindo, e sua mãe sentada ao lado. Esta senhora permitiu que eu tocasse o hino ‘Quão Grande És Tu’. Nos minutos seguintes, a moça enferma abriu os olhos, olhou para os lados e tentou falar com a mãe, porém somente lhe saíram sons guturais. Para mim parecia algo normal, mas a mãe atirou-se sobre ela, chorando e gritando em um misto de desespero e alegria. Logo entraram enfermeiros e médicos, e eu comecei a me afastar, quando a mãe me agarrou pelo braço e, ao lhe perguntar o que acontecera, ela disse emocionada: ‘minha filha estava em coma há três anos’”, relembra.

Nessas duas décadas de visitação a hospitais, bem como a prisões, asilos e orfanatos da capital paranaense, muitas outras histórias marcantes já foram registradas, o que daria para escrever um livro. Fatos que servem de inspiração para o músico no dia a dia. “Em outro episódio, após tocar para um senhor com câncer, desejei melhoras de saúde, que Deus estivesse com ele e o abençoasse. Chorando ele afirmou: ‘Deus acabou de me fazer uma visita’”, conta.

Além das histórias que guarda na memória, Paulo Torres também mantém em suas pastas, juntamente com partituras, textos bíblicos que se tornaram um lema de vida, bem como uma motivação para o uso de seus talentos em prol da salvação das pessoas e alívio do sofrimento humano. Uma de suas citações preferidas está no capítulo 25 do evangelho de Mateus, onde se encontra a afirmação de Jesus Cristo: “Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos, a mim o fizestes”. (verso 40)

Por isso, ele não tem dúvidas de que, ao tocar para pessoas como os pacientes em hospitais, está tocando para o próprio Deus. Uma experiência que pode ser vivenciada não apenas por profissionais da música, mas por qualquer um que esteja disposto a tornar aquilo que sabe fazer com maestria e paixão em um ministério. [Equipe ASN, Márcio Tonetti]