O avivamento espiritual ainda é uma realidade?
O que o fenômeno de avivamento visto em Asbury, nos Estados Unidos, pode significar para os cristãos atualmente?
O chamado Avivamento em Asbury é um movimento religioso ocorrido recentemente na cidade norte-americana de Wilmore, no Estado do Kentucky, que chamou a atenção do público evangélico mundial e até mesmo da imprensa. Durante 13 dias ininterruptos, um longo culto ocorreu na capela desta universidade. De acordo com sites religiosos, o número de participantes chegou a 50 mil pessoas de várias partes dos Estados Unidos.
Episódios como os chamados avivamentos são registrados, segundo a visão de muitos evangélicos, na história bíblica e do protestantismo, especialmente pós-colonização norte-americana. Tais fenômenos são caracterizados por uma experiência religiosa de grupos de indivíduos, geralmente de modo intenso e dramático.
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Entre esses movimentos estão o Primeiro Grande Despertamento, no século XVIII, liderado por pregadores como Jonathan Edwards e George Whitefield. E, também, o Segundo Grande Despertamento, já no século XIX, com a presença de oradores conhecidos, como Charles Finney.
As manifestações, sobretudo de jovens em Asbury, são vistas, por alguns, como mais um evento nesta linha do tempo de avivamentos espirituais em território estadunidense. Para entender um pouco mais sobre o significado disso pela ótica bíblica e missiológica, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com o teólogo e professor Silvano Barbosa.
Barbosa é docente no curso de teologia nas áreas de missão e ministério no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), campus Engenheiro Coelho, e também dá aulas na Universidade Adventista do Chile (Unach). Possui 25 anos de ministério pastoral e atualmente atende a mais de 250 estudantes de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado). É mestre em Teologia Pastoral pelo UNASP e doutor em Missiologia pela Universidade Andrews, nos Estados Unidos.
Motivação
Recentemente, foi notícia o movimento de jovens em Asbury, que mantiveram, por vários dias, um culto regular da instituição. O fato chamou a atenção e, segundo algumas lideranças evangélicas, tratou-se de um avivamento espiritual, ou seja, um movimento religioso de grande impacto. O que motiva isso?
Atualmente, não é preciso ser uma pessoa religiosa para perceber que o padrão da sociedade parece ser o desarranjo. A corrupção moral é grande, a estrutura familiar é desacreditada, o endividamento é cada vez maior, a confiança nas instituições é cada vez menor e a confusão espiritual é sem-precedentes. Milhões estão em busca de um toque do céu. Às vezes, chega o momento em que as pessoas se cansam das orações casuais repetitivas e alcançam aquele nível de desespero que permite que percebam que nada nesse mundo oferece mais significado à existência do que estar na presença de Deus.
Avivamento na Bíblia
Se fizermos uma análise do texto e da história bíblica, o que é um avivamento espiritual ou um reavivamento?
Há uma diferença entre avivamento e reavivamento. Avivamento é uma busca intensa pela presença de Deus. Reavivamento é a manifestação da presença de Deus na vida. É a transformação do caráter à semelhança de Jesus, a demonstração do fruto do Espírito no dia a dia. A pessoa reavivada aprendeu a fazer de Jesus o primeiro, o último e o melhor em todas as coisas. Entrou em um relacionamento com Jesus, que conduz ao compromisso com Ele e à submissão da vontade ao Senhor.
O livro de Atos exemplifica isso muito bem. Durante 10 dias de avivamento, os discípulos permaneceram unânimes em oração. Quando ficaram cheios do Espírito, estabeleceram uma comunidade reavivada que por quase 100 anos não parou de crescer (Atos 2, Apocalipse 2:1-7).
Identificando fenômenos religiosos
De acordo com sua experiência, especialmente na área de missiologia, como é possível identificar quando estamos diante de um fenômeno religioso de grandes proporções como o que, no século XIX, foi chamado de grande despertamento espiritual? O senhor acredita em uma reedição de algo deste tipo em breve?
A profecia é melhor compreendida depois do cumprimento. Da mesma forma, um reavivamento é melhor identificado depois de resistir ao teste do tempo. A partir de 13 de agosto de 1727, os morávios em Herrnhut, Alemanha, iniciaram uma vigília de oração que durou 100 anos.
Entre os anos 1730 e 1760, Jonathan Edwards, nos Estados Unidos, e John Wesley, na Inglaterra, lideraram um movimento de reavivamento que causou impactos profundos no protestantismo. De 1888 a 1910, o Movimento Missionário Estudantil, movido pelo slogan A pregação do evangelho a todo o mundo nessa geração, enviou mais de 100 mil missionários a 40 países.
Pouco antes da volta de Jesus não será diferente. Um reavivamento da verdadeira piedade será observado entre o povo de Deus. O remanescente receberá o derramamento final do Espírito Santo e sairá para proclamar com poder a mensagem de amor, graça, restauração e esperança que vai preparar o mundo para o encontro com o Senhor.