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Consumo de alimentos ultraprocessados potencializa declínio cognitivo, afirma pesquisa

Participantes que consumiram 20% ou mais de alimentos ultraprocessados durante o período da coleta de dados mostraram uma perda de desempenho cognitivo acentuada comparada aos demais.


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Na hora de escolher alimentos, é preciso ter critérios que levem em conta o cuidado com a saúde (Foto: Shutterstock)

A facilidade para comprar e preparar ultraprocessados tem levado milhares de pessoas ao consumo exagerado dessa categoria de alimentos. Macarrão instantâneo, refrigerantes, alimentos congelados, pizzas e sopas, por exemplo, acompanham a rotina de muitos jovens, adultos e idosos. Esse comportamento frequente leva a riscos de obesidade, problemas cardíacos e cardiovasculares, além da diabetes e câncer.

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP) apontou para uma nova consequência associada à perda de capacidade cognitiva. Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em San Diego, Estados Unidos. Nesse evento, pesquisadores de todo mundo debatem os avanços científicos voltados para o Alzheimer e outras demências. Ele também apoia a geração de novos conhecimentos e incentiva a pesquisa vital e coletiva.

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A autora do artigo Higher consumption of ultra-processed foods is related to cognitive decline in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA – Brasil), Natália Gonçalves, em seus estudos pós-doutorais na Universidade de São Paulo, descobriu que os participantes da pesquisa analisados em um período de 10 anos pelo Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto, o Elsa Brasil, perderam capacidade de planejar e executar tarefas à medida que aumentavam em sua dieta o consumo dos alimentos ultraprocessados. Nessa categoria se encontram alimentos como sorvetes, biscoitos, salgadinhos, carnes processadas e outros.

“Pessoas que comem mais de 20% de ultraprocessados no dia a dia tem uma queda acelerada da função executiva. Elas também perdem cognição global – conceito de combinação de memória, fluência verbal e perda da capacidade de ação – que apresentou ser 28% maior comparada aos outros”, explica a doutora Natália. A professora do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), Naomi Ferreira, é coautora do trabalho e contribuiu com o ajuste estatístico feito para equilibrar as informações mesmo em caso de desistências de participantes, uma vez que o processo de acompanhamento e coleta de dados pode durar anos.

Hábitos alimentares influenciam na capacidade cognitiva (Fonte: Shutterstock)

Mudança de hábitos

A busca por velocidade e praticidade tem levado os brasileiros a comerem mais fast foods e outros alimentos processados. A média desse consumo aponta que as pessoas comem 27% de ultraprocessados em sua dieta e, por conta disso, já estão dentro do quadro de perda cognitiva. Por isso, a pesquisa deve ser, segundos as autoras, uma maneira de alertar as pessoas para seus hábitos alimentares. “Todos entendem que a alimentação saudável trará benefícios e esse estudo mostra que podemos evitar uma queda acelerada do desempenho cognitivo, por isso precisamos passar as informações para que a população conheça os resultados e mude”, afirma a doutora Natália.

A doutora Naomi explica que no passado as doenças infecciosas eram as principais causas de morte entre as pessoas. No entanto, as doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis atualmente estão no topo desses dados, tendo causas comuns associadas principalmente ao estilo de vida. “Quanto mais a gente puder cuidar dos hábitos que temos e comer menos ultraprocessados, mais vamos promover a saúde e evitar doenças”, reforça Naomi, que também foi autora principal uma pesquisa sobre a espessura íntima-média carotídea e sua relação com a cognição.