Uma experiência de peso
Adolescentes viram papais por uma semana de um “bebê arroz” de 5 quilos para sentir na pele a pesada rotina de cuidar de uma criança.
Uma brincadeira com uma Q de muita verdade e com um objetivo real de conscientizar os adolescentes do oitavo ano do ensino fundamental do Colégio Adventista Paul Bernard, zona Leste de Manaus quanto a gravidez precoce. Eles tiveram que cuidar por uma semana de um bebê de cinco quilos. Assim foi repassado o delicado tema da disciplina de ciências, sem dúvida uma experiência que eles jamais vão esquecer.
“Vi que dá muito trabalho, e lendo sobre o assunto nas aulas de geografia descobri que em países menos desenvolvidos muitas meninas até morrem durante o parto, por serem muito novas e nem ter o corpo preparado para isso”, conta a estudante Isabela de Souza de 13 anos.
Ela preparou a sua bebê arroz conforme as orientações, de agregar a boneca 5k de arroz, e sentiu muitas dores nos braços por ficar com a boneca no colo. E entendeu a mensagem do projeto. “Se essa boneca já me deixou exausta, imagina um bebê de verdade, que chora, faz xixi, precisa se alimentar, eu não conseguiria cuidar”, relata a estudante.
Se para as meninas que naturalmente já tem esse cuidado com crianças não foi tão fácil, para os meninos a experiência foi ainda mais difícil, o estudante Jorge Bueno, de 13 anos, reclama das dores e câimbras nos braços em carregar a sua bebê-arroz. “Tive momentos que meus braços ficavam dormentes de tanta dor, fiquei pensando como meus pais me amam e aguentaram me carregar”, refletiu o adolescente.
O objetivo do projeto é exatamente esse mostrar as dificuldades de criar um bebê sendo tão novo para assumir uma responsabilidade desse tamanho. De acordo com a professora de ciências, Andreia Gomes, nessa fase da adolescência eles estão sendo moldados e uma experiência real como essa, faz com que eles assimilem muito mais as informações. “Eles puderam sentir na pele um peso de cuidar de um bebê, de deixar de fazer o que gosta para alimentar, trocar fralda, dar atenção, coisas simples, mas que para quem ainda não tem essa responsabilidade e nem está preparado para isso, torna-se um peso”, explica a professora.
Educação financeira
Dentro do projeto, além do cuidado físico com os bebês os alunos tiveram que planejar o enxoval com todos os itens em compras virtuais para responder a um questionário de educação financeira.
“Não sabia que um berço era tão caro, mas procurei comprar o melhor para meu bebê, é como a minha mãe faz comigo, e por isso sei que realmente o certo é esperar e planejar, como meus pais me ensinam, vou terminar meus estudos, faculdade, casar para depois pensar em filho”, declara Isabela.
Os orçamentos das compras ficaram em torno de 8 a 10 mil reais, ou seja, fora da realidade da maioria dos brasileiros. O que mostra o quanto os estudantes precisam aprender a economizar e se planejar.
Diversão
Apesar de dias cansativos, eles foram também divertidos, as aulas de educação física com os bebês no colo eram só gargalhadas dos alunos que participavam do projeto e dos que assistiam. Uma simples ida ao banheiro ou ao bebedouro era motivo de risadas nos corredores. Até a hora do lanche mudou, ao invés de celular na mão, os “filhos” ocupavam os braços e todo o tempo sem aulas.
Como no fundo eles também sabiam que tudo era uma simulação com data para acabar, eles conseguiam relaxar e se divertir com a escolha dos nomes para confecção da Certidão de Nascimento.
Mas, ao final de todo o processo eles entenderam o tamanho da responsabilidade e que ela vai muito além do que a idade deles permite.
O Projeto foi destaque na Band Amazonas.