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Jovem sonha em ser pastor após mudança de vida na prisão

O mundo do crime foi a opção que Erison escolheu para viver. Mas quando conheceu Jesus na prisão, sua vida tomou um novo rumo


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Com 15 anos de idade, Erison Sousa Dias saiu do Ceará com destino à capital do Brasil. Ao chegar em Brasília, o jovem se envolveu com pessoas mal-intencionadas e passou a viver uma vida desregrada.

Erison morava com a família em Brasília, mas em dado momento, a mesma ficou sem condições de mantê-lo. Erison, então, buscou outra alternativa de sobrevivência e passou a morar em um abrigo da capital. “Eu era um jovem delinquente. Minha família não me queria em casa. E assim como 98% dos jovens acolhidos em abrigos, eu fui um menor infrator e acabei no sistema socioeducativo”, conta.

Após cumprir parte da pena, o cearense ganhou semiliberdade, onde teve a oportunidade de ler, estudar e fazer estágios. “Durante a minha vida não tive esses conhecimentos. Fui um adolescente aliciado para o crime na periferia, tanto no Ceará como aqui no DF”, compartilha.

Oportunidade

A vida de Erison começou a mudar em 2018, quando teve contato com o Ministério Carcerário Adventista, onde conheceu o líder do projeto em Brasília e Entorno, pastor Jeconias Neto. “Durante esses percursos na semiliberdade, recebi uma palestra do pastor Jeconias Neto (líder do projeto), que falava de crimes e dependência química. Me identifiquei com o discurso porque ele já viveu algo parecido com o que eu estava vivendo”, salienta.

Jeconias Neto lembra do momento em que passou a ter contato com Erison. “Começamos a pregar sobre a Bíblia para ele, que participou de um encontro espiritual que promovemos. Passamos a acompanhá-lo. Ele continuou avançando e decidiu ter uma nova vida ao lado de Deus por meio do batismo”, celebra Neto.

Página Virada

Erison passou a fazer parte do projeto Página Virada, que tem como objetivo diminuir a ociosidade dos detentos, além de apresentar-lhes novas condições de pensamentos. Em parceria com o Ministério Público do Trabalho e a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, o projeto propõe estimular a leitura dos detentos e, em troca disso, reduzir a pena deles. Nas reuniões existe uma roda de conversas referente à leitura da semana. “Ali, Erison e eu ficamos mais próximos. Nessas oportunidades, falávamos sobre a realidade de emprego, de vida, de postura, entre outros assuntos”, diz Neto.

O Página Virada funciona da seguinte maneira: a cada livro lido no período de 30 dias, os detentos fazem uma redação e precisam tirar seis pontos, no mínimo. Eles têm, por isso, quatro dias perdoados de sua sentença. Por ano, o máximo de pena que se consegue reduzir, por meio da leitura, equivale a 48 dias. No final do projeto são realizadas avaliações das redações desenvolvidas e as três melhores são premiadas.

“Jeconias fez a diferença na minha vida. Ele acreditou em mim. Me apresentou os projetos, me acolheu e disse que me amava, mesmo sem me conhecer. Isso fez toda a diferença para um adolescente de 17 anos que nunca tinha ouvido isto nem mesmo dentro da própria casa”, conta Erison, emocionado.

Vida transformada

Há 4 anos, o jovem tem uma vida baseada em princípios e valores. Hoje, com 21 anos, ele dedica seu tempo para levar motivação para pessoas que passam pelos mesmos desafios que já enfrentou. "Tenho minha família e sou referência dentro da minha casa. Sou palestrante no sistema socioeducativo e nos abrigos de Brasília. Hoje eu sou um adventista e em breve irei para a Argentina fazer teologia, pois quero ser um pastor”, complementa.

O futuro teólogo resume sua vida em duas etapas: antes e depois de conhecer a Cristo. Quando infrator, vivia numa sociedade em que a maioria das pessoas não acreditava em sua recuperação. Mas quando conheceu Jesus, passou a enxergar um mundo melhor. Agora Erison é um colportor estudante e se prepara para estudar teologia na Universidade Adventista Del Plata (UAP), na Argentina. “O Espírito Santo tem me mostrado que devo ser um pastor. Quero aconselhar. Quero ter um ministério dentro de cadeias e até mesmo fundar um centro de recuperação do preso e do egresso e, assim, transformar vidas”, conclui.

Ministério Carcerário Adventista

Mantido pela sede administrativa da Igreja Adventista para a região de Brasília e Entorno (Associação Planalto Central), a iniciativa atende mais de 16 mil detentos no território. Ao todo, 12 presídios no Distrito Federal e região são contemplados. Semanalmente, 195 capelães atuam nessas unidades e visitam os parentes dos detentos.

Diversos voluntários participam das ações em que Erison foi alcançado, como pastores, capelães, advogados, psicólogos, entre outros. Cada um auxilia de forma específica. Durante as visitas, os especialistas conversam e utilizam histórias da Bíblia para proporcionar momentos de reflexão e mudanças na vida dos detentos.