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Missão

A fé desenvolvida na universidade

Conheça o projeto missionário que faz a diferença na vida de jovens em universidade localizada em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.


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Grupos de estudos temáticos cristãs relacionadas com as demandas da realidade dos universitários. (Foto: Divulgação).

Quando se fala do desafio de as igrejas serem relevantes às novas gerações, é mais fácil pensar em atividades dentro dos templos. Mas a realidade é que as ações de motivação para uma maior experiência com Deus extrapolam os limites das congregações. E chegam aonde estão as pessoas. É a premissa básica, por exemplo, de um projeto denominado Comunidade dos Estudantes Universitários (CEU), que ocorre em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, dentro da universidade federal.

A iniciativa se dá na realidade dos jovens universitários. E que enfrentam os típicos desafios de quem vivencia a experiência de conciliar a religiosidade com as sugestões de um ambiente, muitas vezes, fortemente influenciado por uma visão secular. A Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) quis entender melhor como o projeto se desenvolve.

E, por isso, conversou com a médica adventista Isabelle Carolina Basualdo Pedreira, de 28 anos. Uma das fundadoras do projeto CEU, atualmente ela é missionária transcultural em capacitação pela Adventist Frontier Missions. Isabelle já atuou, porém, como coordenadora de atividades do Ministério Jovem no Mato Grosso do Sul em diferentes frentes há alguns anos. E fez parte atividades missionárias em Guiné Bissau.

Qual é exatamente o projeto desenvolvido por vocês em Campo Grande, mais especificamente na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul?

A Comunidade dos Estudantes Universitários (CEU) é um grupo de jovens adventistas que buscam, por meio da amizade e do discipulado, fortalecer a própria fé e convidar outros a conhecer nosso amado Jesus. A prioridade desse ministério é manter o foco no método de Cristo. É como diz Ellen White, no livro A Ciência do Bom Viver: “Unicamente o método de Cristo trará verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.’”

Nós temos o propósito de envolver cada jovem adventista na missão dentro do ambiente universitário naturalmente hostil ao evangelho. Nosso objetivo é apresentar o amor de Deus, não apenas nossas doutrinas. As atividades que envolvemos servem aos nossos propósitos de sermos inclusivos e vivermos o discipulado. Cada adventista trabalha para discipular um não adventista, e esse relacionamento acontece espontaneamente com base na afinidade entre o Ministério Jovem e o não-adventista.

Ações concretas 

Interessante. E como funciona isso de maneira prática?  

Primeiramente nós nos envolvemos na vida de um amigo não adventista. Para nosso alvo, oferecemos a amizade e nosso tempo, e convidamos para os encontros semanais que acontecem ao ar livre no campus. Ali o jovem não adventista será acolhido e aceito. Após a primeira reunião, oramos e jejuamos uma vez ao mês por cada um de nossos amigos. E, então, convidamos a uma reunião de pequeno grupo na casa de algum de nossos integrantes. Nesse local, aprofundamos no estudo da Palavra de Deus. Em seguida, esse amigo se interessará pelo nosso modo de vida, e naturalmente começará a frequentar os lugares que frequentamos – incluindo a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Esse processo já demorou dias ou anos, e depende de cada indivíduo. O que conecta uma atividade a outra é o relacionamento que temos com os não adventistas.

O processo é simples, mas exige dedicação, pois o nosso diferencial não é a atratividade dos programas em si. Ou das atividades que realizamos, mas, sim, a disposição de suprir uma necessidade básica de todo ser humano, independentemente da sua cosmovisão: a de ser amado incondicionalmente.

Em nosso grupo temos vários não adventistas sendo discipulados, cuidados e amados. Todos sentem que podem expressar suas opiniões em cada encontro no campus, sem serem confrontados. Porém sabem que a Palavra de Deus, e somente a Bíblia, é nossa regra de fé e prática. Assim, eles permanecem caminhando conosco, pela amizade que desenvolvemos, em um discipulado individual e intencional. O objetivo é ser amigo de Jesus, e amigo do próximo.  

Veja outras imagens do projeto:

Desenvolvimento do projeto 

Há quanto tempo o projeto é realizado e como tem sido a receptividade dos participantes?  

O campus universitário torna tudo mais desafiador. Encontramos ali a pressão por notas, a competitividade entre alunos, as diferenças de credos, opiniões e tipos de educação. Nesse ambiente diverso, é exigido do jovem adventista o seu máximo de resiliência, e é um teste para sua fé.

Começamos a orar e jejuar por um projeto que nos envolvesse e nos fizesse servir a comunidade acadêmica na qual estávamos inseridos. Pesquisamos nosso público-alvo, e descobrimos seus interesses e demandas. Mas antes era necessário reafirmar a identidade e a fé dos adventistas, pois em um ambiente hostil ao evangelho, a primeira tendência é tornar a fé privativa e não a compartilhar. Percebemos, por experiência prática, que envolver um jovem adventista na missão de salvar alguém é o único meio de fortalecer a sua fé.

Em agosto de 2016, começamos com 3 líderes: Jean Silva do Vale, acadêmico de farmácia, eu, acadêmica de medicina, e Luís Felipe Abdo, acadêmico de Engenharia Elétrica. Nossos encontros acontecem desde 2016 na Concha Acústica da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, às 11h30, semanalmente. Com as restrições da pandemia, passamos a nos encontrar virtualmente, com menos encontros presenciais. De três líderes, passamos a ser 20 adventistas que discipulam cada um, pelo menos um outro não-adventista.

Cases de sucesso 

Tem alguns exemplos?  

Sim. É interessante ver os relatos, por exemplo, de algumas pessoas adventistas.

“A CEU é uma resposta de Deus às minhas orações. Sempre pensei que servir a Deus era ir apenas aos cultos, ler a lição da escola sabatina todas as manhãs e orar algumas vezes com o coração e outras de forma automática. E o sentimento de que algo faltava permanecia em mim. Mas Ele, em sua infinita misericórdia, me mostrou que há algo além. Nesses dois últimos anos em que faço parte desta comunidade, dia após dia, Jesus me salva de mim mesma. Com essa família preciosa, aprendi mais do amor de Deus e como experimentá-lo”. Caroline da Costa Barbosa Andrade, 22, acadêmica de medicina.

“Jesus me deu de presente a CEU, uma comunidade que semeia o amor entre irmãos e traz alívio para a semana corrida, um grupo relacional que se preocupa e ama pessoas. Comecei a compartilhar a minha vida com as pessoas desta comunidade, eles me levavam todos os dias mais perto de Cristo, ouviam minhas dificuldades e traziam alegria. Hoje fazendo parte da coordenação da CEU me sinto privilegiada e muito feliz. Jesus me enviou uma pessoa para me levar até às verdades bíblicas, Ele me ajudou na solidão e ainda me deu a CEU com novos amigos e hoje me dá à vontade e o privilégio de testemunhar do seu lindo amor. Hellen Carvalho, 23, acadêmica de enfermagem.

Há, também, falas muito interessantes dos não-adventistas:

“A CEU para mim é um momento de refúgio do mundo e um bálsamo no meio da correria do dia a dia” Leonardo Paes, 21, acadêmico de engenharia civil.

“Participar da CEU foi uma chance de parar um pouco a correria e a preocupação do dia a dia de estudos e perceber que existem outras coisas para darmos importância diariamente, além das notas. Foi ter a oportunidade de ouvir e falar de forma planejada e respeitosa sobre esse amigo.” Jucylaine Costa, 27, estudantes de fisioterapia.  

Conexão necessária 

Qual é o tipo de conexão deste trabalho que vocês fazem com o estudo da Bíblia e com a prática religiosa?  

Procuramos atender as demandas emocionais e espirituais de nosso público-alvo, trazendo assuntos da palavra de Deus que são relevantes para o universitário. Após um espaço de diálogo em que eles podem falar sobre suas crenças individuais, usamos a Bíblia como palavra final para qualquer temática que levantamos em nossos encontros. Falamos de fé, arqueologia e ciência, ensinos de Jesus, crença em Deus, entre outros temas.

Quais os desafios atuais e quais as perspectivas para os próximos anos? Como o projeto pretende se manter relevante? 

O grande desafio de qualquer projeto de comunidade é manter a discipulado. É fazer cada adventista entender que a missão que Jesus deixou não é fazer programas, ou simplesmente manter um pequeno grupo ativo. A missão é cuidar do outro, é levá-lo até Jesus por meio de uma amizade sincera e intencional. O encontro semanal da comunidade existe para congraçamento de um discipulado que já ocorre durante a semana. Pretendemos nos manter relevantes com esforço individual. A salvação não acontece em grupo, por isso precisamos trabalhar individualmente no coração de cada jovem não-adventista. Servindo e atendendo as necessidades de cada um não-adventista.


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