No Paquistão, adventista é sentenciado à prisão perpétua por blasfêmia
Um tribunal no Paquistão, neste mês, sentenciou um jovem por difamar profeta Maomé.
Islamabad, Paquistão ... [ASN] Sajjad Masih, 29 anos, foi sentenciado por enviar mensagens de texto blasfemas a um membro de um grupo religioso extremista, em 2011, a despeito do acusador, posteriormente, se retratar, e dos promotores públicos não terem conseguido prover qualquer evidência de seu envolvimento. Javed Sahotra, advogado de Masih e membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, disse que o juiz dobrou-se à pressão dos extremistas que dominam a religião local e o cenário político. John Graz, diretor de Liberdade Religiosa e Assuntos Públicos para a Igreja Adventista mundial, disse que o caso do Masih não é incomum.
“Os membros das minorias religiosas, no Paquistão, vivem sob constante ameaça de serem acusados de blasfêmia”, disse Graz. “Eles sabem que se forem acusados, não poderão contar com uma investigação séria.”
De acordo com as informações obtidas, Masih foi incriminado por Donald Bhatti que, em maio de 2011, casou-se à força com a então noiva de Masih, coagindo os pais dela com promessas de vistos de trabalho. Bhatti havia namorado a jovem antes de se mudar para o Reino Unido e comenta-se que ele ainda tem ciúmes do relacionamento da jovem com o Masih. Depois da cerimônia, Bhatti imediatamente voltou para o Reino Unido, levando a esposa consigo. Masih e sua ex-noiva, porém, mantiveram contato, frequentemente ligando um para o outro.
Em dezembro último, a polícia de Gojra vasculhou a casa de Masih, em busca de evidência e com o propósito de prendê-lo, disse Sahotra. Seu acusador, Tariq Saleem, havia informado à polícia local a respeito das mensagens de texto e instou-os a monitorar o número do celular e prender seu proprietário”, ele afirmou.
Descobriu-se que o número estava registrado no nome da esposa de Bhatti. Ela contou ao Masih que o Bhatti havia comprado um SIM, usando seu cartão de identificação e feito arranjos para que um cúmplice enviasse as mensagens, esperando confundir o relacionamento deles, Sahotra disse.
A polícia de Gojra prendeu Masih em 28 de dezembro de 2011. Seu advogado o acompanhou à delegacia de Gojra, onde esperava que o Masih pudesse registrar uma declaração e limpar seu nome, disseram os líderes da Igreja.
Mas o caso foi registrado sob as leis de blasfêmia do Paquistão, que implica em morte ou prisão perpétua para qualquer pessoa culpada de blasfêmia contra Maomé, o Profeta do Islã.
Michael Ditta, presidente da União Paquistanesa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, disse que as leis são notoriamente usadas para se vingar dos cristãos ou de outras minorias religiosas. No Paquistão, 96% da população é muçulmana, com apenas 2% da população do país se identificando como cristãos.
No início deste ano, o Paquistão ocupava o primeiro lugar na classificação da Comissão Americana Internacional sobre Liberdade Religiosa pela intolerância “sistemática, contínua e notória” contra grupos minoritários de fé.
Na delegacia, Masih disse que foi forçado, sob tortura, a “confessar” que havia enviado mensagens de texto, Sahotra disse. Posteriormente, ele foi enviado à prisão para aguardar o julgamento.
Depois de mais de um ano e meio, na Prisão do Distrito Toba Take Singh, Masih foi sentenciado à prisão perpétua, a despeito do fato de que na investigação seu acusador admitiu que não havia recebido quaisquer mensagens de texto blasfemas, como inicialmente dissera.
Defesa de Membros Perseguidos - Na sede da Igreja mundial, nos Estados Unidos, Estado de Maryland, Graz e outros membros da recém formada Comissão de Defesa de Membros Perseguidos por Motivos Religiosos estão acompanhando o caso do Masih. O grupo de trabalho também está advogando em favor de Antonio Monteiro, outro membro da Igreja Adventista que foi arbitrariamente preso.
“O que está acontecendo com o Sajjad Masih é outro exemplo trágico do abuso das leis de blasfêmia em algumas partes do Paquistão. Oprimir pessoas em nome de uma religião contradiz a mensagem de paz e justiça que advogamos para todas as religiões”. [Equipe ANN, Elizabeth Lechleitner]