Sair das grandes cidades: agora ou quando? Parte II
O decreto dominical também é uma questão que precisa ser considerada quanto ao abandono das grandes cidades.
Em continuidade ao primeiro artigo desta série, vamos analisar mais dois tópicos.
A fuga das grandes cidades no contexto do decreto dominical
Para uma visão mais ampla deste tema, a relação com o decreto dominical precisa ser introduzida como um elemento adicional à recomendação dada e considerada no texto anterior, relacionada ao estilo de vida. Em dois testemunhos escritos em 1885, “A crise vindoura” e “A Igreja, a luz do mundo”, encontrados no livro Testemunhos para a Igreja 5, Ellen White faz veementes apelos àqueles que creem no advento de Cristo para se envolverem mais comprometidamente com a missão de anunciar seu retorno.
Nesses capítulos, três parágrafos mencionam o decreto dominical, embora ela esteja tratando prioritariamente de outro assunto (recomenda-se a leitura completa para compreensão do que está sendo abordado). As citações são:
Primeira: “O decreto que será promulgado contra o povo de Deus há de oferecer muita semelhança com o de Assuero contra os judeus nos dias de Ester. O edito persa se originara na maldade de Hamã contra Mardoqueu, não porque lhe houvesse feito mal, mas porque se recusara a tributar-lhe a reverência que só a Deus é devida”.
Segunda: “Como a aproximação dos exércitos romanos foi um sinal para os discípulos da iminente destruição de Jerusalém, assim essa apostasia será para nós um sinal de que o limite da paciência de Deus está atingido, que as nações encheram a medida de sua iniquidade, e o anjo da graça está a ponto de dobrar as asas e partir da Terra para não mais tornar”.
E a terceira: “Como o cerco de Jerusalém pelos exércitos romanos era o sinal de fuga para os cristãos judeus, assim o arrogar-se nossa nação o poder para decretar obrigatório o dia de repouso papal, será uma advertência para nós. Será então o tempo de deixar as grandes cidades, passo preparatório para sair das menores para lares retirados em lugares solitários entre as montanhas”.
Estudar as várias citações de Ellen G. White acerca da lei dominical reunidas no livro Eventos Finais permite uma clara compreensão da natureza deste decreto, evitando confundi-lo com outras leis dominicais.
No livro Vida no Campo, esse parágrafo aparece no último capítulo, sem nenhum outro texto adicional, e recebeu o título “Fuga de Emergência no Conflito Final”, indicando a compreensão dos editores de que esse será o tempo limite para deixar as grandes cidades e que o fim do tempo do fim estará muito perto. Não há nenhuma outra citação de Ellen White que permita uma interpretação diferente para fuga das grandes cidades, como saída emergencial, que não seja esta por ela apresentada. Todavia, existe uma séria advertência quanto a deixar de atender ao sinal: “Dentro em breve haverá tal luta e confusão nas cidades, que os que as quiserem abandonar não o poderão fazer.”
Portanto, fica muito claro que sair das grandes cidades envolve três circunstâncias distintas: 1) busca do estilo de vida recomendado para atender a recomendação a qualquer momento e o quanto antes possível; 2) ordem divina para fuga dos grandes centros por ocasião do decreto dominical e 3) tempo em que não será mais possível sair.
O tempo para vender as propriedades
Outro aspecto extremamente importante é o tempo apropriado para a venda de propriedades, estejam elas localizadas nas cidades ou no campo. Deus revelou detalhes por meio do dom profético confirmando que “não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Como em qualquer outro assunto, se alguém isolar uma frase do contexto, chegará a uma conclusão precipitada e errada. São muito claras, coerentes e suficientes as orientações, mas é necessário prestar atenção ao conjunto das declarações.
“Deus pede aos que têm posses em terras e casas, que as vendam para empregar o dinheiro onde for suprir a grande necessidade no campo missionário. [...] Homens e mulheres pobres me escrevem pedindo conselho quanto a deverem eles vender sua morada e darem o resultado à causa. [...] A esses eu diria: ‘Talvez não seja dever vosso venderdes vossa casinha agora; buscai, porém, a Deus, vós mesmos; certamente o Senhor vos ouvirá a sincera oração pedindo sabedoria’...”. Se apenas a primeira frase fosse considerada, quanta insegurança esse conselho poderia gerar!
Ellen White amplia ainda mais os conselhos sobre o assunto: “O Senhor tem-me mostrado repetidamente que é contrário à Bíblia, fazer qualquer provisão para o tempo de angústia. [...] Casas e terras serão de nenhuma utilidade para os santos no tempo de angústia. [...] Se puserem sua propriedade no altar do sacrifício e ferventemente inquirirem de Deus quanto ao seu dever, Ele lhes ensinará sobre quando dispor dessas coisas. [...] Vi também que Deus não requeria que todo o Seu povo dispusesse de suas propriedades ao mesmo tempo; mas se desejassem ser ensinados, Ele os ensinaria, em tempo de necessidade, quando vender e por quanto vender”.
Que bênção é poder ser guiado pela luz completa da revelação! Deus seja louvado pelo dom profético.
Referências
1. White, Ellen G. Testemunhos para a Igreja, v.5. Casa Publicadora Brasileira, 2004, p. 450.
2. Idem, p. 451.
3. Idem, p. 464-465.
4. White, Ellen G. Vida no Campo. Casa Publicadora Brasileira, 1983, p.47.
5. White, Ellen G. Mensagens Escolhidas, v. II. Casa Publicadora Brasileira, 1986, p. 142.
6. White, Ellen G. Testemunhos Seletos, v. II. Casa Publicadora Brasileira, 1985, p. 330.
7. White, Ellen G. Primeiros Escritos. Casa Publicadora Brasileira, 1988, p.56-57.