A despeito de fake news que circulam na internet sobre alimentos que podem curar ou tratar a Covid-19, não existem evidências científicas que apontem para isso. Entretanto, desenvolver hábitos alimentares saudáveis ajudam o sistema imunológico, ao manter o corpo preparado contra invasores. “Se o indivíduo se alimentar corretamente, o sistema imunológico estará competente, independente do tipo de infecção”, disse a nutricionista Deise Cristina Caramico, professora do Centro Universitário São Camilo (SP), em entrevista à revista Saúde.

Leia mais:

• Voluntários amenizam a fome de moradores de rua

Este tipo de constatação motivou um grupo de voluntários do Bairro de Castelo Branco, em Salvador (BA), a uma campanha diferente: doar cestas básicas de alto valor nutricional para famílias economicamente vulneráveis da comunidade, e oferecer aulas gratuitas de alimentação saudável e reaproveitamento de alimentos para estas famílias. O objetivo é preparar as pessoas para um estilo de vida saudável como medida de enfrentamento ao coronavírus.

A iniciativa é da Ação Solidária Adventista, uma rede organizada de voluntariado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que tem desenvolvido ações em favor das pessoas mais prejudicadas pela pandemia. Até o momento, foram beneficiadas 30 famílias em condição de extrema pobreza, e que ainda não recebem qualquer ajuda de transferência de renda. Elas receberam uma cesta básica de 10 kg, contendo alimentos de alto valor nutricional, como arroz integral, gergelim, feijão preto, soja, aveia, lentilha, grão de bico, macarrão, amendoim, azeitonas verdes e cuscuz. Segundo o plano dos voluntários, as famílias devem receber a cesta a cada 15 dias. Os voluntários doam alimentos e dinheiro para a preparação das cestas.

Estilo de vida saudável

Além dos alimentos, os beneficiados participam de um curso sobre estilo de vida e alimentação saudável como medida de fortalecimento do sistema imunológico. As aulas seguem as medidas legais de proteção, evitando aglomerações, sempre com poucas pessoas e espaços de distanciamento respeitados entre elas. A equipe usa luvas e máscaras, e há álcool em gel à disposição para todos.

Durante o curso, os participantes fazem avaliações da massa corporal, idade biológica e recebem orientações sobre como otimizar o aproveitamento dos alimentos. O programa é coordenado pela consultora de saúde peruana Gloria Cari Huanca, formada em Enfermagem, com mestrado em Saúde Pública e especialista em nutrição. Ela traz a experiência de já ter aplicado o programa para comunidades do Peru, além de outros bairros de Salvador.

A iniciativa tem recebido elogios da comunidade. Mãe de duas filhas, a autônoma Layla Kelly de Jesus Silva, 18 anos, diz que as orientações ajudam a pensar a alimentação da família de uma maneira mais saudável. “Além de receber alimentos que são mais caros, recebi aulas sobre como usá-los e aprendi a não desperdiçar, adaptando o uso de várias formas”,  disse.

“As pessoas aprendem a usar esses alimentos, que são preparados da maneira mais simples e natural possível, e descobrem que são os mais saudáveis e nutritivos, proporcionando força, resistência e vigor intelectual, que não são promovidos por uma alimentação mais complexa e estimulante”, observou o pastor Abimael Obando, coordenador geral da ação solidária.