Escritório Adventista reforma casa de família
“Vocês não vão conseguir entender a alegria que nós estamos sentindo", diz emocionada a dona de casa, Debora Fernandes Barbosa de Oliveira.
Paredes sem reboco, janela emperrada, chão sem lajota, teto repleto de goteiras, a sala se transformou em quarto, na cozinha apenas uma pessoa cabia. Todo esse ambiente entristecia o coração da dona de casa, Debora Fernandes Barbosa de Oliveira, de 27 anos.
“Eu nunca pedi a Deus uma casa nova. Eu sempre quis ter um lar. Mas a dificuldade aqui torna o ambiente estressante. Não temos nem espaço para fazermos nosso culto familiar”, desabafa Debora.
Apesar de todo o zelo e cuidado em manter a casa limpa e organizada, em dias de chuva, por mais amena que seja, as goteiras molham e umedecem todo ambiente, que já estava sendo reformado por ela e pelo marido, Júnior Cesar Gomes de Oliveira, de 29 anos. O casal tem uma filha de 10 anos chamada Maria Eduarda Fernandes Medeiros.
Júnior é funcionário do Escritório Adventista em Belo Horizonte, Minas Gerais, desde 2017, quando foi contratado para atuar no setor de almoxarifado. Como mora em Sabará, precisa sair de casa às 5h45 e entrar em três transportes públicos para chegar a Associação Mineira Central (AMC). São seis ônibus que ele pega todo dia.
Faz um ano que eles se mudaram para a casa que atualmente moram. O imóvel pertence a mãe de Débora. Débora passou a infância na casa. Depois se mudou com a família. Os anos passaram, ela se casou e foi viver na cidade de Esmeralda. Devido a distância em que estavam do trabalho de Júnior, a mãe de Debora ofereceu a casa para que eles vivessem. Ambos, aos poucos, tentavam reformar o ambiente.
Pois a força está na união
Comovidos com a situação em que Júnior vivia, os amigos de trabalho decidiram se unir para presenteá-lo com uma casa reformada. Para isso foram enviados trabalhadores que avaliaram o estado da casa para posteriormente se iniciarem as obras.
A partir da colaboração dos funcionários da AMC, empresários e pastores, conseguiu-se doações financeiras, de materiais de construção, assim como móveis e alimentos. Na última sexta-feira, 13 de dezembro, a casa foi entregue à família completamente reformada.
“Vocês não vão conseguir entender a alegria que nós estamos sentindo. Como eu disse, eu nunca tinha pedido a Deus uma casa. Chegava a reclamar várias vezes dela. Até que um dia entendi que deveria servir a Deus com o que eu tinha. E hoje Deus me deu um lar para que eu possa adorá-lo melhor”, relata Débora.
O susto
Com o salário de Júnior e dos serviços de diarista de Débora, a família aos poucos ajeitava a casa. Até que um dia, em 8 de dezembro de 2018, por volta de 2h30 da madrugada, Débora se espantou com o marido, que dormia e tremia constantemente. Ela tentou virá-lo, acordá-lo para descobrir o que acontecia naquele momento, mas sem sucesso.
Minutos depois, Júnior abriu os olhos e se deparou com três bombeiros que o olhavam fixamente. Ele perguntou o que tinha se passado. Eles disseram que precisariam levá-lo urgentemente ao hospital. Ao tentar levantar da cama, Júnior não conseguia controlar as pernas devido ao desequilíbrio do corpo.
“Eu realmente não lembro de nada. Só do que minha esposa me contou, que me viu tremer bastante e espumar pela boca. Foi quando pediu ajuda”, conta ele.
Descoberta de uma doença
A partir desse episódio, Júnior descobriu que tinha epilepsia. A princípio, pensava que era uma doença nova que adquiriu na fase adulta. Nos próprios cálculos, Junior já contabilizou cerca de 30 crises epiléticas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 50 milhões de pessoas no mundo vivem com epilepsia. A doença se manifesta a partir de convulsões ocasionadas por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro. As crises podem ser breves e até difíceis de reconhecer. Há casos que duram horas.
O médico contou que Júnior havia nascido com epilepsia. “Mas por que minha família nunca me disse nada?”, ele se questionou. Então foi procurar a própria mãe para pedir respostas.
“Fui visitá-la e perguntei o porquê de ela não ter me dito antes. Ela disse que não queria que eu sofresse. Minha primeira convulsão foi aos sete meses de vida. Tomei remédio até os 10 anos, depois parei. Minha mãe não me deixava saber para me proteger. Fiquei todo esse tempo sem sentir nada. O médico disse para minha mãe que não precisava mais tomar o medicamento, porque nunca mais tinha tido convulsão. Então, fiquei uns 18 anos sem remédio”, frisa ele.
Infância de superação
Devido a epilepsia, Júnior desenvolveu distúrbios visuais como estrabismo, que é o desvio de um dos olhos; nistagmo, que se trata do movimento involuntário dos olhos; e astigmatismo, que consiste na visão embaçada dos objetos. Com isso, Júnior aprendeu a gostar de música, pois além de relaxar, não precisa forçar a visão.
Durante a infância, a dificuldade em enxergar tornou o ambiente escolar desafiador. “O que mais me entristecia na infância eram as ‘zoações’ dos colegas da escola e a dificuldade que enfrentava de acompanhar o que a professora escrevia. Eu sempre ficava para trás”, lembra ele.
Júnior sabia que não conseguiria escrever no caderno todo o conteúdo que a professora colocava na lousa. Portanto, entendeu a necessidade de ficar atento a explicação, caso contrário, repetiria de ano consecutivas vezes.
“Quando começava a explicar o conteúdo, eu parava tudo e prestava atenção, porque essa era a única oportunidade que tinha de aprender. Isso me fez entender desde cedo que na minha vida ou eu fazia algo bem feito ou não fazia”, reforça.
Eu e minha casa serviremos ao Senhor
Os problemas de saúde nunca foram empecilho para que Júnior servisse a Deus. Casado desde 19 de julho de 2017 com Débora, eles são líderes ativos na Igreja Adventista de Roça Grande, na cidade de Sabará. Júnior foi nomeado para 2020 como ancião da igreja e diretor de lar e família.
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