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Clube de Desbravadores transforma vida de mulher com depressão

Neste período do Setembro Amarelo e próximo ao Dia Mundial do Desbravador, Lídia relembra como conheceu o clube que mudou sua vida.


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Lídia, à direita, teve sua vida transformada após se envolver com o Clube de Desbravadores Guardiões do Araguaia, da cidade de Nova Xavantina - MT (Foto: Reprodução)

Uma prestação de serviço de marcenaria, em 2014, marcou o começo da mudança na vida de Lídia Rossi, que mora na cidade de Nova Xavantina (a 661 quilômetros de Cuiabá). Luziano Alves da Silva é marceneiro e, na época, era diretor do Clube de Desbravadores Guardiões do Araguaia.

Em uma ocasião, Luziano foi até a casa de Lídia para arrumar um guarda-roupas. No dia anterior, uma emissora de TV local havia feito uma reportagem sobre a atuação do Clube de Desbravadores na cidade. E a filha de Lídia, Amanda Alice, reconheceu Luziano por conta da entrevista que ele deu. “Ela ficou toda empolgada e ficava me cutucando para que eu falasse com ele sobre o que era necessário fazer para ser uma desbravadora”, relembra Lídia. Na mesma semana, Amanda e, mais tarde, seu irmão, Guilherme Mateus, passaram a frequentar as atividades do clube Guardiões do Araguaia.

Momentos complicados

Antes disso ocorrer, Lídia tinha passado por momentos bem difíceis. Faltando apenas quatro meses para se graduar em Ciências Contábeis, precisou deixar o curso para cuidar da sua filha. A menina, após uma queda, teve de passar por uma cirurgia de emergência para a retirada de um coágulo na cabeça. “Nesta época, morávamos em Campo Grande (Mato Grosso do Sul). Decidi vir para Nova Xavantina (Mato Grosso) para ficar próximo da minha mãe e ter ajuda no processo de recuperação da Amanda, que durou um ano”, recorda. “Meus pais tinham acabado de se divorciar também, então, além disso, eu precisava ficar perto da minha mãe para apoiá-la”, conta.

As situações se acumularam e Lídia sentia uma tristeza profunda. Chegou a perder o apetite, tinha insônia e chorava sem motivos. “Comecei a ter febre com frequência e não tinha vontade alguma de sair de casa. Lembro que até me arrumava para sair, mas quando chegava no portão, desistia e voltava para o quarto”, relata.

Maria Luiza, a esposa de Luziano, decidiu levar Lídia ao médico que a diagnosticou com um quadro de depressão e ansiedade avançado. Lídia começou, então, o tratamento com os remédios indicados, embora tivesse dificuldades para perceber a gravidade da sua situação. “Não conseguia entender como tinha chegado naquele ponto. Me sentia culpada, mas também não tinha forças para reagir”.

Influência dos desbravadores

Seus filhos, Amanda e Guilherme, estavam cada vez mais animados com os desbravadores. Por isso, Lídia foi convidada pela direção do Clube para ajudar nas atividades e a participar dos encontros semanais. “Achei a ideia interessante e comecei a pesquisar na internet tudo sobre os Desbravadores. Como funcionava, os fundamentos, a estrutura de um Clube, as funções de liderança... Mergulhei nesse universo e me apaixonei!”, afirma.

Amanda e Guilherme, filhos de Lídia (Foto: Reprodução)

No começo, foi difícil para Lídia frequentar os encontros do Clube ou participar dos acampamentos. “Lembro de um dos primeiros acampamentos que participei e que não consegui ficar até o final. Comecei a me sentir mal dentro da barraca e só dizia que queria ir embora. Minha percepção sobre as coisas ao redor era muito negativa”, explica.

O processo foi gradativo, mas o envolvimento com os desbravadores contribuiu para que Lídia melhorasse da depressão significativamente. Como um próximo passo, ela e os filhos decidiram estudar a Bíblia e, mais tarde, foram batizados na Igreja Adventista de Nova Xavantina.

De secretária, passou a ser conselheira e, desde o ano passado, é diretora do Clube que tanto colaborou para a melhora da sua saúde emocional. “Posso afirmar com toda a certeza que o Clube de Desbravadores transformou a minha vida e a vida da minha família. Passo o dia todo pensando nos 23 adolescentes que participam do Clube, se eles estão indo bem na escola, me preocupo com suas famílias e procuro estar presente na vida deles durante toda a semana”, comenta.

Desbravadores do Clube Guardiões do Araguaia envolvidos em atividades sociais e evangelísticas na comunidade (Foto: Divulgação)

Lídia confessa que não consegue reconhecer a pessoa que era há cinco anos. “Estamos em um momento muito especial: é Setembro Amarelo e vamos celebrar o Dia Mundial do Desbravador no sábado (14.09). Impossível não ficar emocionada quando lembro da situação difícil em que minha saúde chegou. Mas, a emoção que sinto hoje é de alegria também, porque Deus me resgatou e me curou!”, declara.

Setembro Amarelo

Setembro Amarelo é uma campanha de valorização da saúde mental, do bem-estar psicológico e de prevenção ao suicídio. Durante todo o mês, a sociedade abre espaço para debates e divulgação dos temas, como forma de conscientização do problema.

Segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2018, o Brasil é o país mais deprimido e ansioso da América Latina. Estima-se que 5,8% dos brasileiros sofram de depressão, a maior taxa do continente latino-americano.

Dia Mundial do Desbravador

Celebrado neste sábado (14.09), o Dia Mundial do Desbravador é o momento de comemorar a vida de meninos e meninas com idades entre 10 e 15 anos, de diferentes classes sociais, cor e religião, que se reúnem uma vez por semana para aprenderem a desenvolver talentos, habilidades, percepções e o gosto pela natureza.