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Estilo de vida saudável é medida preventiva contra síndrome de Burnout

Atualmente, 32% da população economicamente ativa no Brasil padece do distúrbio psíquico.


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A falta de satisfação no trabalho pode ser um indicador de que algo não está bem. (Foto: Shutterstock)

A síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico caracterizado pelo estado de tensão emocional e estresse provocados por condições de trabalho desgastantes. Para saber mais sobre a síndrome, conversamos com Ana Maria Rossi, doutora em Psicologia Clínica e coordenadora de pesquisa do International Stress Managment Association (Isma-BR).

Como identificar a síndrome?

Existem 3 dimensões da síndrome. A primeira é a exaustão, que indica que a pessoa excedeu os seus limites. A segunda é a dimensão do ceticismo, quando a pessoa tem uma atitude negativa, se torna insensível, alienada. E a terceira dimensão é a ineficácia, quando a pessoa tem a sensação de incompetência e, apesar de cumprir as horas de trabalho, tem uma baixa produtividade e falta de realização pessoal.

Quais são as causas?

É uma combinação de vários fatores. Normalmente, a pessoa não dorme o numero de horas que ela necessita ou se ela dorme, o sono não é um sono reparador. Pode também ter problemas de alimentação, quando tem uma baixa qualidade nutricional e os horários das refeições não são respeitados. O consumo do álcool e o cigarro como anestésico para a pressão do trabalho e bebidas com cafeína para manter o pique, também podem ser causas. Normalmente, a pessoa é sedentária, então ela não tem uma forma de canalizar suas emoções. Além disso, muitas vezes, devido as demandas e pressões, ela não cultiva sua rede de relacionamentos pessoais, o que origina conflitos com amigos e familiares. Enfim, essa pessoa vai se isolando até estar totalmente desequilibrada emocionalmente.

 O que fazer quando se sofre de Burnout?

Alguns defendem que a pessoa pode se recuperar sozinha. Eu já sou da ideia contraria, pois se ela tivesse condições, recursos psicológicos e mentais ela não chegaria no fundo do poço, que é o Burnout. Quando a pessoa tem Burnout, ela necessita de ajuda médica, pode ser psicológica ou psiquiátrica, porque normalmente ela vai precisar de medicamentos e terapia.

 É possível restaurar o equilíbrio?

Depende da pessoa. O medicamento não vai corrigir os problemas de percurso que induziram ela a ter Burnout. A pessoa necessariamente terá que fazer algumas mudanças no seu estilo de vida e nas suas atividades diárias.

 Como é o panorama brasileiro a respeito do Burnout?

A pesquisa feita por Isma-BR, em 2018, indica que 32% da população economicamente ativa sofre de Burnout (33 milhões de cidadãos). Em um ranking de oito países, estamos à frente da China e dos Estados Unidos e perdemos apenas para o Japão, onde 70% da população apresenta os sintomas do Burnout.

 O que fazer para prevenir?

É muito importante que se tenha um cuidado especial com o estilo de vida. Ao estar bem fisicamente, há melhores condições de lidar com as pressões e demandas da vida profissional. Também é importante avaliar o custo-benefício das atividades. Se o trabalho está induzindo à doença, e a insatisfação e falta de motivação são contínuos, é momento de pensar em procurar outro emprego. Mesmo se houver um corte no salário, do contrário, ela vai estar trabalhando para pagar o tratamento.

Somos seres integrais. Desenvolver a espiritualidade é um fator positivo?

O fato da pessoa ter fé faz a diferença. Existem inúmeros estudos científicos indicando que as pessoas que tem fé lidam com pressões e demandas de uma forma muito mais saudável. Os que possuem uma conexão religiosa, tendem a ver a situação com outra perspectiva. Ao ter uma crença, se tenta encontrar naquela entidade suprema a força para lidar com a situação e enfrentar a realidade, ao invés fugir dela.