O dom profético no Novo Testamento
A atuação dos profetas também foi ativa no início e desenvolvimento da era cristã.
A palavra profeta ou profetisa aparece 160 vezes no Novo Testamento (NT), sendo 93 nos Evangelhos e 34 no livro de Atos. Na maioria das vezes, essas citações são referências aos profetas do Velho Testamento (VT), sendo poucas vezes usadas para pessoas que viviam nos tempos do NT.
Desses, encontramos:
Zacarias, "que foi cheio do Espírito Santo e profetizou" (Lucas 1:67).
Ana, a profetisa "que falava a respeito do menino a todos" (Lucas 2:36-38).
João Batista, o único profeta bíblico de quem se afirma ter sido cheio do Espírito Santo desde o ventre (Lucas 1:15). Outros foram chamados e escolhidos desde o ventre, como Jeremias (1:5), mas de nenhum se diz ter recebido o Espírito Santo desde esse estágio. João está numa categoria à parte. Ele não somente foi o precursor do Messias (Mateus 3:1-3), mas também o profeta esperado, o Elias prometido, assim reconhecido por Jesus; que também afirmou que ele era o maior nascido de mulher (Mateus 11:11-14).
Jesus, de quem se atribui o título de profeta aproximadamente 20 vezes. Na maioria desses casos, as pessoas é que O chamavam assim (Mateus 21:11; Lucas 24:19). Em Marcos 6:4 e Lucas 4:24, o próprio Senhor referiu-se a si mesmo como profeta.
Fora dos Evangelhos encontramos poucos profetas. Somente oito são mencionados por nome, sendo sete da Igreja de Antioquia: Barnabé, Simeão, Lúcio, Manaén e Saulo (Atos 13:1); Judas e Silas (Atos 15:32); e depois desses, só mais um profeta é mencionado por nome: Ágabo, da Judéia (Atos 21:10).
Pode-se ainda acrescentar a essa restrita lista "alguns profetas que eram de Jerusalém" (Atos 11:27); os 12 que foram batizados em Éfeso e que, de acordo com Lucas, falaram em línguas e profetizaram (Atos 19:6), e as quatro filhas de Filipe (Atos 21:9). Pela natureza do conselho de Paulo aos coríntios, pode ser que houvesse profetas em Corinto (I Coríntios 14:29-32). E, por fim, João, o discípulo amado, torna-se o grande profeta do NT (Apocalipse 1:1-3; 19:10 e 22:8-9).
É interessante notar que o apóstolo Paulo incluiu o dom de profecia nas três listas dos dons proféticos que aparecem no NT (Romanos 12:6; I Coríntios 12:10 e 28; Efésios 4:11). Na primeira carta aos coríntios e na carta aos efésios, o apóstolo afirma que os dons foram dados “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo" (Efésios 4:12) e "visando a um fim proveitoso" (I Coríntios 12:7). Paulo afirma ainda que “um só e o mesmo Espírito realiza todas estas, distribuindo-as como lhe apraz, a cada um individualmente" (I Coríntios 12:11).
Uma mensagem para cada tempo
Esses textos deixam claro que o dom profético deveria fazer parte da Igreja Cristã ao longo de sua existência. Não há nenhuma indicação de que os dons tivessem validade apenas para os primeiros anos do cristianismo. Como adventistas, cremos na possibilidade da manifestação do dom profético a qualquer tempo em que o Espírito Santo desejar suscitar um profeta para o povo de Deus. Cremos, ainda, na manifestação moderna desse dom, com os mesmos propósitos que viveram os profetas nos tempos passados: receber e entregar e a mensagem divina, e guiar e proteger o povo de Senhor.
Embora consideremos a Bíblia como nossa única regra de fé e prática, intérprete de si mesma e fonte reveladora plena e suficiente em questões de salvação, acreditamos também que a manifestação de um profeta moderno cumpre o propósito de não substituir a Bíblia, mas sim de nos levar de volta à Bíblia e nos conduzir à pessoa de Jesus.
Precisamos nos comprometer sem reservas com Cristo e buscar com atenção a revelação que Ele nos deixou para enfrentarmos os dias finais da história deste mundo, alicerçados sobre a inamovível Palavra de Deus. E, para isto, encontramos força e alento na maravilhosa promessa: "Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3).