Por Simone Joe

“Eu era de uma outra denominação religiosa e não me sentia bem porque não havia a presença de tradutores e intérpretes, não havia também outros surdos. Escolhi a Igreja Adventista porque me sinto realmente confortável. Temos nosso grupo de surdos e há muita reciprocidade, é muito bom”, afirma Eurico Ávila.

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• Os Surdos Adventistas

Servidor público na cidade de Grajaú, no Maranhão, Eurico conheceu sua atual esposa, Áurea Moreira, também surda, na Igreja Adventista de Canoeiro, após descobrir que era a única congregação que dispunha de um intérprete na cidade.

A administradora Anna Paula Sá, foi quem, no ano de 2007, deu início ao trabalho com os surdos em Grajaú, município com aproximadamente 68 mil habitantes localizado a 580 quilômetros da capital, São Luís: “Eu senti o chamado pela necessidade, começaram a aparecer surdos na igreja, então eu me senti tocada pelo Espírito Santo e comecei a ajudá-los traduzindo, a princípio, de forma improvisada, o que os pregadores falavam”, relembra.

E deu certo. Seu trabalho na igreja local ganhou fama no município e atraiu muitos outros surdos. Posteriormente, a intérprete buscou aperfeiçoamento e cursou uma pós-graduação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Sua congregação atualmente possui 18 surdos batizados.

Estima-se que no Brasil exista 9,7 milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva, segundo dados do IBGE de 2010, e a Igreja Adventista tem avançado na inclusão dessas pessoas através do Ministério dos Surdos Adventistas (MAS).

O MAS foi estabelecido com o compromisso de levar adiante o imperativo de Jesus que é pregar o Evangelho a todos. Seu principal interesse é fazer discípulos através do fortalecimento do culto, da fraternidade, da generosidade e da ação missionária.

Imperatriz, região sul do estado do Maranhão, sediou no último dia 8 de setembro o Encontro de Amigos Surdos e Intérpretes (EASI), a fim de expandir esse ministério e preparar a comunidade ouvinte religiosa para receber os surdos nas igrejas locais.

No total, 51 surdos participaram do encontro que contou com intérpretes e surdos de várias cidades do Pará e do Maranhão e também com a presença de Paulo Pedro Silva, um líder surdo pioneiro, bastante influente nas redes sociais, que já influenciou dezenas de pessoas ao batismo.

“Eu me sinto muito feliz porque por meio disso estamos abreviando a volta de Cristo. Eu sei que quando Jesus voltar nós voltaremos a ouvir e isso me traz uma alegria muito forte, pois vamos poder ouvir a voz dEle", ponderou.

Zanado Mesquita, um dos coordenadores do EASI, fez uma avaliação positiva: “Serviu para fortalecer a identidade surda na região norte, especialmente no sul do Maranhão. Esse contato dos surdos veteranos adventistas serviu para revitalizar a fé dos novos conversos. Os surdos do interior, por exemplo, nunca haviam participado de encontros como esse. Eles saíram daqui muito felizes e motivados” garantiu.

Ivanildo Cavalcante, líder do MAS para os estados do Pará, Amapá e Maranhão (UNB), acrescenta que essa iniciativa cumpre o propósito da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que é disponibilizar a mensagem de salvação para todos.

A Igreja Adventista mantém um portal específico para surdos, onde pode ser encontrada uma diversidade de materiais em LIBRAS tais como Lição da Escola Sabatina, livros missionários, estudos bíblicos, filmes, além de uma aba dedicada a notícias, eventos e cadastro de intérpretes voluntários. A igreja tem realizado encontros regionais de capacitação e integração, com destaque para o Evangelibras, uma programação online que ocorre uma vez ao ano, apresentando o Evangelho em LIBRAS.

Para conhecer mais sobre o Ministério Adventista dos Surdos acesse https://surdosadventistas.com.br/