Por Priscila Baracho

Morar em uma comunidade no interior do Amazonas é uma realidade diferente para a maioria das pessoas acostumadas com a tecnologia e a correria com as atividades diárias. A vida do ribeirinho é tranquila, mas também desafiadora. Mesmo quando surgem dificuldades, a simplicidade transparece através das atitudes como o cuidado uns dos outros e corações abertos para aprender sobre Deus e Sua palavra. Paricatuba é uma dessas comunidades ribeirinhas localizada no interior do Amazonas. Saindo de Manaus, são 374 quilômetros em linha reta. Só é possível chegar ao local de barco ou lancha.

No segundo semestre do ano passado, uma equipe de pastores da região norte e centro-oeste do Amazonas desbravou a localidade para conhecer melhor a realidade dos moradores e evangelizar o local. Nessa expedição, que durou mais de 10 dias, eles chegaram até Paricatuba e conheceram a dona Raimunda, uma das primeiras moradoras da comunidade.

Esperança que transforma

Dona Raimunda mora há 50 anos em Paricatuba. Ela é a agente comunitária de saúde e ajuda a fazer os partos na comunidade. “Eu tenho esse povo todo aqui como a minha família, todo mundo aqui me chama de tia, de vó”, comenta com um sorriso no rosto.

Sendo uma das moradoras mais antigas no vilarejo com pouco mais de 700 habitantes, ela conhece quase todos. Entre eles, o Izimar, um jovem autônomo que vivia bêbado, caído pelas ruas da comunidade. Izimar começou a beber aos 12 anos quando experimentou um tipo de bebida alcoólica com o primo e nunca mais parou. “Vivia jogado de casa em casa, perdi meu filho e minha esposa, foi muito sofrida minha vida”, explica.

Além disso, ninguém acreditava em sua recuperação, diziam que ele não tinha jeito. “Mas eu pedia a Deus que me ajudasse pois queria sair daquela vida”, comenta. Nos momentos mais críticos do vício, Izimar nem conseguia se alimentar ou tomar qualquer coisa antes da bebida alcoólica. “Mesmo fraco, eu orava pra Deus me ajudar, não suportava mais aquela vida, mas eu não tinha forças e Jesus enviou uma nova família”, declara Izimar.

A nova família

Através dos jovens missionários do projeto 1 Ano em Missão juntamente com o casal da igreja que navega pastor Reno e Natália, a vida de Izimar começou a tomar um novo rumo. Assim que conheceram a história do autônomo, eles se dispuseram a ajudá-lo a mudar. “Eles me medicaram, me deram comida, eu me senti uma nova pessoa, pois eu não tinha mais forças”, explana. Izimar sabe que se continuasse nessa vida não demoraria muito para ter um final triste.

Com a chegada dos missionários sua realidade mudou. “Hoje eu tenho alegria no meu coração, eu tenho benção, eu tenho uma família e eu agradeço muito a eles”, emociona-se o autônomo. Com o apoio dos jovens, Izimar foi mudando; estudou a Bíblia e decidiu entregar sua vida a Jesus através do batismo. “Cada dia que vai passando eu tenho uma benção para contar, Jesus Cristo me resgatou”, conclui.

Amazônia de Esperança

A igreja que navega chegou até Paricatuba no mês de junho. Com o apoio dos jovens do projeto 1 Ano em Missão e Amazônia de Esperança, a mensagem de Jesus chegou ao coração de moradores como o Izimar. Mais de 35 pessoas já se batizaram pelo trabalho realizado na comunidade.

Este mês aconteceu a inauguração da primeira igreja adventista no local, um templo para 150 pessoas. Na ocasião esteve presente o líder de comunicação para América do Sul, pastor Rafael Rossi. “O nosso desafio como cristãos é espalhar o evangelho para todos os lugares”, comenta Rossi. Para ele, ver a igreja que navega em um local de difícil acesso levando a palavra de Deus aos moradores, é a realização da missão. “Este projeto está de fato cumprindo o ide que Deus nos deixou”, encerra o pastor.