Haters são bem-vindos
Mesmo diante dos confrontos e acusações contra a Igreja, use as redes sociais para demonstrar o amoroso caráter de Cristo
Geralmente, acredita-se que os haters, críticos ou detratores presentes nas redes sociais, são extremamente prejudiciais às organizações, causando danos à imagem e provocando a perda de clientes ou consumidores. Mas se analisarmos com um pouco de mais atenção, descobriremos que eles podem trazer alguns benefícios e fortalecer aos que tentam prejudicar.
Redes sociais e os detratores
As redes sociais oferecem um espaço tão amplo para a livre expressão que muita gente se sente no direito de manifestar opinião pessoal sobre o que quiser, ainda que isso ofenda, magoe ou deprecie as pessoas, causas e organizações. Na verdade, as plataformas digitais acabam servindo de espaço fértil para a propagação de ideias de ódio e preconceito, assim como oferecem palco e megafone para quem deseja espalhar cólera, difamar e ser visto por milhares.
Quando o assunto é “crítica à igreja nas redes sociais”, alguns atores fazem parte dessas discussões. Dentre eles existem os críticos, os neutros - ou mal informados - e os defensores.
Os críticos geralmente iniciam a discussão. Os neutros servem de plateia, seja por não ter opinião formada, falta de informação ou preferir se abster de conflitos. Os defensores são os que contra argumentam e entram em debate.
Todos os três grupos são partes integrantes desse momentum, cada um desempenhando seu papel. Críticos e defensores, em algum momento, podem manifestar o mesmo sentimento de ira e de não aceitação da opinião alheia, e demonstrar idêntica intolerância. Os neutros são a maioria. Assistem à distância sem se envolver, mas como espectadores e em maior número determinam a relevância e o alcance da discussão.
Entrando na mente dos críticos atuais
Alguns revelam comportamento crítico porque sofreram ou foram magoados por alguma experiência ruim que passaram na Igreja. Outros desenvolveram interpretações diferentes de alguma parte da Bíblia e lutam contra os que não concordam com seu ponto de vista. E ainda existem aqueles que querem reformar a Igreja, condenando o comportamento alheio e, por isso, se envolvem em críticas à organização e ao modo de viver dos demais membros.
O benefício dos ofensores
O mundo biológico traz algumas lições interessantes e que, em parte, podem ser usadas para exemplificar este assunto. Os vírus e outros microrganismos estão presentes em todos lugares e podem ser bons ou maus. Normalmente, quando nos atacam, o organismo ativa o sistema de defesa e libera anticorpos para proteger nossa integridade. Em alguns casos, a presença do invasor é benéfica, pois desperta a resistência interna e pode tornar o corpo mais forte para as próximas batalhas.
No mundo corporativo, encontramos outros exemplos. Os clientes de uma marca são classificados em três categorias: os que odeiam, os neutros e os que defendem. Grandes empresas do planeta possuem um número quase igual de detratores e defensores.
Para essas empresas é interessante manter esses números assim, sendo os defensores ligeiramente em maior número. Isso porque a crítica dos detratores nas redes sociais desperta os neutros adormecidos e motiva os defensores calados a se manifestar. Com isso, a marca ganha destaque, relevância e sai mais forte depois da “crise”. [1]
A história se repete
No mundo religioso, essa premissa se repete. É nos tempos de maior oposição que a Igreja experimenta seu maior crescimento. Foi assim no período apostólico, quando os primeiros cristãos foram difamados, acusados injustamente e perseguidos.
Semelhantemente, na Idade Média a expansão de heresias e a ampla disseminação de erros levou os crentes sinceros a investigar e buscar a verdade na Sola Scriptura. Cremos que não será diferente nesses últimos dias. Enquanto alguns buscam as redes sociais para acusar a Igreja de defeitos e apostasia, outros usam as mesmas plataformas e ferramentas digitais para pregar e espalhar esperança para o maior número possível de pessoas.[2]
Oportunidades geradas pelas críticas
É possível lidar com as críticas e difamações à Igreja de maneira bem positiva. Algumas sugestões são:
- Demonstre o caráter amoroso de Cristo através das palavras e respeito ao próximo;
- Esclareça pontos doutrinários para os neutros e desinformados que podem estar confusos e buscando a verdade;
- Aborde os assuntos de maneira espiritual e não competitiva, mas numa discussão aberta e sadia;
- Não tente punir o crítico ou detrator mostrando superioridade de conhecimento e informações. Não empurre a Bíblia para dentro da garganta da pessoa. Mostre seu ponto de vista com clareza, simplicidade e respeito;
- Pense no bem da outra pessoa – evite magoar ou ofender;
- Passe um tempo estudando a presença online do crítico para desenvolver simpatia ou para saber se vale a pena tentar diálogo e alimentar a discussão.
Concluindo... Ainda que nesse mundo moderno e digital as redes sociais tornem a Igreja suscetível a críticas e ofensas negativas, isso não é necessariamente ruim. As “manifestações negativas muitas vezes ativam as defesas positivas”, despertam o interesse para se aprender e investigar algumas questões de forma profunda e geram oportunidades para testemunhar, demonstrando o caráter amoroso de Cristo.
“Baldados foram os esforços de Satanás para destruir pela violência a igreja de Cristo. O grande conflito em que os discípulos de Jesus rendiam a vida, não cessava quando estes fiéis porta-estandartes tombavam em seus postos. Com a derrota, venciam. O evangelho continuava a espalhar-se, e o número de seus aderentes a aumentar. Penetrou em regiões que eram inacessíveis, mesmo às águias romanas. Disse um cristão, contendendo com os governadores pagãos que estavam a impulsionar a perseguição: Podeis “matar-nos, torturar-nos; condenar-nos. Vossa injustiça é prova de que somos inocentes. Tampouco vossa crueldade. vos aproveitará”. Isto não foi senão um convite mais forte para se trazerem outros à mesma persuasão. “Quanto mais somos ceifados por vós, tanto mais crescemos em número; o sangue dos cristãos é semente.” [3]
Referências:
[1] KOTLER, P. Marketing 4.0 - do Tradicional ao Digital. Editora Sextante, 2017.
[2] WHITE, E. História da Redenção. Casa Publicadora Brasileira. https://m.egwwritings.org/pt/book/1949.1547. Acesso em 26 mai 2018
[3] WHITE, E. História da Redenção. Casa Publicadora Brasileira. https://m.egwwritings.org/pt/book/1949.1547#1552. Acesso em 26 mai 2018