“Precisamos conhecer nosso público”, diz especialista em neurociência
Em palestra para pastores, especialista fala sobre a formação do cérebro do adolescente e as implicações disso na relação entre as diferentes gerações
Cuiabá, MT...[ASN] Começou nesta terça-feira, 22, a Comissão Diretiva Plenária da União Centro-Oeste Brasileira. O evento acontece todos os anos para planejamento das ações que serão realizadas no próximo ano. São convidados líderes e administradores de todos os campos e instituições, além de alguns pastores distritais e membros de igrejas locais.
Tendo como foco as novas gerações, o primeiro palestrante do evento foi de Billy Nascimento, doutor em neurociência, co-fundador da Forebrain, uma empresa de neurociência aplicada ao consumo. Billy deu abertura ao programa, com a palestra que explicou sobre a formação do cérebro do adolescente. O objetivo era fazê-los entender que a forma de trabalhar com esta faixa etária deve ser diferente das outras.
Para isso, é preciso conhecer o público a ser trabalhado. “Alguns pensadores afirmam que existem diversas ‘adolescências’, porque não podemos enquadrar todos os meninos e meninas dessa faixa etária na mesma classe. O cérebro potencialmente funciona de um jeito. Mas o ambiente em que eles vivem interfere em muita coisa”, afirma Nascimento, ao apresentar uma reportagem exibida no Fantástico, que mostra quatro adolescentes que vivem a vida de formas bem distintas.
As diferenças estão relacionadas com a educação que recebem, com as oportunidades que encontram na vida e, também, com as escolhas que fazem. Baseado nisso, alguns amadurecem mais cedo do que outros. No entanto, cientificamente falando, nesta idade, o cérebro de todos eles ainda está em formação. “O lobo pré-frontal só é formado depois da terceira década de vida. Portanto, na adolescência essa parte do cérebro ainda não está madura”, explica Nascimento. O lobo frontal é a parte do cérebro responsável pela regulação das emoções, pelo controle de atividades impulsivas, pela determinação de causa e efeito nas relações sociais e pelos julgamentos morais. É por isso que, segundo Nascimento, os adultos precisam guiar os mais jovens em suas decisões. “É nosso dever sermos condutores de planejamento, de controle, e de visão de mundo deles, pois eles ainda não estão preparados para isso, mas precisamos fazer isso na linguagem deles”, ressaltou.
O palestrante finalizou o tema fazendo uma reflexão com os líderes. “Nossa maior responsabilidade é mudar a nossa cabeça e não mudar a cabeça deles.
O chamado para nós, que somos mais velhos, é de mudar os nossos pensamentos, nossos conceitos, nossa forma de ver o mundo. Porque se estamos deixando que pessoas se percam por conta da nossa forma de pensar, isso é responsabilidade nossa”, conclui. [Equipe ASN, Jenny Vieira]