Engenheira descobre em maternidade como usar talentos para ajudar pacientes
Há quatro anos consecutivos, Ana percorre os corredores da maternidade em Joinville para compartilhar esperança e fazer novas amigas
Por Jéssica Guidolin
Ana Watanabe é doutoranda em Engenharia Elétrica pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e professora desta mesma instituição. Apesar da vocação profissional, foi em quartos da maternidade Darcy Vargas, em Joinville, que ela encontrou uma outra forma de usar seus dons.
Tudo começou em 2013, com o desejo de seguir o exemplo do professor de violino de seu filho, Guilherme. O maestro Paulo Torres toca violino em hospitais, e quando soube que uma pessoa voltara de coma ao ouvir um hino, Ana se sentiu muito impressionada. Foi então que sugeriu ao seu filho fazer a mesma ação. Mas a resposta de permissão da maternidade veio quase um ano depois. Nesse meio tempo, o jovem mudou-se para São Paulo por causa dos estudos.
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“Quando me retornaram, pensei: ‘E agora? Eu não sei tocar violino, não sei cantar... Talvez eu possa fazer alguma coisa, como entrega de livros, visitações. É um trabalho simples, mas que leva um pouco de carinho e amor às mulheres neste momento tão especial”, planejou.
Apesar da agenda cheia, das viagens e do doutorado, todas às quintas-feiras, há quatro anos ininterruptos, Ana comparece à maternidade junto a um grupo de mulheres que a ajudam neste projeto. Elas visitam todos os quartos, oram, cantam, presenteiam os bebês prematuros com polvos de crochê e convidam os pacientes a participar de um culto na capela do hospital.
“Tentamos fazer amizade. As mamães têm aceitado bem o nosso culto. Cantamos alguns hinos e fazemos uma curta meditação. Em datas comemorativas, levamos presentinhos, fazemos alguma ação. E, quinzenalmente, aos sábados, levamos corais, crianças, fazemos parceria com a escola adventista da cidade”, relata Ana, que também comenta a ajuda em doações de leite e fralda, que algumas mães necessitam.
A engenheira tem muitas experiências marcantes como resultado deste trabalho. Uma delas foi o caso de Evandra Damaceno, mãe de Sophia Vitória, que nasceu em 2017 com apenas cinco meses de gestação, pesando 595 gramas. Por conta das complicações, a bebê precisou ficar internada da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e passou por vários procedimentos cirúrgicos. Foram quatro meses de permanência na maternidade. “Eu estava completamente abalada. Os médicos só me diziam que ela não ia sobrevier, e o conforto das palavras dos voluntários me ajudava bastante”, relembra Evandra.
Nesse tempo, Ana pôde se aproximar de Evandra e oferecer ajuda. Toda a semana, a mãe de Sophia comparecia ao culto oferecido na maternidade. A atitude de carinho para com ela fez com que, mesmo após deixar o local, não perdesse o contato com a professora. Por morar em uma cidade vizinha à Joinville, agora Evandra recebe estudos bíblicos via videoconferência ministrados por Ana.
“Ela já levou a bebê na nossa igreja, e agora estudamos a Bíblia todas as quintas. A alegria invade meu coração ao poder ser útil ao nosso semelhante. Eu sinto que é um presente de Deus poder fazer parte deste serviço de voluntariado”, comemora a engenheira. “Se entregarmos nossos talentos, tempo e dinheiro a Deus, Ele permite que trabalhemos em sua obra, dando-nos condições de realizá-la.”