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Adventistas oferecem atendimentos gratuitos a povo indígena no noroeste do RS

Primeira das ações de aproximação aos índios Kaigangs foi caracterizada por feira de saúde.


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Colaboração: Gislene Niderstrasser

Jovens e líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Miraguaí realizaram uma Feira de Saúde no último sábado (14) em uma das comunidades de índios Kaingangs, localizada próximo ao município. O evento é o primeiro de uma série de ações sociais que os fiéis pretendem realizar no povoado com a intenção de criar uma aproximação ao sanar suas necessidades.

A feira ofereceu atendimentos gratuitos como corte de cabelo, aferição de pressão, varal solidário e orientações sobre saúde.  A iniciativa também contou com uma apresentação de ordem unida do Clube de Desbravadores com o objetivo de convidar adolescentes para a agremiação. As crianças presentes foram contempladas com lanches. A estimativa dos organizadores é a de que cerca de cem pessoas receberam atendimento na ocasião.

“Os índios costumam ficar envergonhados porque brancos e indígenas não se misturam, mas na feira foi tudo tranquilo. Eles gostaram e querem saber quando terá a próxima ação”, contou Reni Inácio da Silva, 24 anos e pertencente à igreja.

Cerca de cinco mil nativos têm suas moradias fixadas na reserva da Guarita, composta de 22 mil hectares e localizada no Noroeste do Rio Grande do Sul. A reserva está encravada entre três municípios – Redentora, Miraguaí e Tenente Portela.  Apesar da proximidade territorial, índios e não-índios pertencem a culturas diferentes, realidade que dificulta o contato missionário. Diante disso, os adventistas têm como propósito serem relevantes às necessidades sociais dos indígenas.

Aos poucos, as barreiras culturais começam a ser rompidas na região. O índio Reni e o pastor responsável pelos templos adventistas de Miraguaí, Eliandro Niderstrasser, estão dando estudos bíblicos para Gilma, viúva do ex-cacique da tribo e para os seus dois filhos.

Em contato com a comunidade, o pastor Eliandro perguntou a alguns índios sobre suas necessidades. “Eles me disseram: Nós não plantamos mais, somos dependentes dos brancos”, relata o pastor. Sem especialização, mesmo quando os indígenas conseguem emprego, recebem salários baixos. “Eles pediram cursos profissionalizantes de cabeleireiro, atendente, manicure, para que possam se fortalecer e conquistar independência dos brancos”, revela.

O idioma é outro fator importante para a receptividade da mensagem. “Comprei duas bíblias na língua kaingang. Uma para mim e outra para a irmã Márcia. Quero que ela possa evangelizar na língua dela”, diz Eliandro. Márcia Garej da Silva, 46 anos, também faz parte da tribo, é adventista e tem falado às amigas sobre sua fé. Suas duas filhas já têm se preparado para o batismo.