Igreja alinha trabalho de ministérios para públicos específicos
Encontro realizado em Brasília discutiu métodos e reforçou estratégias alinhadas com a missão adventista
Brasília, DF… [ASN] O crescimento da Igreja Adventista na América do Sul também se deve ao trabalho realizado com públicos específicos. E foi justamente para alinhar as bases de atuação de mais de 90 ministérios espalhados em sete países e voltados a esses grupos que pastores que estão à frente dessas iniciativas estiveram reunidos em Brasília nos dias 21 e 22 de junho.
Essencialmente, esses espaços trabalham com pessoas consideradas pós-modernas, ou seja, que vivem em um ritmo de vida marcado pela velocidade, não dispõem de muito tempo e necessitam de abordagens distintas para que sua atenção seja captada. Trata-se de um projeto em que as estratégias diferem das de um templo adventista tradicional.
Isso não quer dizer, no entanto, que há um liberalismo em relação às atividades praticadas por seus membros e visitantes. “A Igreja se preocupa muito em alcançar as pessoas que estão nas grandes cidades, que tem uma vida agitada, que dificilmente para. A Igreja não vai mudar seus princípios, sua essência. O que nós queremos é contextualizar uma estratégia de aproximação”, esclarece o pastor Edison Choque, diretor dos Ministérios Especiais da Igreja Adventista para oito países sul-americanos.
“Queremos que eles participem de Pequenos Grupos, classes bíblicas diferenciadas. E o discipulado, sem dúvida, é um caminho para alcançar essas pessoas. O foco desses projetos é evangelístico”, enfatiza Choque.
Mensagem única, métodos distintos
Trabalhar com ministérios para públicos específicos não é uma atividade nova na América do Sul. Os adventistas mantém templos para atender judeus e árabes, por exemplo. São locais que possuem uma arquitetura e decoração de acordo com essas culturas, uma liturgia diferenciada, mas que conservam as crenças e princípios bíblicos da denominação.
Embora fazer novos discípulos deva ser um objetivo de cada congregação adventista, nem todas elas têm condições de atender grupos diferenciados. Por isso, é necessário que existam ambientes específicos, com pessoas preparadas para tal. O encontro de líderes que atuam nesses ministérios serviu também para a troca de experiências em relação ao que já se tem feito em várias localidades do continente.
O pastor Ricardo Coelho dirige a Comunidade Adventista do Alphaville, no bairro Ponta Negra, em Manaus, há seis anos. O local é frequentado por empresários, profissionais liberais e famílias bem-sucedidas da cidade. Dos cerca de 200 membros, 10% são médicos.
Desde o início de seu trabalho, mais de 70 pessoas foram batizadas. Ele atribui o resultado à criação de vínculos com as pessoas, principalmente nos Pequenos Grupos e outras atividades que proporcionam o relacionamento. “Tudo o que fazemos é com foco no nosso público alvo. A partir das necessidades deles, preparamos nossos programas para atendê-los”, esclarece Coelho.
Ele reforça que o trabalho com esse grupo precisa ser diferenciado. Pela agenda que eles têm, uma semana de oração, por exemplo, não teria o mesmo resultado obtido em uma congregação adventista tradicional. Por isso, elas acontecem de outra maneira, com menos encontros, mas com abordagens e linguagem voltadas à realidade deles. Como fruto dessa estratégia, no segundo semestre deste ano, cerca de outras 25 pessoas serão batizadas.
Foco claro
“Quando a gente fala sobre esse tipo de assunto, o objetivo é fazer com que eles foquem no que é essencial e que não fere os nossos princípios. Estamos pedindo mais ênfase no discipulado. Nós entendemos que isso é necessário para esse segmento. É um segmento de pessoas que não veem rápido para a Igreja. É preciso construir um passo a passo, e o discipulado é justamente isso: construir”, sublinha o pastor Erton Köhler, presidente da Igreja Adventista na América do Sul.
A liderança adventista vê esses espaços com otimismo. Diante das mudanças pelas quais o mundo tem passado, creem que é preciso utilizar novos métodos para levar a mesma mensagem para a população. Ao mesmo tempo, dizem que é preciso tratar o assunto com cautela para que, ao a denominação entrar em um terreno novo, não ter mais prejuízos do que benefícios.
No entanto, notam que esses lugares estão trazendo várias oportunidades para que mais pessoas conheçam a Cristo, já que estão em centros de cidades grandes, em bairros nobres, onde a Igreja normalmente não tem acesso. A abordagem desses locais também quebra preconceitos, de forma que talvez não se chegaria a esse público de outra maneira.
“Ministérios específicos é um nome para alcançar um público específico, mas não uma proposta para toda igreja. Nós queremos, sim, que elas estejam preparadas para tratar com pós-modernos, mas este modelo não é um modelo para todo templo. É um projeto para lugares bem específicos, para situações bem delicadas”, explica Köhler. [Equipe ASN, Jefferson Paradello]