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Coluna | Diego Barreto

O dano do materialismo

Por que o materialismo é tão prejudicial para a nossa fé?


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Foto: Shutterstock

Há um dano silencioso em nossa sociedade. Uma agressão quieta que nos afeta a quase todos. Quanto mais urbanizada a vida do indivíduo mais exposto a essa forma de agressão se está. Não me refiro a violência das cidades ou a opressão do dia-a-dia. Me refiro a imposição secreta de uma mentalidade baseada naquilo que é material. Explico: quanto mais enfurnados estamos no meio de “coisas”, mais as “coisas” nos são reais. Quanto mais familiarizados com aquilo que é material, menos familiaridade teremos com o que é natural, quanto mais daquilo que é sobrenatural.

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Quando vivemos no mundo das coisas, o que não é material vai desaparecendo de nossa mente até se apagar completamente. O metrô é real, os carros são reais, o asfalto é real, o dinheiro na carteira (ou a falta dele) é real, o emprego é real, o despertador é real, o luxo é real, o conforto é real, as festas são reais, enfim, nosso mundo se resume ao palpável. Aquilo que o homem pode construir com suas próprias mãos é o que realmente vale.

Vivemos rodeados de coisas que conhecemos a origem. Sabemos quem fez o asfalto, as casas, os prédios, as paredes e muros, os carros, os vidros, os produtos das lojas, os utensílios de casa, enfim, estamos cercados da criação do homem. Como tudo o que é material nos parece real, ecoa inconscientemente uma voz que parece declarar: “tudo o que existe é material assim como o homem que manipula todas essas coisas”.

Se vivêssemos em um ambiente muito mais natural, e aqui me refiro mesmo à natureza, seríamos surpreendidos todos os dias por fenômenos que não podemos explicar. Mesmo a biologia dando explicação para os fenômenos naturais, ainda assim não entendemos de fato como uma semente vira uma árvore frondosa. Mesmo sabendo que o corpo se cura de doenças, não entendemos como ele faz isso especificamente. O assombro da criação ecoa uma voz que parece declarar: “há algo além de nós, uma força original, um maestro que opera ainda que de maneira invisível”.

Trabalho silencioso

Percebeu a diferença? Silenciosamente, a vida material vai nos roubando a consciência da natureza e do sobrenatural. Fica cada vez mais fácil agredir a natureza se o resultado for o nosso conforto. E cada vez mais fácil duvidarmos e nos esquecermos do sobrenatural com tanto tempo e esforço investido num ambiente completamente material. Quanto mais desenvolvida a sociedade, mais conforto tem, mais respostas encontra, menos sentimos a necessidade do simples, mais nossas mentes se deformam para uma perspectiva cética e materialista.

A Bíblia trabalha todo o tempo com promessas de um futuro sobrenatural. Se nossa mente não sabe trabalhar nesse âmbito, jamais tocaremos a esperança como ela é. Aos poucos nos esquecemos de crer na volta de Jesus, aos poucos nos esquecemos de amar as pessoas e passamos a tratá-las como coisas, aos poucos nos individualizamos cada vez mais. A oração deixa de ser um hábito para, logo em seguida, deixar de ser necessária, em pouco tempo nem conseguimos mais nos concentrar em uma breve prece. Os cânticos espirituais somem e dão lugar a canções que emocionam para um momento. O louvor desaparece e a gratidão vai com ela. A frieza começa a se estabelecer cada vez mais e se cumprem as palavras de Jesus em Mateus 24:12 “o amor de quase todos esfriará”...

Perdemos o ânimo espiritual porque nossa vida é toda material. Envoltos em todas as coisas daqui perdemos o que está “lá” completamente de vista. O sentido das coisas espirituais desaparece ao ponto de nos perguntarmos porque frequentamos a igreja. Imersos no líquido espesso do materialismo, esquecemos que há um ar fino a ser respirado fora dele. Não vivemos como quem é eterno já, mas como quem ainda tem de conquistar muitas coisas. De forma impressionante, nossa vida não se conforta num mundo onde não haverá mais mal, mas na tentativa frustrada de tornar esse lugar aqui mais justo e confortável. O olhar deixa de ser vertical e passa a ser horizontalizado. E desaprendemos o que é realmente importante. Incapazes de enxergar que a vida é muito mais do que podemos ver. Esse é o dano.

Deixo aqui conselhos práticos:

- Tome tempo hoje para meditar no que não é material. Estou falando de bons minutos, 30 minutos (meio episódio de um seriado), com celular desligado. Você vai sentir a luta.

- Procure uma leitura que incentive seus pensamentos naquilo que é espiritual.

- Ore, fale com Jesus. (Se perder a concentração, ore em voz alta para ajudar).

- Perceba a importância disso e repita todos os dias.

Diego Barreto

Diego Barreto

O Reino

Vivendo já o Reino de Deus enquanto Ele ainda não voltou. Um olhar cristão sobre o mundo contemporâneo.

Teólogo, é co-autor do BibleCast, um podcast sobre teologia para jovens, e produtor de aplicativos cristãos para dispositivos móveis. Atualmente é pastor nos Estados Unidos.