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Coluna | Diego Barreto

Um sinal do rei

Esse sinal tem a ver com as boas obras descritas na Bíblia. Mas você sabe quais são elas?


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Foto: Shutterstock

Na religião, há o incentivo sempre crescente de mudança de atitudes. Do momento que nos convertemos em diante entramos num mundo de transformação que exige muitas mudanças de comportamento. O problema é que muitas vezes entendemos errado esse chamado para mudança. Nossa tendência ao erro é tal que, mesmo quando tentamos acertar, erramos. A Bíblia diz que “nossos atos de justiça são como trapos de imundícia” (Isaías 64:6). O que é mesmo que dizer: Quando vocês tentam limpar sujam mais ainda porque o pano que estão usando está imundo. Fica ainda pior quando achamos que as coisas que fazemos nos encomendam a Deus. Transformando nossas ações em tentativas meritórias de conquistar ou o amor de Deus ou nossa salvação.

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Por tudo isso é muito importante que saibamos exatamente que tipo de obras Deus pede de nós uma vez que fomos salvos pelo sacrifício de Jesus Cristo. Em Mateus 5:16 lemos: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. O texto nos informa que o tipo de luz que exibimos no Reino de Deus tem uma natureza específica: “boas obras”.

Esse termo não aparece no Antigo Testamento, mas apenas no Novo Testamento e é um termo específico. Em Efésios 2:8-10, encontramos: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; NÃO DE OBRAS, para que ninguém se glorie.Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para BOAS OBRAS, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (grifo acrescentado por mim). Perceba aqui nesse texto que o contraste entre os dois termos é feito por Paulo. “Fomos criados em Cristo Jesus para BOAS OBRAS”.

Ao contrário do que muitos podem vir a pensar, não se refere às “obras” da Lei. Esse termo não é sobre a conduta sugerida pelos dez Mandamentos ou mesmo as condutas da religiosidade (leia-se usos e costumes). A atribuição “boas” na frente de “obras” especifica que a natureza dessa ação é outra. As obras da Lei não podem ser consideradas “boas” por dois motivos:

1)  São condenatórias. Somos todos pecadores e, por isso, a Lei nos aponta cada um de nossos erros. Cada erro é uma condenação eterna. “Não há um justo, nenhum sequer” (Romanos 3:10) e portanto todos “carecemos da glória de Deus” (Romanos 3:13). A lei vive nos lembrando e informando esse nosso estado que remete ao destino digno de todo ser humano: A morte. “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição”(Gálatas 3:10) e é  por isso que Jesus morre em nosso lugar, para nos resgatar “da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar” (Gálatas 3:13).

A segunda razão pela qual as obras da lei não podem ser chamadas “boas” é que elas são o mínimo, o chão em que um cristão pisa. É indiscutível que todos devemos cumprir a Lei, mas isso é básico demais. Não podemos chamar de “bom” alguém que não rouba, não mata, não mente, ele faz apenas o que ele já tinha de fazer. Isso é o mínimo. Não se dá aplausos a alguém que não adultera, essa já é sua obrigação! Cumprir a Lei é obrigatório a todos e não traz luz para quem a cumpre, é apenas o básico. Há muitos não cristãos que não roubam nem matam, isso não aponta para a glória de Deus. É por isso que Jesus diz, em Mateus 5:20: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”. O que os escribas e fariseus faziam? O básico, apenas guardavam a Lei. Precisamos exceder em muito isso.

Mas o que são as boas obras?

Então o que são as “boas obras” que devem ser a luz do cristão? Se a lei já guardada o que mais “temos que fazer”? Preste bem atenção aqui: “TER QUE FAZER” não é o termo certo. Você não TEM de fazer nada, Cristo já te salvou, no entanto se você ama a Deus por isso, e quer fazer Sua vontade veja: “SE me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14:15) “Novo mandamento vos dou, que vos ameis uns aos outros” (João 13:34). Não é por obrigação, mas por amor a Deus. E o que é Deus pede àqueles que O amam?

Veja o que a Bíblia diz sobre esse termo específico. Em Atos 9:36, a Palavra nos mostra uma pessoa que brilhava essa luz de Mateus 5:16. Dorcas, uma mulher que ficou conhecida pelo bem que fez as outras pessoas de sua comunidade, “era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia” (idem). Perceba que o texto a chama de notável exatamente aquilo que Cristo quer que sejamos para exibirmos o Pai do céu. O que Dorcas apresentava? Uma vida de amor ao próximo.

Paulo continua a nos mostrar o significado profundo desse termo em todos os outros textos que ele aparece, mas aqui vão alguns bem claros. Quando ele falava sobre a pessoa que deveria liderar os irmãos escreveu: “seja recomendada pelo testemunho de boas obras, tenha criado filhos, exercitado hospitalidade, lavado os pés aos santos, socorrido a atribulados, se viveu na prática zelosa de toda boa obra” (I Timóteo 5:10). Percebam que aqui ele não cita obras da lei, mas a ação de amor de um pelo outro como explicitação de alguém que é “zeloso de boas obras”. Mas uma clara definição está em I Timóteo 6:18: “que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir;”. Aqui não restam dúvidas as “boas obras” tem que ver com o “bem” que é praticado, por isso recebem esse nome. Pessoas “ricas em boas obras” são descritas claramente como aqueles que são “generosos em dar e prontos a repartir”. Portanto, qual é a Luz do cristão que está no Reino de Deus? É guardar um mandamento? Não! É cuidar do irmão, é demonstrar amor pelo próximo é ser um discípulo do Rei Jesus. “E nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (João 13:35). Esse é o sinal do Reino de Deus na vida de uma pessoa é a luz que brilha e mostra o Pai que está no Céu. Se num mundo mau que não possui qualquer motivo para ser melhor há bondade sendo feita é porque tem de haver um Deus no Céu.

Sim, Ele está no Céu, mas é visto aqui na Terra em Seus filhos. Toda vez que alguém questiona a existência de Deus, por ver muitas dores e sofrimentos na Terra, é porque não está encontrando cristãos de verdade, portadores do Reino. Porque quando alguém vê um ato de amor, uma entrega, um sacrifício em favor do outro, nossos olhos se impressionam com a visão de Cristo. É quando damos e não quando recebemos que somos cristãos. É quando nossa vida se pauta no bem que temos a fazer nesse mundo tão calejado. Nisso somos Cristo aos olhos dos que habitam a Terra.

É por isso que quando Cristo voltar haverá dois grupos de cristãos, uns que se vangloriam de todos os atos religiosos que fizeram (Mateus 7:22)  e aqueles que sem saber foram até Jesus dando água a quem tinha sede, comida a quem tinha fome, vestes a quem estava nu, visitando os doentes (Mateus 25:31-36) e transformando a parte da Terra em que habitavam com uma luz que vem direto do Céu. Exibindo a Justiça de verdade que vem de outro Reino.

Dá para conhecer mais vendo esse episódio do programa Hiperlinkados:

Diego Barreto

Diego Barreto

O Reino

Vivendo já o Reino de Deus enquanto Ele ainda não voltou. Um olhar cristão sobre o mundo contemporâneo.

Teólogo, é co-autor do BibleCast, um podcast sobre teologia para jovens, e produtor de aplicativos cristãos para dispositivos móveis. Atualmente é pastor nos Estados Unidos.