Religião e cultura são temas abordados em fórum voltado ao discipulado
Evento reúne cerca de 80 pessoas em comunidade adventista de São Paulo para tratar sobre a experiência cristã e a realidade urbana
São Paulo, SP… [ASN] Alcançar pessoas com mentes pós-modernas em uma cultura diferenciada são algumas das dificuldades encontradas durante o processo de discipulado, mas esta é justamente a proposta da Comunidade Adventista do Morumbi, que entre os dias 10 e 11 de dezembro realizou o primeiro DiscipuLab, com o Fórum de Religião e Cultura.
Para cerca de 80 participantes, o programa que teve mais de oito horas de duração contou com palestrantes do grupo de pesquisas interdisciplinar Excelsior!, do UNASP - Engenheiro Coelho, que explora a relação do cristão com a mídia e a cultura. Entre os palestrantes estavam Allan Novaes, Betina Pinto, Felipe Carmo e Marcelo Dias, que abordaram temas como mensagens subliminares, a mulher e a mídia, reflexões bíblicas em uma teologia do cotidiano, além das ameaças da mídia para a identidade e missão adventista. O programa também teve a participação do cantor internacional Billy Otto.
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A ideia surgiu de três líderes da comunidade que tinham como objetivo abordar o processo de aproximação entre a experiência cristã e a realidade urbana. “De certa forma a cultura bloqueia as pessoas em receber a religião, além da falta de estratégias necessárias para quebrar os preconceitos. Este fórum visa abrir a mente das pessoas para as possibilidades e para que entendam que temos que respeitar e levar o Cristo para as pessoas, na cultura que elas vivem”, afirma o Cesar Augusto Camacho, pastor da comunidade.
Palestras
O processo de inclusão da igreja em novos meios de comunicação, bem como o imaginário adventista e as teorias conspiratórias foram temas abordados pelo palestrante Allan Novaes, pró-Reitor de desenvolvimento institucional do Unasp - Engenheiro Coelho. O professor afirmou que a igreja adventista tem se afastado da cultura de demonização e abstinência através da conscientização e educação, pois o papel da igreja não é dizer o que pode e o que não pode, mas sim instruir no melhor caminho a ser seguido.
Felipe Carmo, professor e editor-associado da Imprensa Universitária Adventista (Unaspress), apresentou reflexões bíblicas com base em uma teologia do cotidiano, pela qual abordou a importância da cultura para a pregação do evangelho.
“O ponto principal é começarmos a nos relacionar com o mundo e não nos separar dele. Começar a ser sal de verdade, nos envolver com as pessoas”, afirma Felipe.
A abordagem da mídia e a violência, tanto física quanto simbólica contra a mulher também foram assuntos levantados durante o fórum. Quem desenvolveu o tema foi a apresentadora Betina Pinto, que também tratou dos perigos de uma mentalidade submissa e a influência da mídia para a frustração feminina – a imagem que as mulheres veem no espelho não é a mesma que aparece na TV.
“Este é um tema que precisamos falar cada vez mais, pois está completamente relacionado com a imagem que se tem da mulher. Quanto mais conversarmos dentro das igrejas e trabalharmos com as crianças na conscientização do papel e importância da mulher e do homem, que os dois foram criados a imagem e semelhança de Deus e como tais precisam ser respeitados, mais a gente consegue caminhar para conscientização da questão da violência”, aponta a apresentadora.
Marcelo Dias, diretor do Núcleo de Missões (Numci) do Unasp - Engenheiro Coelho, expôs as ameaças da mídia para a identidade e missão adventista, sobre como o evangelho só é conhecido a partir de termos culturais, um idioma, costumes ou através de mídia cultural. Ele também advertiu sobre o perigo de generalizar ao dizer que a cultura está entrando na igreja.
“A iniciativa de abordar a cultura como um fator de união é fundamental. Colocarei em prática o que aprendi nesses dois dias a partir da tolerância e compreensão”, garante Luciano Monteiro, consultor de empresas.
Discipulado e DiscipuLab
Base para a comunidade adventista do Morumbi, o processo de discipulado faz parte da missão da igreja, que não é fazer apenas membros, mas discípulos de Jesus Cristo. Por este motivo, a comunidade dispõe de 15 grupos de discipuladores que auxiliam, em média, 40 pessoas.
O evento contou com o envolvimento de aproximadamente 15 pessoas, entre eles Farley Matias, assessor executivo e membro da comunidade.
“O programa me proporcionou um crescimento espiritual, sabedoria e um leque de possibilidade. Nós não podemos ser únicos e seletivos a uma religião específica, temos que entender as pessoas como um todo”, conclui Farley.
Ideia que serve de base para outros simpósios, o nome DiscipuLab possui dois significados, Discipulado (como filosofia do Morumbi) e Lab (laboratório). E para 2017 o objetivo é expandir e realizar uma edição nacional. [Equipe ASN, Stephanie Tavares]