Alunos desenvolvem trabalhos artísticos para deficientes visuais
Iniciativa de estudantes de Colégio Adventista é uma lembrança ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
Curitiba, PR...[ASN] Nesta quarta-feira, 21, comemora-se o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Em homenagem a esta data, alunos do Colégio Curitibano Adventista Bom Retiro confeccionaram peças texturizadas inspiradas em obras conhecidas para serem apresentadas a deficientes visuais. As releituras das artes vão desde modernismo, surrealismo, futurismo, até arte grega, romana, entre outras.
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De acordo com pesquisas do último Censo (2010), 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência, sendo a visual a mais frequente.
Segundo Elisângela de Aquino, professora de artes responsável pela iniciativa, a ideia é causar a inclusão deste grupo na área cultural e artística, já que muitas vezes a pessoa cega tem acesso às informações apenas por folhetos em braile ou explicações de outras pessoas. “Por que não fazer do nosso conteúdo de artes algo que também inclua os deficientes? Aí surgiu a ideia! Desde a busca do material para que não fosse agressivo na hora do toque até o tamanho, o formato, decidimos tudo com cuidado para eles [deficientes]”, explica.
Pensando nisso, os trabalhos estão expostos no Instituto Paranaense de Cegos (IPC), a fim de proporcionar aos frequentadores do local essa experiência diferente do toque.
Parte dos trabalhos também está na própria escola para a apreciação dos alunos de outras classes. Entretanto, as obras são tampadas por um tecido, e os estudantes vendados têm a oportunidade de apenas senti-las. A intenção é despertar a sensibilidade e conscientização entre eles.
Imersão
Para enfatizar ainda mais a experiência tátil, a aula convencional foi substituída por uma aula às cegas. Um objeto desconhecido foi apresentado aos alunos para que posteriormente fosse reproduzido em papel – mesmo método utilizado pelos cegos.
“A gente está tão acostumado a ver e desenhar sem nenhum problema que fazer essa atividade fica muito difícil. Mas pra mim o mais difícil é sentir, porque parece que você fica numa agonia de descobrir qual é aquele objeto, só que você não faz ideia do que é”, descreve o aluno Guilherme Isfer sobre a sensação da aula às cegas.
Francisco Bernardo conferiu de perto a exposição dos trabalhos. Vítima de uma mina terrestre, o ex-militar angolano que mora no Brasil há mais de 10 anos perdeu a visão, teve a audição comprometida e um braço amputado. Para ele, o projeto está aprovado. “Eu gostei muito do trabalho deles. Tenho certeza que isso faz parte de uma inclusão para todos nós, deficientes visuais”, afirma.
As exposições no IPC e na escola vão até a próxima sexta-feira, 23. [Equipe ASN, Jéssica Guidolin]
Confira alguns trabalhos dos alunos:
A ação foi destaque na imprensa: