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Adventista conduz Tocha Olímpica Rio 2016 em Indaiatuba

Ana Paula Cieba, 42 anos, mora em Indaiatuba, interior de São Paulo, e é adventista desde os dez anos.


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Indaiatuba, SP... [ASN] Ana Paula Cieba, 42 anos, mora em Indaiatuba, interior de São Paulo, e é adventista desde os dez anos. Atualmente, ela é diretora do Ministério da Mulher; coordenadora de jovens adventistas na região de Indaiatuba; coordenadora do projeto de evangelismo na cidade, conhecido como Caravana 7 Portas; diretora do programa de debates no Espaço Novo Tempo do município, UNITED. Além disso, Ana também coordena um grupo de voluntários, conhecidos como Exercito de Gigantes que fazem parte do projeto de voluntariado da Igreja Adventista na América do Sul, Missão Calebe. No âmbito social, ela palestra sobre estilo de vida, motivação e as consequências do uso de álcool, drogas e tabaco em espaços públicos. Devido a sua participação em projetos sociais, Ana foi escolhida pelo Comitê Olímpico para conduzir a Tocha Olímpica Rio 2016 em Indaiatuba no dia 21 de julho, às 7h30. Leia a entrevista completa sobre o assunto abaixo: 

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Agência Sul-Americana de Notícias: Como você se tornou Adventista?

Ana Paula Cieba: Eu tinha 8 anos quando meus pais aceitaram a Cristo. Morávamos em Itu quando comecei a frequentar a igreja. Meus pais sempre envolveram os filhos nas poucas atividades denominacionais, principalmente no Clube de Desbravadores. Nasci em uma família muito humilde, mas meus pais não nos deixava faltar a nenhuma atividade do Clube de Desbravadores. Aos 10 anos, fui batizada no Batismo da Primavera, na Cidade de Porto Feliz. Sempre participei ativamente de tudo que a igreja promovia. Na adolescência, já era diretora de jovens com muito pouco conhecimento e participava de um conjunto musical – apesar de cantar bem mal.

 

 ASN: Quais foram suas maiores dificuldades espirituais durante a juventude?

Ana: Minha vida seguia normalmente. Tornei-me adulta, cresci, casei-me e tive uma filha. Mesmo com meus afazeres, meu envolvimento era com a igreja. Desde pequena, aprendi com meus pais que primeiro é Deus, depois a família e, por último, o trabalho ou missão. No entanto, para mim, primeiro é Deus e depois a missão, porque a família está envolvida na missão.

Infelizmente, com o passar do tempo, comecei a desanimar na fé por ver a falta de interesse dos que estavam ao meu redor. Sou muito sonhadora, e ver que as coisas de Deus não aconteciam da forma como desejava, frustrava-me. Comecei a abandonar meus cargos eclesiásticos, meu casamento acabou e fui ficando cada vez mais longe de Cristo até chegar no fundo do poço.

As pessoas falam que recomeçam do zero, eu costumo dizer que recomecei do -0. Depois de algum tempo, encontrei um amigo que hoje é o meu marido. Resolvemos ir morar juntos, mas ele não gostava da Igreja Adventista - e muito menos da possibilidade de eu voltar à igreja. De uma maneira milagrosa, comecei a sentir falta de quem eu realmente era. Imagina alguém que sabia da verdade e estava fazendo tudo errado? A situação em que vivíamos me incomodava. Então, falei para o Marcelo que eu precisava voltar aos pés de Cristo. Com isso, ele começou a querer me levar para outras igrejas e tentava me convencer, mas era inútil, pois eu sabia em que eu cria.

Então, disse ao Marcelo que eu precisava receber um Estudo Bíblico por causa do tempo que fiquei longe de Jesus e o convidei para participar comigo. Ele aceitou, mas com a condição que não o chamasse para nenhuma atividade da Igreja. Os milagres continuaram a acontecer e dois anos depois começamos a colher os frutos. No dia oito de setembro de 2008, meu esposo se entregou a Jesus e eu me rebatizei. Voltei a ajudar com mais força no Clube de Desbravadores, nos eventos, nos evangelismos. Em 2010, comecei a atuar como líder de jovens e me tornei uma grande apaixonada pelo meu trabalho com esse público.

Ana Paula e sua família servem a Igreja Adventista em todos os projetos para jovens.

Ana Paula e sua família servem a Igreja Adventista em todos os projetos para jovens.

ASN: Quais foram as principais mudanças na sua vida espiritual?

Ana: Depois que comecei a trabalhar com os jovens, a minha vida mudou completamente. Amadureci e entendi que para se envolver na missão eu tenho que olhar para dentro de mim e me comprometer. Continuo necessitando da misericórdia de Deus diariamente, pois o inimigo tenta me desanimar e, às vezes, ele quase consegue. Mas tem um texto da Ellen G. White que me ajuda muito e compartilho com vocês: “A esperança da Vida Eterna não deve ser sustentada por fundamentos frágeis. É um assunto que deve ser alicerçado entre Deus e você, consolidando para Eternidade. Ter esperança, e nada além disso, o levará a ruína. Sua vitória ou sua queda depende da palavra de Deus, portanto, é nessa Palavra que você deve ter respaldo. Nela, você pode ver qual é a exigência para que se torne cristão. Não tire a armadura nem abandone o campo de batalha, até que tenha obtido a vitória e triunfe em seu Redentor.” (Testemunhos para igreja v.1, p.163.164). Por amar a Jesus, preciso fazer algo não para satisfazer a minha vontade, mas a Dele.

 

ASN: Ana, você tem evangelizado muitas pessoas nas redes sociais. Conte como isso acontece e quais são seus objetivos.

Ana: Tenho algumas páginas no Facebook em que evangelizo milhares de pessoas. São elas: Coisas da Ana; Liderança Jovem; Amigos, presente de Deus; Aprendendo com Lutas - Vencendo Fraquezas; Deus, Onipotente, Onisciente e Onipresente; Diário de um Calebe. Meu hobbie preferido é cuidar dessas páginas e publicar mensagens bíblicas que animam e motivam.

 

ASN: Conte-nos como foi o processo para ser escolhida para a Maratona da Tocha Olímpica.

Ana: Meu marido, Marcelo, incentivou-me muito a fazer a inscrição para levar a Tocha Olímpica. Mas o que eu iria escreveria? Não sou atleta, não pratico esporte e, mesmo assim, o Marcelo ficou insistindo. Então, em uma manhã acordei e algo me dizia para me inscrever. A sensação foi tão forte que fui direto para o computador. Ao entrar no site, havia três patrocinadores oficiais: Bradesco, Nissan e Coca-Cola. Tentei enviar a minha história para o Bradesco e Nissan, mas eles aceitavam apenas histórias de ex-atletas e pessoas indicadas por outros. Portanto, só me sobrou a Coca-Cola com a proposta: “Escreva aqui por que você vale ouro”.

Desliguei tudo e quando meu marido chegou em casa falei pra ele que tinha tentando, mas que não seria possível. Expliquei que só a Coca-Cola poderia aceitar minha história, só que eu precisava de uma que valesse ouro. Meu esposo brincou e disse: “Você vale ouro, e muito ouro”. Dei risada. Claro que meu marido falaria isso. No entanto, ele explicou que eu era a marca do Ministério Jovem e que isso valia ouro. Depois de tanta insistência, na mesma noite entrei no site, orei e escrevi em poucas palavras o que o Ministério Jovem, Clubes de Aventureiros e Desbravadores, Missão Calebe e Clube de Jovens fazem na comunidade. Resumi tudo em uma única frase: salvar e servir.

Sem expectativa, recebi a seguinte ligação da Coca-Cola: “Parabéns, você vale ouro. Você foi indicada pela Coca-Cola para conduzir a Tocha Olímpica Rio 2016, que vai passar pelos quatros cantos do país.”

Achei que fosse trote, mas depois confirmei a informação. Havia sido selecionada, mas faltava o Comitê Olímpico aprovar. Por causa da demora do retorno, achei que não fosse dar certo.

No dia 13 de dezembro de 2015 recebi uma carta com 4 botons de brindes da Coca-Cola. Fiquei radiante, mas ainda era uma pré-selecionada. Mais algumas semanas depois, a Coca-Cola me adicionou no WhatsApp (aplicativo de mensagens instantâneas) sem ainda ter sido selecionada, de fato.

Finalmente, no dia 15 de março de 2016 recebi um e-mail do Comitê Olímpico anunciando que eu e mais 12 mil brasileiros iríamos conduzir a Tocha Olímpica pelo Brasil. Esse dia foi uma explosão de choro, emoção e felicidade. Meu coração estava grato ao Senhor.

 

ASN: O que essa oportunidade significa para você?

Ana: Minha vida sempre foi muito difícil, tudo que realizamos hoje é com muita insistência. Sofremos com críticas e por vezes nos sentimos derrotados. Quando me inscrevi, a única coisa que pensava era se estava no caminho certo. Se fosse para honrar e glorificar o nome de Deus, então eu iria. Conduzir a Tocha Olímpica para mim é anunciar que somos jovens de valor, mensageiros do Senhor para levar a todo mundo a Salvação. Tenho certeza que de alguma maneira muitos vão conhecer a Cristo. Sei que não sou merecedora e que muitas outras pessoas poderiam estar ali e representar muito melhor que eu. Deus me escolheu, não porque sou melhor, mas porque Ele quer me ensinar mais uma vez que a batalha continua e por mais fracos que somos, Ele estende Sua mão e diz: “Vai filha, estou com você.”

Às vezes, sinto um pouquinho de medo, pois é uma grande responsabilidade. A Tocha Olímpica é um marco para os Jogos Olímpicos, mas para mim é um marco na minha vida. Estou com o coração a mil. É uma mistura de emoção, alegria, trabalho, missão e gratidão.

 

ASN: No contexto social, como você pretende aplicar essa experiência?

Ana: Quero motivar e incentivar as pessoas sobre a importância de realizar serviços sociais como doação de sangue, doação de alimentos, roupas, etc. Sobretudo, saliento que a razão de tudo isso é apresentar Jesus como o Salvador. Não posso perder a oportunidade de falar sobre o amor de Deus. Estou à disposição para levar onde for a chama da Esperança. [Equipe ASN, Jhenifer Costa]