Adolescentes deixam frutas e consomem mais refrigerantes
Mais de 80% dos entrevistados consomem sódio acima dos limites máximos recomendados, além de ingerir refrigerantes em grande quantidade
Brasília, DF … [ASN] Pesquisa recente feita pelo Ministério da Saúde revela que, entre os 20 alimentos mais consumidos pelos adolescentes brasileiros, o refrigerante está entre os seis primeiros. As frutas sequer aparecem na lista, e as hortaliças estão bem atrás da bebida. Os dados fazem parte do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes feito em parceria pelo ministério e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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De acordo com a análise, há um índice de 8,4% de obesidade entre meninos e meninas de 12 a 17 anos. Para tentar reverter essa situação o ministro da Saúde Ricardo Barros assinou documento que traz as diretrizes para promoção da alimentação saudável nas unidades da pasta em todo o país. A ideia é estender as regras a todos os órgãos da administração federal direta e introduzir a iniciativa nas escolas públicas e privadas.
“Precisamos reduzir as causas e os danos por comportamentos de riscos, como sedentarismo e uma alimentação rica em sódio e açúcar, que levam a doenças como obesidade e hipertensão”, destacou.
O estudo reuniu dados de cerca de 75 mil estudantes de 12 a 17 anos, alunos de instituições públicas e privadas. Foi verificado que a dieta dos adolescentes brasileiros é caracterizada pelo consumo de alimentos tradicionais, como arroz (82%) e feijão (68%), e ingestão elevada de bebidas com açúcar (56%) e alimentos ultraprocessados, como refrigerantes (45%), salgados fritos e assados (21,88%). O padrão está associado a falta da ingestão de cálcio, vitaminas A e E e ao consumo excessivo de açúcar. Mais de 80% dos entrevistados consomem sódio acima dos limites máximos recomendados de 5 gramas por dia.
A pesquisa revelou ainda que 56,6% dos adolescentes fazem refeições quase sempre em frente à televisão e 39% afirmaram consumir petiscos em frente às telas. Além disso, 21,9% dos adolescentes afirmaram que nunca tomam café da manhã.
O nutricionista Ricardo Vargas lembra que os adolescentes não possuem autonomia financeira e que reproduzem muitos hábitos alimentares dos pais. Ele também critica a falta de empenho do governo brasileiro para promover mudança dos padrões comportamental dos adolescentes. “Investir nessa classe é evitar o avanço de doenças metabólicas como a obesidade e diabetes”, destaca.
Para Vargas, a mídia também tem um papel importante na construção dos hábitos alimentares, por isso precisa restringir a propaganda de produtos industrializados e ultraprocessados. Ele alerta ainda que o “aumento do peso médio da população adolescente é reflexo do padrão alimentar inadequado gerando maior risco de desnutrição, caracterizada por carências nutricionais”. [Equipe ASN, da redação]