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Principal desafio da Educação Adventista é manter sua identidade

Diretor associado do departamento para todo o mundo também destaca contribuição sul-americana para a formação de novos missionários.


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Com atuação em diversas instâncias da Educação Adventista, líder destaca maturidade e contribuição da rede educacional na América do Sul (Fotos: Cárolyn Azo)

Brasília, DF… [ASN] Com mais de sete mil instituições educacionais, mais de 95 mil docentes e com 1.864.352 estudantes, a Educação Adventista a nível mundial apresentou algumas metas para este quinquênio (2015-2020). Entre elas estão o fortalecimento da identidade e da missão da rede, aumentar o acesso a mais estudantes e melhorar a formação dos docentes. Para esclarecer mais sobre o assunto, a Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN) conversou com Julian Melgosa, doutor em Psicologia Educativa e diretor associado de Educação da Igreja Adventista para todo o mundo.

Agência Adventista Sul-Americana de Noticias (ASN): Quais são os maiores desafios da Educação Adventista em todo o mundo todo?

Julian Melgosa: Os desafios se ajustam a diferentes localidades. Até mesmo em cada Divisão (sede administrativa responsável por determinada área geográfica) há desafios pertinentes a localidades ou a instituições. Não obstante, há desafios gerais, que praticamente estão presentes em todas as regiões. Um deles e o maior, no mundo todo, é manter a identidade adventista em cada uma das instituições, qualquer que seja o nível.

Outros dois grandes desafios dizem respeito ao corpo docente – a meta é que sejam membros da Igreja Adventista. Em muitos lugares, há professores que são adventistas nominais, que não compartilham de forma cabal, embora não sejam beligerantes, desse conceito de ensino como ministério, em alguns campos no mundo. Esse é também outro desafio.

Outro desafio e que está setorizado é a manutenção da qualidade do ensino. A qualidade da Educação Adventista sempre foi um dos desafios. Ela nem sempre ocorre em situações onde, por exemplo, as autoridades educacionais locais, os governos ou as agências acreditadoras não pertencentes à Igreja reconhecem um programa de suficiente qualidade. Porém, diante dos critérios e dos padrões da Igreja Adventista, ainda é necessário adquirir qualidade. E esse é outro desafio que não ocorre em determinadas localidades, mas em outros sim. Felizmente, na América do Sul, o equilíbrio é muito grande. Tanto no que diz respeito à qualidade educacional quanto na identidade adventista refletida na missão da Igreja. É um privilégio ter a Divisão Sul-Americana (sede sul-americana adventista) que pode ser uma inspiração, exemplo, e orientação para outras regiões, traduzindo o contexto.

ASN: Uma tendência da educação no mundo é a modalidade à distância. Ela também deve ser adotada pela Rede?

JM: Sem dúvida. Observa-se que, nos últimos anos, a expansão da educação à distância, de forma natural, está crescendo. Sem dúvida, a educação é entendida como algo que deve alcançar a população em geral, não apenas os privilegiados e, é claro, essa é uma oportunidade para a Igreja Adventista. Felizmente, nossos líderes que ocupam postos de responsabilidade tiveram essa visão e, praticamente, em todas as Divisões mundiais está sendo promovida a educação à distância. Um exemplo é a Divisão Sul-Americana, onde, não apenas em situação isolada, mas em nível corporativo, se está investindo nesse âmbito de forma tal que o crescimento da educação à distância é consideravelmente superior ao crescimento da educação presencial. Observa-se de imediato que, no futuro, poderá ser a única oportunidade de alcançar um número suficiente, pelo menos, significativamente superior ao número atual.

ASN: Quais são as metas de crescimento em nível mundial?

JM: À medida do crescimento dos membros, devemos entender que, de forma natural, o âmbito educacional também deve crescer. Então, à medida que uma pessoa é servida espiritualmente, também é servida do ponto de vista educacional. Sem dúvida, o crescimento da Igreja não está em paralelo com o crescimento da educação. A Igreja cresce mais rápido do que o âmbito educacional. Mas aí está a parte do desafio, do espírito de seguir investindo e oferendo atenção suficiente no âmbito educacional, porque a educação é o futuro da Igreja. Se não houver uma educação forte, não haverá uma Igreja forte.

Ainda poderão ser feitos grandes esforços para o crescimento da Igreja, mas que não se sustenta sem uma obra educacional adequada, em que os jovens são ajudados a crescerem no entendimento das características e da missão da dela. E, assim, é muito provável que os membros poderão ir se perdendo com o tempo. Isso porque não há essa fortaleza, essa base. Daí a grande importância da Educação Adventista com relação à nossa Igreja.

ASN: Qual a importância da Educação Adventista em nossos dias?

JM: A Educação Adventista, historicamente, era um corpo de sistema curricular, do ponto de vista da filosofia. A educação foi muito progressista, desde seu início. As pessoas não conseguem entender certos princípios que existiam 100, 120 anos atrás, e que a tendência da educação, em geral, não seguia esses princípios. Somente alguns especialistas vislumbravam algumas dessas ideias avançadas no passado. Estamos falando do século 19 e início do século 20. Nós cremos que a validade desses princípios tem que ver com a inspiração, por parte do Espírito Santo, mesmo nos escritos de Ellen White, quanto à educação. Ela tem muitos escritos que tocam princípios educacionais. Então, o que por décadas no passado foram princípios de grande valor, na Educação Adventista eles começam a ser implementados de forma mais ampla.

Há alguns sistemas que no número e recursos são superiores aos da Igreja Adventista, como por exemplo, quando visitamos esses locais de ensino e vemos que estão repletos de edifícios e de laboratórios e que têm salas de aula avançadas, no que diz respeito à tecnologia, mas que foram edificados uns junto aos outros. Não há árvores, não há gramado, não há flores – e então vemos que esse toque é importante, ou seja, que falta o tema estético da educação. Todos esses são exemplos de como a Educação Adventista é progressista há muitas décadas. E outros sistemas olham para nós em busca de inspiração para seus planos. Assim sendo, creio que a rede é muito atual e muito necessária à sociedade atual.

ASN: Como a Educação Adventista mundial tem visto o envolvimento das instituições brasileiras de ensino superior na formação de novos missionários? De que maneira isso ajuda a fortalecer a missão da Igreja?

JM: Tenho observado que o papel da Divisão Sul-Americana, nos últimos 25 anos, tem avançado de forma muito significativa no campo mundial. Historicamente, os missionários vieram para a América do Sul para trazer a mensagem adventista, e isso ocorreu por várias décadas. Então chegou o tempo quando a Divisão Sul-Americana teve crescimento espetacular. Recentemente, o número de representantes da Divisão Sul-Americana cresceu de forma notável no mundo inteiro. Assim sendo, hoje, em várias Divisões, há funções na missão que estão sendo ocupadas por obreiros sul-americanos. Especialmente obreiros qualificados. Obreiros que são médicos, engenheiros, que são especialistas em algum âmbito do saber e do ensino, da arqueologia, da teologia. Tenho observado que esse número foi crescendo e a oportunidade para os missionários da América do Sul devolverem o favor recebido décadas atrás é muito atual. Devido ao desenvolvimento existente hoje nesta região, não se pode dizer outra coisa além de que no futuro o serviço do obreiro sul-americano, no restante do mundo, deverá aumentar. [Equipe ASN, Cárolyn Azo]