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Coluna | Wilson Borba

O Cordeiro de Deus

A morte do cordeiro nos tempos do Antigo Testamento é um ensinamento forte sobre o papel de Jesus como nosso Salvador


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"Não pode haver adoração verdadeira sem o Cordeiro". Foto: Shutterstock

Aprecio a maneira como professores usam símbolos a fim de ensinar seus alunos. Um desenho, uma marca, um sinal e até objetos se tornam representações de realidades superiores. Logo após a entrada do pecado neste planeta, Deus instituiu o sacrifício de cordeiros para ensinar e simbolizar a morte do Seu Filho em favor dos pecadores (Gênesis 3:21). Logo, Jesus Cristo é o “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Apocalipse 13:8).

Na história de Caim e Abel, vemos o início de duas classes distintas e divergentes: os que creem no Cordeiro, e os que O rejeitam. Não havia desculpas para Caim ofertar produtos da terra, pois não representavam o Cordeiro, nem o Seu sacrifício futuro. Por sua vez, Abel ofereceu em sacrifício um primogênito das ovelhas recebendo aprovação pelo testemunho da sua fé (Gênesis 4:4; Hebreus 11:4). Aonde o patriarca Abraão ia, ali ele levantava altares (Gênesis 12:8; 13:4), testificando que não pode haver adoração verdadeira sem o Cordeiro. Como escolhido para ser o pai dos que creem no Cordeiro, Abraão deveria ser provado, a fim de servir de exemplo aos fiéis (Gênesis 22:1; Romanos 4:11). “Então disse Deus: Toma o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto”(Gênesis 22:2).

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Exigências de sacrifícios humanos eram comuns nas religiões pagãs de Canaã, mas, em se tratando do Deus de Abraão, era uma ordem inimaginável. Com o coração esmagado, e sem revelar nada a Sara, o patriarca obedece à estranha ordem. Como a promessa da aliança e da imensa descendência se cumpriria sem Isaque? (Gênesis 17:7, 19). “Abraão julgou que Deus era poderoso para, até dentre os mortos, o ressuscitar, e daí também em figura o recobrou” (Hebreus 11:19). Assim, “disse Abraão aos seus servos: Ficai-vos aqui com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos a vós” (Gênesis 22:5). Que fé!

“Então falou Isaque a Abraão: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (vs. 7). Nossos filhos precisam saber que o Cordeiro é o centro do culto e da adoração. “Respondeu Abraão: Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois seguiam juntos”(vs. 8). Abraão não entende, mas, pela fé, obedece. Era um fiel amigo de Deus (Tiago 2:23). “Obedecer é melhor que sacrificar e atender melhor é do que a gordura dos carneiros” (1 Samuel 15:22). Com o mesmo espírito, Isaque aceita a terrível parte que lhe cabia. Abraão ergue o cutelo para o imolar, mas Deus o impede. “Então levantou Abraão os olhos e olhou, e viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos” (Gênesis 22:13).

Por que se fala em cordeiro e depois em carneiro? A Bíblia não diz o porquê. O carneiro é o animal macho adulto, e o cordeiro é o animal macho jovem, com até um ano de idade. Ambos representam o Salvador, e o seu uso intercambiável parece indicar a providência contínua do sacrifício de Cristo. Como representante do Cordeiro e pai dos fiéis, Abraão devia compreender o evangelho (Gálatas 3:8). “Foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho” (Gênesis 22:13). Foi um sacrifício substitutivo! Disse Jesus: “vosso pai Abraão exultou por ver o meu dia; viu-o e alegrou-se” (João 8:56).

Graças ao sangue do cordeiro, também os primogênitos dos israelitas foram salvos no Egito (Êxodo 12: 5-13). O cordeiro pascoal representava Cristo (1 Coríntios 5:7), que morreu para nos redimir da escravidão do pecado. O profeta Isaías, igualmente, profetizou sobre o sacrifício vicário do Messias (Isaías 53:2-10). Esta verdade foi ensinada no ritual do Santuário (Êxodo 25:8; Levítico 3:7, 8). Como tipos e figuras, aqueles sacrifícios apontavam para Cristo e Seu supremo sacrifício na cruz. João Batista identificou a Jesus como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

Quando, na cruz, Cristo clamou “está consumado”, indicou que o grande sacrifício fora realizado e não mais era necessário a morte dos cordeiros que o prefiguravam, pois o caminho para o Céu fora definitivamente aberto (Mateus 27:51; Hebreus 9:1-12). O Novo Testamento declara que a morte de Cristo cumpriu as profecias do Antigo Testamento referentes ao sacrifício do Messias como Cordeiro (Atos 8:32-35; 1Pe 1:18; 2:24). No Apocalipse, Jesus é apresentado como o Cordeiro, e os seus verdadeiros adoradores como “os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai” (14:4). Neste capítulo, o mesmo grupo é descrito como aqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”(vs. 12). Seguir o Cordeiro para onde quer que vai implica em, pela fé, aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Esta fé resulta em fiel obediência aos mandamentos de Deus. Após a segunda vinda de Cristo, os vencedores no grande conflito entre o bem e o mal cantarão o cântico do Cordeiro (15:3), e participarão no Céu da Ceia das bodas do Cordeiro (19:7-9).

Eu quero estar lá, e você? Preparemo-nos!

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Wilson Borba

Wilson Borba

Sola Scriptura

As doutrinas bíblicas explicadas de uma forma simples e prática para o viver cristão.

Bacharel em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus São Paulo. Possui mestrado e doutorado na mesma área pelo Unasp, campus Engenheiro Coelho. Possui um mestrado em Sagrada Escritura e outro doutorado em Teologia pela Universidade Peruana Unión (UPeU). Ao longo de seu ministério foi pastor distrital, diretor de departamentos, professor e diretor de seminários de Teologia da Igreja Adventista na América do Sul.