Voluntários abrem 60 novas igrejas em Minas
Belo Horizonte, MG… [ASN] A jornada de trabalho de Jaci Fernandes é dupla: ele é jardineiro e também segurança de um restaurante em Nova Lima (MG). Mesmo com a agenda apertada, Jaci decidiu se empenhar para realizar um sonho: abrir um templo adventis...
Belo Horizonte, MG… [ASN] A jornada de trabalho de Jaci Fernandes é dupla: ele é jardineiro e também segurança de um restaurante em Nova Lima (MG). Mesmo com a agenda apertada, Jaci decidiu se empenhar para realizar um sonho: abrir um templo adventista no bairro Jardim Canadá, também em Nova Lima. “Este bairro é muito grande e percebemos que o salão da outra igreja estava ficando pequeno. Algumas pessoas, aos sábados, assistiam ao culto em pé ou até mesmo do lado de fora”, explica Fernandes. A igreja que Jaci dirige faz parte do projeto Pioneiros para um Novo Tempo. A iniciativa mobiliza fieis que têm o sonho de abrir um templo em localidades onde ainda não há presença adventista. O objetivo é formar 60 novas igrejas na região central de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro, uma para cada ano de existência da associação.
Os fieis que aceitam o desafio, são chamados de pioneiros. Cada pioneiro recebe um kit para estruturar a igreja contendo cadeiras, púlpito, placa, caixa som, notebook, vídeo projetor, microfone, Bíblias, além de um auxílio para custear o aluguel do local onde a congregação vai se reunir. “A gente não tinha condições financeiras, mas quando soubemos da proposta da Associação Mineira Central de abrir 60 novas igrejas, vimos uma oportunidade”, comenta Jaci, que, apesar de ter visto o sonho se tornar realidade em abril de 2015, ainda não está satisfeito. “Não pretendo parar por aqui. Depois que esta igreja estiver estabilizada, nós temos o sonho de ir para outros lugares onde não tem a presença adventista para estar ali também plantando uma nova congregação”, afirma.
Com motivação semelhante a de Jaci, outros voluntários abriram templos este ano dentro do projeto. 25 novas igrejas já foram inauguradas. Uma delas foi aberta em setembro, no bairro Vitória, em Belo Horizonte. Aproximadamente 150 pessoas participaram da inauguração, entre elas moradores da comunidade que estudam a Bíblia com a TV Novo Tempo. De acordo com o pastor José Marcos de Oliveira, presidente da Igreja Adventista para a região, o membro adventista que tem o sonho de participar da iniciativa deve entrar em contato com o pastor local. “Estamos estendendo [o projeto] também até 2016, para que ninguém faça nada de maneira atropelada, mas que faça com bastante critério porque nós queremos que nasçam novas igrejas, mas que sejam igrejas fortes e que venham para realmente ficar nesses novos lugares”, explica o pastor Oliveira.
Localidades que receberam novas congregações: Assista à reportagem especial sobre a iniciativa : [youtube http://www.youtube.com/watch?v=dk3B_VEBjR8]
Projeto tem como base a expansão adventista da década de 1960
O teólogo norte-americano Peter Wagner declara no livro Estratégias para o Crescimento da Igreja que o aumento no número de membros está diretamente relacionado ao surgimento de novos templos. “Toda denominação que demonstra aumento de membros, relata aumento no número de congregações. Toda denominação que mostra uma diminuição do número de membros, também relata uma diminuição de congregações. Toda denominação que registra uma queda de congregações, também registra uma queda no número de membros”, afirma o autor em seu livro.
O desenvolvimento da Igreja Adventista em Belo Horizonte, especificamente na segunda metade da década de 1960 e nos anos seguintes, comprova esta afirmação. Enquanto a capital mineira crescia em todas as direções, a Igreja Adventista viveu um período vibrante no aspecto missionário que resultou no plantio de novas congregações.
O pastor Gaspar Fróes recorda que no início da década de 1960 havia, em Belo Horizonte, apenas três igrejas: Concórdia, Central (atual Bias Fortes) e Progresso. Mas a realidade começou a mudar quando novos templos foram abertos por meio da ação de voluntários.“O pastor Evaldo Schlemper pediu que todos os líderes da Igreja Central, atual Bias Fortes, se despedissem e fossem para os bairros”, recorda ele. Com isso surgiram novas congregações nos bairros: Santa Efigênia, Alto Vera Cruz, Santa Inês, bairro São Paulo, Venda Nova e Santa Maria. “Assim, a igreja começou a crescer de maneira assustadora em toda a Grande Belo Horizonte”, afirma o pastor Fróes.
O aposentado Matuzalém Souza foi um dos líderes que se despediram da igreja, a pedido do pastor Schlemper, e junto a um grupo de fieis abriu um ponto de pregação no bairro São Paulo. “Nos reuníamos todos os sábados à tarde, numa residência”, recorda o aposentado. O ponto de pregação cresceu e deu origem à Igreja Adventista que hoje existe na região. “Essa iniciativa do pastor Schlemper foi fundamental para a Igreja crescer na região”, afirma Souza.
De acordo com o pastor Antônio Pires, doutor em Teologia Aplicada, a abertura de templos foi a ferramenta mais eficaz utilizada no período, pois além de gerar crescimento numérico, também produziu nos membros senso de missão. “Aquilo que hoje os especialistas em crescimento de igreja dizem, que o método mais eficiente para o crescimento é plantar novas igrejas, estava acontecendo [naquela década] em Belo Horizonte. Logo depois que isso aconteceu, Belo Horizonte começou a contribuir com a evangelização de outras cidades”, explica o pastor Pires. [Equipe ASN, Fernanda Beatriz]